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Projeto de ovos do Colégio Politécnico que auxilia na renda de produtores familiares e no aprendizado dos alunos teve funcionamento ininterrupto nas férias



Nos últimos anos, os ovos de galinhas livres de gaiola têm ganhado popularidade, o público se concentra entre os consumidores preocupados com a qualidade dos alimentos e com o bem-estar animal. Esses ovos são produzidos por galinhas que vivem em ambientes adequados e com espaço suficiente para que possam expressar os seus comportamentos naturais, o que resulta também em uma melhora na qualidade do ovo. O Projeto de Produção de Ovos da Região Central do Rio Grande do Sul está dentro desta linha de pensamento e, para que ele não parasse de processar ovos nas férias, as bolsistas da iniciativa trabalharam no entreposto também neste período.

Foto: Acervo do Projeto

A criação de galinhas em gaiolas é um método intensivo de produção de ovos que tem sido criticado por ativistas de direitos dos animais e por cientistas preocupados com o impacto negativo na saúde das aves, uma vez que, a ciência já comprovou que esses animais, são capazes perceber o meio, sentir e ter emoções. Quando presas, as galinhas não têm espaço suficiente para se movimentar livremente, se esticar, ciscar ou se empoleirar, além de não terem acesso a luz natural e ao ar fresco. Isso faz com que as aves acabem por desenvolver comportamentos anormais, como a bicagem e até mesmo o canibalismo. Além disso, segundo o professor de Administração Rural e Projetos e coordenador do projeto, Róberson Oliveira, até mesmo o simples ato de bater de suas asas, que ocorre em determinados intervalos de tempo ao longo do dia, não é possível em gaiolas industriais, o que pode resultar em aves com ossos mais fracos, quando comparado aquelas livres de gaiolas.

Por outro lado, as galinhas criadas em ambientes livres de gaiolas têm uma qualidade de vida melhor, o que reflete na qualidade dos ovos que produzem. As aves são alimentadas com ração balanceada, têm acesso a água limpa e têm a garantia de manifestar seus hábitos naturais. O resultado é um ovo que apresenta comprovadamente alta concentração de vitamina D, maior teor de proteínas, duas vezes mais vitamina E, duas vezes mais Ômega 3, 38% mais vitamina A, 15% mais energia vital, maior resistência à penetração de salmonella e têm a cor marcante da gema, além do sabor ser considerado mais agradável.

O professor de Extensão Rural e parceiro do projeto, Gustavo Pinto, afirma que os ovos de galinhas livres de gaiola também têm um impacto positivo no meio ambiente. A criação de galinhas em gaiolas exige um grande uso de recursos naturais, como água e energia, além de produzir uma grande quantidade de resíduos e poluentes. Já a criação de galinhas em ambientes livres é um método mais sustentável, que permite a diferenciação do solo e a conservação da biodiversidade.

No entanto, é importante destacar que nem todos os ovos rotulados como “livres de gaiola” são produzidos da mesma forma. É fundamental escolher ovos de produções que garantam a qualidade da criação das galinhas e a segurança alimentar dos ovos produzidos. Consumir ovos que estejam vinculados a projetos como o “Ovos Coloniais de Galinhas Livres de Gaiolas” significa apoiar produtores locais e preferir por alimentos mais saudáveis e respeitosos.

O projeto

A ideia do projeto surgiu a partir de uma demanda local. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Santa Maria, consome-se em média 10.000 toneladas de ovos no município por ano, das quais quase 9.000 não são produzidas na região. Boa parte dos ovos que fazem parte da mesa dos santa-marienses vêm de locais com mais de 250 km de distância da cidade, inclusive de fora do Rio Grande do Sul. Para além disso, esses ovos, em sua maioria, são produzidos em granjas industriais, que utilizam insumos e técnicas industriais e criação dos animais em gaiolas para intensificar a produção. O objetivo é que a galinha produza sempre mais, o que faz com que ela acabe por ficar restrita a um pequeno espaço e desconfortável. Nesse sentido, ao preocupar-se com toda essa situação e com a necessidade de geração de renda para os produtores locais, com apoio da Prefeitura Municipal de Santa Maria e por meio do Serviço de Inspeção Municipal, o projeto veio a ser realizado.

 

Nos últimos 3 anos, o projeto tem buscado incentivar e desenvolver a avicultura colonial, ao apoiar novos produtores, com aspectos técnicos da produção, questões de regulamentação que estão em torno das atividades e, ainda, por meio do Entreposto de Ovos do Colégio Politécnico da UFSM. Este local é onde são processadas as produções de cinco avicultores. Desde o início do projeto, beneficiou cerca de 60 mil dúzias de ovos, e criou redes entre instituições e parceiros, que procuram fomentar a produção local de ovos de galinhas livres de gaiolas. A iniciativa se destaca pela ênfase no desenvolvimento regional, por parcerias importantes para a inserção do produto no mercado e busca a consolidação destas atividades como uma alternativa de diversificação de renda para pequenos agricultores. Ao ter em mente a desconstrução da ideia de ovos vendidos exclusivamente em supermercados, o projeto dos ovos tem feito sua caminhada até aqui com apoio de outro projeto da UFSM – a PoliFeira do Agricultor. 

Do ponto de vista educacional

A estudante do Técnico em Zootecnia, Dieinycris Fachini Tassinari, afirma que, em sua opinião, o projeto além de ajudar os pequenos produtores, visa uma produção sustentável que se preocupa com o bem-estar animal e com a saúde da galinha, que consegue expressar todo seu comportamento natural, diferentemente das criações convencionais em gaiolas. E, ainda, garante um produto de maior qualidade, que gera renda e fortalece a produção familiar. Sobre os produtores, Dieinycris reflete que eles teriam mais dificuldades sem o projeto, porque a iniciativa recebe a produção e deixa ela pronta para comercialização e, também, auxilia com informações e assistência técnica proveniente de alunos e professores do Colégio Politécnico e da Universidade Federal de Santa Maria. Ela, como estudante, acredita que foi possível fazer uma relação entre o projeto e os conteúdos teóricos estudados em aula, colocar em prática e complementar o aprendizado. Já na perspectiva não apenas do desenvolvimento acadêmico, ela cita que conseguir trabalhar com profissionais de diferentes cursos e graus de instrução foi muito vantajoso para suas habilidades pessoais.

A aluna do Técnico em Zootecnia, Ellen Dalanora, conta que, em seu ponto de vista, o projeto ajuda aqueles produtores que ainda não têm condições de ter sua própria casa do ovo e os incentiva a não desistir do ramo. “Além disso, sabemos que vem crescendo, cada vez mais, a procura, por parte dos consumidores, pela qualidade dos ovos e por produtos que preservem o bem-estar animal, fatores incentivados pelo projeto”, complementa. Para ela, o fato de precisar de uma inspeção sanitária e de uma regularização para os ovos é a maior dificuldade para os produtores familiares. Ela cita que o projeto faz com que os alunos bolsistas tenham contato direto com o produtor e isso os prepara para o mercado de trabalho, como melhores profissionais. E, ao compreender a realidade dos produtos, é mais fácil fazer a relação técnico – produtor. “O conhecimento sempre é bem vindo e quando estamos frente a frente com o produtor conseguimos aprender com as experiências e relatos deles”, declara.

A também estudante do Técnico em Zootecnia, Nycole Trindade Gomes, concorda que o principal fator que diferencia o projeto é o cuidado com o bem-estar animal e o incentivo dado aos produtores. Ela comenta que a iniciativa está sempre disposta a ajudar ou a dar consultoria através das visitas, além de unir os alunos bolsistas e os professores, o que possibilita maiores conhecimentos. Para ela, é benéfico ver na prática como funciona esse tipo de criação, que respeita as 5 liberdades do bem-estar animal e incentiva o aprendizado sobre o que precisa ser melhorado ou aplicado em cada propriedade, ao participar de cada etapa e respeitar a demanda de cada propriedade e as escolhas do produtor. “Acho que isso, dentro do projeto, é uma das coisas que mais ajuda o aluno a aprender e ver na prática como tudo funciona antes de passar pelo entreposto”, acrescenta. Na questão de auxílio aos produtores, Nycole afirma que em sua visão a iniciativa traz benefícios ao estar inserida dentro de uma instituição de ensino de alta qualidade como a Universidade Federal de Santa Maria, e conta com professores que se dedicam e dão oportunidades para pequenos produtores, o que ajuda a crescer e expandir a produção local. Nycole argumenta que estar em contato com quem produz e com a matéria prima a ajuda compreender melhor os objetos de estudo de seu curso e a prepara para o mercado de trabalho.

As cinco liberdades

Livre de fome e sede

Livre de desconforto

Livre de dor, ferimento e doença

Liberdade de expressar o comportamento normal

Livre de medo e angústia

Em resumo, os ovos de galinhas livres de gaiola são uma opção mais saudável, saborosa e sustentável para os consumidores preocupados com a qualidade dos alimentos e o bem-estar animal. Com a escolha certa, é possível contribuir para um sistema alimentar mais justo e benéfico à natureza.

Texto: Júlia Petenon
Edição: Giuliana Seerig
Fotos: Julie Vescia

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