Até o último domingo (5), 235 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul decretaram situação de emergência em razão da estiagem. Destes, 110 municípios já têm o decreto de emergência reconhecido pelo Governo Federal. Santa Maria, cidade em que a PoliFeira do Agricultor está localizada, se encontra dentro do número de locais que vêm sendo afetados pela seca, o que prejudica, também, a diversidade de frutas e hortaliças disponíveis nas bancas.
Para entender: a estiagem é um período prolongado de pouca ou nenhuma concentração de chuvas em determinada região, no qual a perda de umidade do solo é superior à sua reposição. Por isso, a disponibilidade de água, tanto para consumo, quanto para a agricultura, é menor, o que impossibilita a produção de alimentos em média ou grande escala. O Rio Grande do Sul tem enfrentado, atualmente, a estiagem mais severa em 4 anos. As perdas referentes a essa condição repercutem em todos os setores do agro gaúcho. Além da falta de água para a produção de alimentos, a escassez afeta, inclusive, os animais e o abastecimento de pessoas.
A situação da estiagem neste ano tem se agravado. Pelo interior dos municípios da Região Central do Rio Grande do Sul, onde se encontram os produtores da PoliFeira do Agricultor, são muitos os relatos de poços artesianos que secaram ou com capacidade reduzida de fornecer água aos agricultores. Até mesmo aqueles que não utilizam estas águas para a finalidade de irrigação tiverem suas produções prejudicadas em virtude da falta de água em córregos e arroios.
Além da seca, a onda de altas temperaturas dos últimos meses tem dificultado a vida dos agricultores. Os dois fatores juntos tornam inviável o plantio e o crescimento de determinadas culturas, que são sensíveis a essas condições, o que, por consequência, tem refletido na oferta de alimentos nas últimas semanas. Outra dificuldade encontrada nesta época do ano é que o clima favorece o aparecimento e a elevada reprodução de alguns insetos prejudiciais às culturas de plantio.
O impacto nos agricultores da PoliFeira
Na PoliFeira do Agricultor, os produtores afirmam que os fatores climáticos têm influenciado em suas produções. André Raddatz, participante do projeto, conta que a água que era utilizada para irrigação agora é destinada ao consumo da família. “Não faço mais irrigação. Com as altas temperaturas parei de plantar várias hortaliças como: alface, brócolis, repolho e beterraba”, reflete. Ele explica que, mesmo com a aguagem, as altas temperaturas queimam as mudas das plantas. E afirma que, para reparar os danos, tem migrado para outras culturas.
Jorge Fontana, produtor da PoliFeira, relata que neste ano a seca foi mais forte do que nos anos anteriores. Em sua propriedade, o açude secou e o produtor precisou parar de plantar os alimentos que costuma comercializar em sua banca. Já Eduardo Soares Chaves, também participante da feira, comenta que a estiagem tem afetado bastante sua propriedade. Em plantas como o tomate, por exemplo, o calor tem abortado muitas flores, o que prejudica a produção. Ele explica que, mesmo com o poço artesiano de sua família, plantar nessa época do ano é “uma ilusão”, porque, de qualquer forma, acabará por dar prejuízo.
Texto: Júlia Petenon.
Edição: Giuliana Seerig.