A volta às aulas sempre vem com eles. Eles mesmos, aquelas pessoas curiosas, inseguras, olhando prum lado e pro outro, sem saber onde é a sua sala. Ansiosos por uma nova etapa que começa nas suas vidas. Os calouros e calouras fazem sempre a alegria do Centro de Tecnologia, trazendo novos ares. Mas será que a gente se esforça pra recebê-los com igual empolgação? Fora iniciativas como o Acolhe CT, os famosos trotes universitários às vezes trascendem a recepção saudável e podem se tornar… bem, abusivos.
E é por isso que o Coletivo Mulheres Com Ciência, recentemente criado por um grupo de estudantes do Centro de Tecnologia, lançou nessa segunda-feira (8) a atividade “Roda de Conversa sobre Trotes Abusivos”, realizada no Hall do Centro de Tecnologia. Segundo a organizadora do evento e participante do coletivo Andressa Cabistani, acadêmica do curso de Engenharia Aeroespacial, a atividade pôde debater a situação dos trotes nas engenharias e em todos os cursos da UFSM. “Foi um espaço em que as mulheres tiveram bastante fala, eu gosto quando isso acontece, porque não é sempre que a gente desenvolve um debate em que as mulheres saiam falando”, complementou Andressa.
A atividade também contou com acadêmicas de outros cursos. A estudante de psicologia Raquel Cadoná disse que ficou sabendo da atividade através da internet e de amigas. Ela afirma sempre comparecer nas atividades do Coletivo Mulheres Com Ciência, mesmo sendo de outra área, por trazer debates que lhe interessam. E tinha homens na atividade? Tinha sim! O acadêmico de Engenharia Acústica Iam Hermont apontou que se devem construir novas alternativas nos trotes: “É um falso acolhimento, repleto de valores incrustados na nossa sociedade conservadora, de valores heteronormativos e racistas. No caso do Rio Grande do Sul, até bairristas às vezes. Quais valores estão presentes na recepção desses calouros?”.
Texto elaborado por Mateus de Albuquerque, acadêmico de Jornalismo – Núcleo de Divulgação Institucional do CT/UFSM.