Alunos do Centro de Tecnologia estão desenvolvendo método também para gerenciamento de energia de uso doméstico
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Luciane está à frente do projeto, que prevê monitoramento dos dados pelas distribuidoras
Abastecer a casa com energia sustentável por meio de painéis solares e distribuir o excedente na rede já é uma realidade. No entanto, um projeto que está sendo desenvolvido na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) deve tornar esse método ainda mais eficaz a partir de um sistema que permite armazenamento dessa energia em baterias e, com isso, o gerenciamento do consumo, tanto por parte do usuário do serviço quanto pela concessionária de energia.
A iniciativa elaborada por alunos pesquisadores do Centro de Excelência em Energia e Sistemas de Potência (Ceesp) da área da Engenharia Elétrica da instituição surgiu após uma chamada pública de um projeto estratégico da Companhia Paranaense de Energia (Copel), no ano passado. Segundo a professora Luciane Neves Canha, que está à frente do trabalho, o objetivo é criar um sistema de gerenciamento autônomo de energia.
– A energia captada pelo painel solar é jogada na rede da residência e armazenada em baterias de pequeno porte. O usuário terá o controle da demanda diária, assim como a concessionária de energia, que fará o monitoramento do consumo. Com base nesse consumo, a quantidade excedente é jogada na rede externa pode ser revertida em crédito para o consumidor. O cálculo da quantidade de energia exige um medidor Smart Meter – diz ela.
Já existem métodos semelhantes, no entanto, neste o diferencial é o uso de baterias que têm capacidade de autonomia de 5 a 8 horas para abastecimento de uma residência de médio porte (com consumo médio de 300 kw/h) e, através de uma central de monitoramento Scada H, está sempre ligado à concessionária de energia para gerenciamento da carga/armazenamento em conjunto com as necessidades do sistema elétrico. O consumidor poderá ter acesso ao sistema de gerenciamento por meio de um aplicativo de celular, por exemplo.
– É um sistema que poderia trabalhar de forma autônoma em uma área remota, como uma ilha, por exemplo – diz Luciane.
Com as pesquisas iniciadas em outubro, o projeto prevê um caminho de quatro anos a ser percorrido. Dentre as etapas planejadas estão a instalação de duas plantas piloto residenciais, seguido da análise das funcionalidades tecnológicas do sistema e o levantamento de dados referente à viabilidade econômica, e, ainda, a definição da capacidade do sistema de geração/armazenamento e identificação da tecnologia de inversor híbrido a ser utilizado, bem como o sistema de comunicação dentro da residência e entre residência e concessionária. A partir do segundo ano, a previsão é de realizar a instalação e operação das plantas de armazenamento e geração distribuída em locais definidos pela Copel.
As duas últimas etapas consistem em testes do sistema de comunicação para supervisão e controle das plantas de armazenamento e, introdução de melhorias e análises operacionais das plataformas computacionais e planta piloto. Todas etapas contam com workshops para apresentação dos resultados.
– É um projeto promissor e sustentável que poderá substituir futuramente o gerador de energia a óleo diesel – comenta Luciane.