A inteligibilidade da fala em salas de aula no ensino fundamental e médio é um fator de aprendizado relevante, uma vez que salas de aula acusticamente inadequadas podem acarretar ineficácia na aprendizagem. Além disso, ambientes ruidosos podem gerar prejuízos à saúde e à boa convivência de quem os frequenta.
Pensando nisso, uma iniciativa de interação entre o Centro de Tecnologia da UFSM e as escolas públicas do município vem fazendo a diferença na qualidade dos ambientes escolares de Santa Maria: o projeto Acústica nas Escolas presta serviços de medição acústica e sugere medidas para a melhoria na acústica das escolas da rede pública de ensino. A iniciativa de extensão, vinculada ao Departamento de Estruturas e Construção Civil, por meio do Curso de Engenharia Acústica da UFSM, conta com alunos da graduação de engenharia acústica, engenharia civil e arquitetura e urbanismo; já da pós-graduação, participam alunos do PPGAUP e do PPGEC. Trata-se, portanto, de uma iniciativa que beneficia ambos os lados envolvidos: os estudantes universitários, que põem em prática seu conhecimento, e as escolas, que se beneficiam da ciência produzida na universidade.
A ideia do projeto surgiu durante o desenvolvimento da tese de doutorado da professora Viviane Melo, coordenadora do projeto, na qual ela comprovou que o uso do manequim padrão adulto em testes acústicos resultava em 20% de erro nos testes objetivos, enquanto que, nos testes realizados com o manequim padronizado nas dimensões infantis, o erro era de apenas 3%. A partir da experiência da professora sobre as condições acústicas em sala de aula e da identificação constatada na sua tese, ela escreveu e colocou em prática o projeto.
O projeto ocorre da seguinte maneira: o grupo de estudantes vai à escola e faz um levantamento arquitetônico das salas, identifica salas parecidas e faz a medição in loco de uma delas. A partir disso, é possível replicar simulações nas demais salas que são similares.
Após o trabalho de campo feito, a equipe entrega para a escola um documento com um relatório técnico que contém o diagnóstico da sala de aula e propostas de mudanças, que vão desde um novo layout de mesas e cadeiras até a adoção de materiais acústicos.
O projeto atua desde o ano passado e costuma trabalhar em uma ou duas escolas por ano. A professora Viviane relata que o processo de diagnóstico é lento e que enfrenta algumas dificuldades de logística, como o transporte dos estudantes e a compatibilidade de horários.
“A gente está tentando propor as condições mínimas para que o aluno entenda o que o professor está falando” disse a Profª Viviane Melo.
O próximo passo do projeto consiste em transformar o relatório técnico entregue às escolas em uma cartilha personalizada, ou seja, cada escola que participou do projeto vai receber um manual, contendo tudo sobre os aspectos acústicos que foram avaliados naquela escola. Desse modo, a escola pode pensar em melhorias e adaptações.
Durante a primeira fase, no ano passado, houve a identificação e definição de qual método seria aplicado nas escolas para que a proposta obtivesse sucesso. Atualmente, o projeto está na segunda fase e tem como objetivo expandir-se para mais escolas, além de aprimorar os serviços oferecidos.
No mês passado, o projeto participou do Seminário de Extensão Universitária da Região Sul (42° SEURS), que ocorreu em Porto Alegre. O trabalho intitulado “Avaliação das condições acústicas de espaços de ensino a partir de medições e simulações” representou o CT no seminário e foi apresentado por Wellington Bertagnolli Veiga, sob a orientação da Profª Viviane Melo.
Para mais informações sobre o projeto Acústica na Escola, acompanhe-os no Instagram.
Texto por Emilly Vargas Wacht, acadêmica de jornalismo, com supervisão da Subdivisão de Comunicação do CT/UFSM
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