Maria Talita Fleig[1]
Jéssica Nascimento[2]
Tudo iniciou com uma conversa entre o grupo de crianças, onde surgiu a hipótese de que poderiam existir viagens para o espaço sideral. Assim as crianças começaram a pensar na possibilidade de ficarem presos em outra dimensão, levantando suposições e despertando uma grande curiosidade nas demais crianças sobre o assunto.
As professoras do Ateliê[3], em parceria com as professoras da Turma Azul, e pensando nestas curiosidades e questionamentos das crianças, planejaram um passeio ao planetário, localizado na UFSM. Ao realizar o convite logo as crianças se mostraram entusiasmadas, pois poderiam conhecer o planetário, as estrelas e os planetas.
Ao chegarmos na sala de projeção do planetário, às crianças receberam algumas orientações, e, como se num passe de mágica, a luz foi se apagando e as imagens começaram a surgir, sendo projetadas no teto como em um cinema. As bocas foram ficando entreabertas e o olhar inquieto, afinal com o efeito parecia real e logo os comentários foram surgindo e as relações com as situações já vivenciadas no cotidiano se estabelecendo. Aos olhos das crianças os meteoros eram como batatas e os planetas como bolhas de sabão. E o planeta com o anel, ah, “é claro é o Saturno né, profe”?
Os olhares encantados das crianças e as mãos inquietas tentavam tocar aquele céu estrelado e a história que estava sendo narrada muito interessava aos pequenos, que percebiam se a estrela era velha ou nova pela cor que possuía. O Arthur era o menino da história, e que gostava de macarrão.
Ao voltarmos para a escola, por coincidência, tinha macarrão para a janta, e também o colega Arthur na Turma Azul! Com o passar dos dias as crianças resolveram que queriam fazer estrelas para colocar na sala, e assim propomos: – “Que tal se criarmos os nossos planetas também?” As crianças se envolveram na proposta e cada uma criou o seu. Um deles era o Planeta Azul e nele só viviam papais, o outro era o Planeta do sorvete um lugar muito frio e gelado. Fomos potencializando o imaginário infantil, a criatividade das meninas e dos meninos, seu protagonismo e criação de enredos.
Aos poucos fomos organizando, com as crianças, o nosso planetário na sala e utilizando materiais como TNT, luzes pisca-pisca, as estrelas e planetas por eles construídos. Questionamentos como o porquê de existir o dia e a noite também eram frequentes na sala. Assim, levamos para as crianças o globo terrestre e diversos vídeos para auxiliá-los na compreensão desses fenômenos.
O globo terrestre despertou nas crianças outras curiosidades sobre o lugar onde moramos: -“como podemos fazer para passear na França?” “É longe, tem que ir de avião ou de barco?”
As crianças, com a colaboração das professoras do ateliê, realizaram a construção do sol com balão surpresa, jornais e linhas para terminarmos nossa galáxia. Também construíram foguetes e uma representação da lua com massinha de modelar e bolinha de brinquedo. Por fim realizamos uma visita no espaço de planetário confeccionado pelas professoras do ateliê com ajuda das crianças. Nesse, elas puderam ser astronautas e também brincar no buraco negro, e, aos poucos irem introduzindo mais elementos nas brincadeiras.
– “E se está dia, mas o sol está atrás das nuvens, dá para ir na pracinha, profe? Quem seca a areia e os brinquedos no outono?”
As crianças estão constantemente criando suas hipóteses sobre o mundo, realizando descobertas, ressignificando e construindo conhecimentos.
[1] Professora Referência na Turma Azul. Pedagoga, Especialista, Mestre e Doutoranda em Educação (UFSM). E-mail: talitafleig@hotmail.com
[2] Educadora Infantil na Turma Azul. Pedadoga (UFSM). Acadêmica do Curso de Especialização em Psicopedagogia Institucional pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). E-mail: jessica.sn@hotmail.com
[3] Professoras com formação em Pedagogia ou Artes Plásticas que desenvolvem a proposta dos ateliês com as crianças na UEIIA.