Ir para o conteúdo Politécnico Ir para o menu Politécnico Ir para a busca no site Politécnico Ir para o rodapé Politécnico
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Espaço de troca de saberes, sabores e sementes: agricultores da PoliFeira participam de visita em agrofloresta

Atividade contou com conversas e reflexões sobre cultura e alimentação



Com o objetivo de adquirir sementes de Palmeira Juçara e melhorar o potencial genético das matrizes da planta, o projeto PoliFeira do Agricultor realizou uma visita técnica no “Sítio da Palmeira Juçara”, no município de Vera Cruz (RS), no dia 25 de janeiro. A propriedade visitada foi a da engenheira agrônoma Lori Luci Brandt, que oportunizou, durante a atividade, a demonstração da colheita e da extração da polpa do fruto da árvore.

O que é a Juçara?

O fruto juçara se assemelha ao açaí e é produzido por uma espécie de palmeira diferente, conhecida como Palmeira Juçara, cultivada nas áreas litorâneas de Mata Atlântica, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Também conhecida como juçaí, a espécie apresenta uma pequena diferença na textura e mais nutrientes do que o açaí tradicional brasileiro, com até quatro vezes mais propriedades antioxidantes, 50% mais ferro e 30% mais antocianina. Sua árvore é mais conhecida por produzir um palmito comestível, razão pela qual está ameaçada de extinção.

Dedicação e estudo

Lori Luci Brandt, produtora de juçara, dedicou sua trajetória profissional e pessoal para a preservação da natureza e práticas agroecológicas, sempre em busca de mais conhecimento todos os dias. Para a engenheira, a alimentação é extremamente importante porque ensina sobre os lugares de onde vieram. “A comida tem história, cultura e é uma das maneiras que o povo expressa a sua sabedoria”, reflete.

Segundo Lori, poder contribuir com pessoas ligadas à educação, no intuito de compartilhar saberes com novos públicos sempre foi sua meta. Foi esse intuito que a animou a receber a visita dos agricultores integrantes da PoliFeira do Agricultor André Raddatz e Eliane da Silva Medeiros, do estudante do Curso Técnico em Fruticultura do Colégio Politécnico, Patrick Mayer, e do Técnico em Agropecuária e antigo colega de Lori, Mauro Cielo Rech.
Pesquisadores ao chegar na propriedade de Lori.

Quando Lori iniciou seus estudos na área da Agronomia, na década de 90, a agroecologia ainda era um tabu no ramo e suas práticas eram pouco ou nada comentadas. Para aprender sobre o assunto, a então aluna teve que buscar por outros meios. Atualmente, como profissional, ela enfatiza a importância do enfrentamento dos problemas climáticos causados pela falta de cuidado com a natureza, e afirma que a agricultura sintrópica ou agroflorestal oferece a possibilidade de recuperação de áreas degradadas, com a cobertura do solo a partir do manejo da biomassa das podas e com colheita de uma grande diversidade de alimentos ao longo do ano.

A produtora teve contato com a planta desde criança, quando seu pai mostrava a ela os palmiteiros. Seu interesse pelo estudo do cacho da palmeira juçara começou há 23 anos, durante seus estudos de mestrado. Em 2005, quando Lori mudou para o sítio da família, acreditou sozinha que o juçaí seria um dos alimentos do futuro. Em 2010, fundou o Centro de Estudos da Palmeira Juçara, depois da ocorrência de um grande desmatamento em sua propriedade, no qual centenas de exemplares da árvore foram derrubados com a mata para exploração ilegal da madeira.

Hoje, a propriedade de Lori e seus irmãos possui 24 hectares, dos quais 17 são de mata nativa preservada em estágio primário ou secundário avançado. Na mata preservada, se encontram em torno de 13 mil palmeiras juçara adultas em estágio de produção. A palmeira juçara é uma planta pioneira, que necessita de meia sombra, ideal para sistemas agroflorestais. No sítio, que desenvolve este tipo de sistema, também podem ser encontrados cultivos de goiaba serrana, jabuticaba, pitanga, banana do mato, ananás e cereja do rio grande. Lori comenta também sobre a necessidade de dispor no mínimo 20% da fruta da árvore para a fauna, porque ela alimenta em torno de 87 espécies de animais.

Ao olhar de fora

Com apoio da PoliFeira do Agricultor, a visita foi realizada no dia 25 de janeiro e organizada por Mauro Cielo Rech, integrante da equipe da feira. O intuito foi proporcionar novas experiências aos agricultores e outros interessados em sistemas agroflorestais.
Participante da PoliFeira, André Raddatz encontrou no cultivo um trabalho fantástico de preservação da mata nativa e em especial a Palmeira Juçara, por ser uma espécie em extinção no bioma brasileiro. “Fica difícil descrever tanta beleza, sou um apaixonado por Agrofloresta”, complementa. O produtor reflete sobre a necessidade de destacar o senso de preservação. Segundo ele, o roubo é um fato frequente já que muitas pessoas cortam a palmeira de propriedades alheias em busca do palmito.
O estudante de Fruticultura Patrick Mayer conta que a ida até Vera Cruz para conhecer o Sítio da Palmeira Juçara, em uma propriedade que apresenta uma agrofloresta consolidada, já com vários anos de implantação, foi muito interessante. Além de poder ver o potencial que existe no cultivo da árvore, principalmente ao considerar que é uma planta nativa e que produz um alimento muito saboroso e nutritivo. “É uma agrofloresta com grande quantidade de frutas nativas, em plena produção. O Sítio da Palmeira Juçara prova que é possível unir a preservação da Mata Atlântica e a produção de frutas, com finalidade comercial”, comenta.
A também participante da feira, Eliane da Silva Medeiros afirma que a experiência foi maravilhosa e que ficou encantada ao conhecer um sistema estruturado da forma como o de Lori. A agricultora afirma que ela e o colega André gostariam de, no futuro, iniciar a produção do juçaí, para ter um produto diferenciado na feira, mas que primeiramente são necessários testes para a adequação da planta no clima de suas propriedades. Ainda acrescenta que o lugar deveria ser mais utilizado pelas instituições de ensino como forma de aprendizado prático e teórico, pela possibilidade de agregar conhecimento ao público interessado.
O Técnico em Agropecuária Mauro Cielo Rech diz que o sítio foi um dos locais com a maior concentração de palmeira juçara que ele já conheceu. O que chamou sua atenção foi o consórcio de plantas dentro da propriedade.

A PoliFeira do Agricultor, promotora da visita, tem como uma das suas ações proporcionar a troca de informações entre alunos, agricultores, professores e demais integrantes da comunidade para desenvolvimento de um maior conhecimento sobre a área rural e a natureza do Brasil. Ao final desta visita, todos os convidados levaram sementes de Palmeira Juçara, além de um aprendizado adquirido pelo contato com o Sítio e as histórias e sabedorias que foram compartilhadas.

Texto: Júlia Petenon.
Edição: Giuliana Seerig.

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-405-6541

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes