No final do último semestre, o CT formou os estudantes Gabriel Regattieri e Oldair Pozzobon em Engenharia Acústica e Engenharia Civil, respectivamente. Ambos os alunos são Pessoas com Deficiência (PCDs), possuem mobilidade reduzida e necessidades específicas. A emoção da formatura dos novos engenheiros veio acompanhada de reflexões acerca da acessibilidade aos estudantes com deficiência na UFSM.
O estudante (e agora engenheiro) Gabriel, tem esclerose múltipla e conta como ao longo da graduação teve que se adaptar à piora da sua condição. A inspiração para cursar Engenharia Acústica veio da sua paixão por música; com os movimentos cada vez mais limitados, Gabriel escolheu um curso no qual poderia seguir estudando os sons e atuar profissionalmente na área depois de formado.
Gabriel comenta que um dos momentos mais marcantes na Universidade ocorreu logo no início, quando ele recebeu sua primeira marmitex do Restaurante Universitário via delivery, serviço prestado em função de sua dificuldade de locomoção. A marmita veio com um bilhete dos funcionários do RU escrito “Boa refeição”. “Me senti abraçado pela Universidade, nessa e em outras circunstâncias”, enfatiza Gabriel.
Oldair sempre trabalhou como marceneiro, até que em 2007 ele teve um problema de saúde que o deixou tetraplégico. A partir de então, Oldair se propôs a retomar os seus estudos e para isso buscou o curso de Engenharia Civil da UFSM.
O engenheiro recém-formado também comentou sobre a importância das ações de acessibilidade da UFSM como a distribuição de marmitas, evitando deslocamento até o RU e aos carros adaptados para que ele pudesse participar das visitas e atividades junto com seus colegas.
Os estudantes comentam sobre como receberam todo apoio e acolhimento no seu ingresso na Universidade. Ambos mencionaram a Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED) e o Setor de Apoio Pedagógico (SAP/CT) como principais fontes de apoio para suas necessidades.
Gabriel e Oldair relataram, contudo, que enfrentaram dificuldades relativas à infraestrutura dentro da Universidade. Os problemas arquitetônicos são os que mais impactaram nas suas rotinas acadêmicas. Gabriel relatou que os problemas em calçadas e ruas desafiaram seu deslocamento entre os prédios do Campus. Oldair também mencionou a mesma dificuldade com a infraestrutura, destacando a falta de acessibilidade em rampas ou a falta de elevadores em alguns prédios.
Enquanto estudantes de Engenharia, ambos participaram de diversos grupos e projetos que possibilitaram o desenvolvimento da sua jornada acadêmica. Gabriel foi membro do Diretório Acadêmico de Engenharia Acústica e da Empresa Júnior, Acústica Jr; já Oldair participou do Núcleo de Estudos Projeto Pessoa e Ambiente (Neppa) e do Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT). Tais experiências possibilitaram a integração e especialização dos estudantes em seus respectivos cursos.
Os estudantes enfatizam que o apoio e acolhimento de docentes, colegas e servidores técnico-administrativos foi importante para sua permanência dentro da Universidade. Eles acreditam que o diálogo é a melhor abordagem para pessoas com deficiência manifestarem suas necessidades, buscando a melhor resolução para suas necessidades com os setores responsáveis e com os professores.
“Converse com a CAED, com os professores e não tenha vergonha de ser quem você é. Se ninguém sabe do seu problema ninguém pode ajudar, compartilhe suas necessidades e as pessoas mostram as possibilidades de tornar sua trajetória possível” é a mensagem de Gabriel para outros estudantes de PCDs que estejam ou queiram ingressar na Universidade.
“Se eu tivesse que dar um conselho para PCDs na UFSM seria: perseverança! Cheguem nos seus amigos e colegas, se apresentem e conversem, tenham perseverança, é possível chegar lá” é a mensagem de Oldair para outros estudantes de PCDs na UFSM.
A formatura de dois engenheiros com deficiência física foi um marco na história do CT e da UFSM. A experiência de ambos ao longo da graduação é uma fonte de aprendizado para as melhorias institucionais, em busca de um ambiente cada vez mais acolhedor e acessível.
Texto por Emilly Vargas Wacht, acadêmica de jornalismo, com supervisão da Subdivisão de Comunicação do CT/UFSM.
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