Começaram a ser realizados nessa quarta-feira (22), no campus da Universidade Federal de Santa Maria de Palmeira das Missões, os testes para COVID-19 (Coronavírus). O trabalho é realizado, voluntariamente, por estudantes e servidores da instituição que fazem parte dos Laboratórios de Genética Evolutiva e Microbiologia.
Depois de muitos dias de preparação, a equipe recebeu a primeira amostra de um paciente suspeito de COVID-19 no município de Palmeira das Missões e iniciou os primeiros testes. De acordo com o professor Daniel Graichen, a equipe realiza nos laboratórios os procedimentos necessários para verificar a existência ou inexistência de material viral na amostra do paciente. “Esperamos poder tranquilizar a comunidade palmeirense para que todos possam voltar às suas atividades o mais rápido possível com segurança e acreditando nos resultados que nós geraremos aqui”, afirmou o cientista.
A intenção é atender o município de Palmeira das Missões e municípios da região. “Nós estamos trabalhando com esse processo há aproximadamente um mês. Ao longo do tempo, a equipe foi constituída e os treinamentos, tanto de biossegurança quanto treinamentos de capacitação técnica, foram realizados. Então, hoje a equipe e os laboratórios estão organizados para a realização de em torno de 60 testes por dia”, explicou a professora Terimar Moresco.
De acordo com a docente, os laboratórios foram reorganizados e readequados para que pudessem atender ao fluxo dos testes e aos procedimentos de biossegurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Além dos docentes e técnico-administrativos em educação, a equipe, formada por 10 pessoas, conta com alunos de graduação e pós-graduação, que já trabalhavam nos laboratórios, e egressos com experiência em biologia molecular e microbiologia. A UFSM de Palmeira das Missões disponibilizou os laboratórios, o espaço físico, equipamentos e sua equipe técnico-científica. O trabalho conta ainda com a parceria do Centro de Operações Emergenciais (COE) de Palmeira das Missões e de várias entidades parceiras.
Pâmela Silva de Oliveira, egressa do curso de Ciências Biológicas e Mestre em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS, faz parte da equipe do Laboratório de Microbiologia e tem contato direto com o vírus ativo. Para a bióloga, apesar de ser um momento difícil para todos, está sendo também uma experiência única. “É muito satisfatório poder estar contribuindo e aplicando anos de estudo por uma causa tão importante como esta. É como se tudo que eu tivesse aprendido até hoje estivesse sendo aplicado agora. É claro, que existe um pouco de receio, pois no meu caso eu trabalho diretamente com o vírus ativo, então isso exige que a gente trabalhe sempre com muita atenção, com muito cuidado, até porque eu também tenho familiares, pessoas que esperam a gente voltar para casa”.
A pesquisadora ainda destaca a satisfação em prestar um serviço como este para a comunidade. “Nós sabemos que muitas pessoas estão aguardando o resultado dos nossos testes, famílias preocupadas com esses testes e a comunidade toda também está esperando esses resultados, o que exige que a gente trabalhe sempre com muito comprometimento, muita seriedade e, é claro, torcendo para que tudo isso passe logo, para que tudo fique bem e para que a gente possa voltar a viver nossas vidas normalmente”, finalizou.
Thuani Wagner, também egressa do curso de Ciências Biológicas e Mestre em Ciências Ambientais pela UPF, está no setor de recebimento das amostras. “Como filha da casa, estar participando das testagens da COVID-19 é uma forma de retribuir todo o conhecimento, tudo o que nos foi passado durante a graduação. É uma situação e um momento ímpar em que a gente vai estar devolvendo todo o conhecimento e tudo que a gente aprendeu na graduação para uma causa maior, devolvendo para a sociedade todo o nosso conhecimento em forma, então, de um trabalho coletivo, em prol de uma causa maior. É um momento em que, mais do que nunca, a pesquisa e a ciência se fazem necessárias”.
Manoela Alberton Getelina, bióloga e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal pela UFSM, faz parte da equipe do Laboratório de Genética Evolutiva e destaca também a realização em poder trabalhar em algo totalmente novo e em escala mundial, como está sendo a pandemia do novo coronavírus. “Nada se compara ao que a gente está vivendo agora e a gente está podendo contribuir com a sociedade com o que a gente aprendeu até hoje. Nos últimos tempos, essa comunicação entre cientista e sociedade tem falhado em muitos sentidos e a gente está tentando restabelecer essa comunicação. Esse já é um passo muito importante, pois a gente sabe que um dos principais pontos hoje em dia é saber quantas pessoas a gente tem positivo para COVID-19 e quantos mais testes a gente fizer melhor. Assim, estamos conseguindo mostrar a importância das universidades e da pesquisa de qualidade e o quanto que essa união entre a universidade e sociedade só tem a dar certo e a beneficiar a todos”.
Até o momento, a quantidade de insumos comprados viabiliza a realização de, aproximadamente, 2 mil testes. Esses insumos foram adquiridos através de parcerias com o município, instituições e a comunidade em geral, que tem feito doações. Para ampliar esse número, é preciso arrecadar ainda mais recursos financeiros. Interessados podem doar para Banco do Brasil, agência 1484-2, conta corrente 43051-X, Fatec UFSM Covid-19. No momento do depósito/transferência, no campo “código identificador”, digitar o próprio CPF ou CNPJ. Para direcionar sua doação para Palmeira das Missões preencha o formulário disponível em fatecsm.org.br/com-ufsm-doe-covid-19.
Para mais informações, entre em contato com a Central de Atendimento Covid 19, pelo telefone (55) 9 8403-8542 ou através do e-mail assessoriapm@ufsm.br.
Entenda como são feitos os testes na UFSM-PM
O Laboratório de Microbiologia divulgou em suas redes sociais como acontece um teste molecular para detectar SARS-Cov-2 (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 – em Inglês Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2.
São várias etapas:
– Tudo começa com a coleta. Um profissional bem preparado deve coletar células da mucosa nasal e orofaríngea do paciente. Esse material deve ser transportado para o laboratório dentro de um tubo contendo uma solução salina, para preservar essas células.
– A segunda etapa, feita no Laboratório de Microbiologia – CEMICRO, é a inativação do vírus e isolamento do RNA viral. É preciso muito cuidado nessa etapa, afinal o vírus está infectivo. Os reagentes utilizados são comprados na forma de kit. Além desse kit, são utilizados ependdorfs, pipetas, tips com filtros, centrífugas, estantes magnéticas, vortex além dos EPIs (equipamentos de proteção individual) para os manipuladores. São realizadas várias etapas até que, se a amostra tiver o vírus, seu RNA será isolado, mas ainda não tem como saber se de fato, aquela amostra tinha ou não o RNA viral.
– A terceira etapa, acontece no Laboratório de Genética Evolutiva – GENEVO, lá é possível detectar o RNA nas amostras, quando presentes. Nessa fase também é necessário um kit além de todos os tubos citados anteriormente. Inicialmente, será feito um cDNA, a partir do RNA viral com ajuda de uma enzima TR. Em seguida, é feito o PCR, durante o PCR um gene, que só existe nesse vírus, será amplificado (multiplicado) naquele equipamento já conhecido, o RT-PCR (kit).
Mais ou menos 6 horas depois e o trabalho de 6 pessoas diretamente, o equipamento, ligado a um software, emitirá uma série de gráficos que deverão ser analisados e então, depois disso, é possível saber se naquela amostra existe ou não o RNA viral.
Assessoria de Comunicação UFSM-PM