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Valdo Barcelos – Prof. e escritor-UFSM
Fico imaginando que furo estaria dando o jornal que estampasse na sua primeira página o título dessa crônica. Imaginem o Comandante do Exército Brasileiro, general Edson Leal Pujol, acordando e dando de cara com essa manchete. Cairia na risada ou acharia que estava tendo um pesadelo. Nem uma coisa nem outra. Afinal um general não foi nomeado para Ministro da Saúde do Brasil no meio da maior pandemia do século? Uma regra básica da gestão pública ou privada, é que só tem algo pior que um chefe nomear um incapaz para um cargo importante na gestão de sua empresa: é esse incapaz aceitar a nomeação. Parece que foi o que aconteceu com a nomeação do general da ativa Eduardo Pazuello para o Ministério da Saúde. E diga-se, não atuava na área de saúde nas Forças Armadas. O general veio com fama de grande gestor no currículo. Sobre currículo nesse governo é bom nem falar. A nomeação dos ministros da Educação que o diga. Um jornalista esportivo da década de 50, Antonio Maria (1921-1964) – aquele que cunhou a frase célebre “bola no fotógrafo – costumava dizer do atacante que chutava muito mal ao gol: faltou pontaria, direção e jeito. Pois para o tido como grande gestor, general Pazuello, faltou competência, conhecimento e jeito para escolher sua equipe que é o mínimo que se espera de um gestor, mesmo que medíocre. Até mesmo um gestor medíocre pode se salvar se montar uma boa equipe e seguir o que ela lhe sugere. Pois nem isso o atual ministro da saúde está sendo: um gestor medíocre. Nomeou uma “tropa” – desculpem o trocadilho infame – de outros medíocres para assessora-lo na pasta. Só podia dar no que está dando. Uma coisa não se pode negar: seguiu o exemplo do chefe maior, o presidente Bolsonaro que foi um militar medíocre; um néssio como parlamentar e agora está se comportando como um grande mentecapto na presidência.
Em momentos de crise o papel do gestor se faz crucial. Nesses momentos o que se precisa é de um processo de gestão colaborativa de pessoas. O gestor precisa ter a sensibilidade de captar o que cada pessoa sob sua gestão melhor sabe fazer e da forma mais colaborativa. Nessa perspectiva, a principal função do gestor é estabelecer redes de conversações e de reflexões sobre o que está acontecendo em seus espaços organizacionais de atuação. A gestão colaborativa de pessoas precisa de um projeto comum. Não exige que se tenha concordância absoluta sobre a completude do projeto. Não requer uma unanimidade integral com as propostas apresentadas. A gestão colaborativa de pessoas é a busca permanente de um conviver, no qual se vive no mútuo respeito, na honestidade, na equidade e na ética social na colaboração em torno de um projeto comum de pessoas diferentes, mas, que convivem porque buscam a construção de uma obra comum. Uma das tarefas fundamentais do gestor em geral, e, particularmente, daquele que aceita a proposição da gestão colaborativa, é criar um ambiente de mediação generosa das dificuldades e dos conflitos. Tal forma de atuação viabiliza a proposta de projeto comum no respeito mútuo que, ao fim e ao cabo, efetiva a vontade de participação e mesmo a ampliação dos desejos e vontades das pessoas em torno desse projeto comum. Se não no todo, naquilo que for, no momento, urgente e possível de ser efetivado. Estamos em pleno processo da maior pandemia do século, não há o que esperar. Convenhamos que essas não são qualidades e atributos, mais evidentes no atual ministro da saúde. A qualidade mais notória do ministro é, simplesmente, obedecer às ordens do seu chefe. O que comumente se conhece como um mandalete ou, para usar o jargão militar: um estafeta do comandante. Qual a boa notícia? Em 2022 teremos eleição para presidente e o voto é secreto. Portanto, quem não está contente com esse tipo de gestão que se manifeste, ou então se cale para sempre.