Outra forma de fazer publicidade
O foco da palestra foi a publicidade contra-hegêmonica, voltada para suportes alternativos. Segundo a publicitária, a incapacidade das pessoas em aceitar a publicidade foi o gancho que a fez direcionar seu trabalho para esse campo de pesquisa e atuação. Os próprios publicitários têm um grande preconceito com a publicidade comunitária, pois não enxergam o quanto ela enriquece a comunidade e o aprendizado do profissional. A palestrante alerta para o poder que a publicidade e a mídia têm de mudar o comportamento das pessoas, especialmente o dos jovens.
Patrícia fez uma palestra leve e descontraída. Seus exemplos eram sempre pertinentes e a palestrante mostrou-se dona de um humor peculiar. Durante sua fala, confessou estar apaixonada pela região e pela culinária: “Nesses dias que estive aqui, andei fazendo uns passeios pela região. Tirei várias fotos. Descobri que existe a cuca alemã e a cuca italiana. Me apaixonei e comprei várias. Sabe Deus como levarei isso na mala” (risos).
Kamila Baidek e Marlon Dias
O jornalismo literário em cena
O último dia da SECOM começou com a segunda parte da oficina “Jornalismo Literário no Cinema” ministrada pelo professor da UFSM Paulo Roberto Araújo. Os alunos assistiram ao documentário Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho, e nele observaram diversas características do jornalismo literário, tais como mudança de foco narrativo, história oral, diálogo e descrição.
O longa retrata a história da liga camponesa através da família de João Pedro Teixeira, um dos líderes do movimento. Coutinho fez parte do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi através desse trabalho que iniciou a produção do filme. Porém, a pressão do regime militar fez as filmagens pararem. Apenas em 1981 foi possível continuar o trabalho.
Os alunos que compareceram nos dois dias de oficina conseguiram estabelecer as semelhanças e diferenças entre a película de Eduardo Coutinho e Santiago de João Moreira Salles exibida na quinta-feira. E também puderam constatar uma forma diferente de fazer jornalismo literário: cinema.
Lara Machado
Curtas latinos conquistam espaço
A 35ª Semana Acadêmica da Comunicação da UFSM recebeu na noite de quinta-feira a professora argentina Myriam Duarte, que ministrou a palestra “O Cinema Latino-Americano e o Festival Internacional de Curtas de Oberá (Argentina)”. Formada em Tecnologias da Educação, a palestrante, além de dar aula para crianças, trabalha na organização deste festival, que passou a ser um dos mais importantes de seu país.
Oberá é uma cidade na província de Missiones (Argentina) e, ao contrário das cidades de Buenos Aires, Córdoba e Rosário, não é um pólo da cultura cinematográfica. Ou melhor, não era. A equipe na qual Myriam trabalha tomou a iniciativa de criar um Festival que valorizasse os curtas-metragens experimentais, produzidos por quem tinha uma ideia na cabeça, mas precisava de uma câmera na mão.
Mas o Festival não consiste apenas numa mostra dos curtas selecionados. Um dos destaques são as oficinas realizadas para melhorar a qualidade dos profissionais que trabalham com cinema. Além disso, o Festival conta com o Fórum Entre Fronteiras, espaço de discussão sobre as políticas que regem o campo das produções audiovisuais, não só na Argentina, mas também no Brasil e no Paraguai.
Duas outras iniciativas são apontadas por Myriam como sendo as mais interessantes do Festival de Curtas: a primeira é o Cine Móvel, que realiza exibições públicas dos filmes para as pessoas que não tem acesso; a segunda é o Cine Joven, um projeto que capacita os jovens a desenvolver curtas-metragens. Uma agradável surpresa, segundo a palestrante, foi descobrir que temática ambiental é a que desperta maior interesse entre os adolescentes. “Trabalhar com jovens é a maneira de desenvolver o que eu aprendo e, além disso, eu encaro esse trabalho como uma responsabilidade social”, completa Myriam.
A palestrante exibiu alguns dos curtas participantes das últimas edições do festival, entre eles “Túneles en el río”, vencedor da categoria melhor curta de 2009. Myriam ressaltou que fazer cinema é um trabalho coletivo e que a união da equipe é o elemento fundamental para se obter um bom produto final. Esse companheirismo, aliado à criatividade e disposição transformaram aquele pequeno festival local de curtas num dos mais importantes festivais de cinema da Argentina.
Para mais informações sobre o Festival Internacional de Curtas de Oberá, acesse: www.oberaencortos.com.ar
Kamila Baidek e Marlon Dias
Relatos desde Honduras
Formando em jornalismo pela UFRGS e militante político, Rodolfo iniciou sua conversa com os estudantes na UFSM relatando como surgiu a oportunidade em meio à crise política que estava ocorrendo naquele país. O palestrante argumentou que sua ida para Honduras foi custeada por amigos e parentes. Em sua fala, Rodolfo ainda destacou o modo como a imprensa internacional relatava os fatos de lá. O maior objetivo em viajar para a América Central era entender de fato como estava ocorrendo o golpe e o que a população reivindicava – levando uma comunicação alternativa da situação caótica vivenciada em Honduras.
Quando a palestra se encaminhava para seu final, Rodolfo Mohr destacou um momento que o marcou na viagem. Num ato pouco divulgado pela mídia internacional ao redor do mundo, Oscar David Montesino, um menino de dez anos, tornou-se símbolo da oposição ao golpe ao discursar com uma contundência surpreendente para a idade, diante das câmeras. Para conferir o vídeo, clique aqui.
A fala de Rodolfo Mohr foi marcante para que os presentes pudessem entender os processos de comunicação que não expõem os fatos da melhor maneira possível, omitindo ou falseando a realidade.
William Vinderfeltes
Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento: o Jornalismo Independente
“O sol se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas, em cardinales bonitas…” cantou Caetano Veloso ao mito do jornalismo independente brasileiro – o jornal O Sol. E foi Larry Wizniewsky o responsável por resgatar a história e os aspectos desse tipo de publicação.
Formado em Jornalismo e em Letras pela UFSM, Larry levou os participantes, através de diversos vídeos, ao que considera como o mais interessante no jornalismo independente: o contexto histórico. Pelo auditório do CCNE passaram O Homem do Povo, O Sol, O Pasquim, O Bondinho, Outra Coisa, Poder e até mesmo Regina Casé e Patrícia Travasos. E o professor liga tudo: “Eu não sei se não estou falando da mesma coisa”, mas para ele parece que o jornalismo independente de décadas atrás parece ser quase o mesmo dos dias de hoje.
O fato é que para uma mídia ser considerada independente ela depende de três fatores: economia, linha editorial e circulação. Anos atrás isso era difícil, hoje a situação continua sendo a mesma. Para Larry, o problema ainda é com a falta de gerenciamento dos jornalistas.
Iguais ou não, o jornalismo independente atual ainda passa por obstáculos como o de ontem. E assim como antes, ele renova-se, adapta-se ao contexto social, afinal “a imprensa independente é a resposta ao momento em que vivemos”.
Lara Machado
FLUXO: arte e tecnologia na SECOM
Na tarde de quinta-feira, o público que compareceu ao Teatro Caixa Preta pôde conferir um show de som e imagem realizado pelos artistas Fernando Codevilla e Rafael Berlezi. A performance artística Fluxo chamou tanto a atenção dos participantes da 35ª SECOM e curiosos que ali se encontravam, que foi necessário realizar uma segunda sessão.
A intervenção artística consistia num telão, no qual eram projetadas imagens sobrepostas, embaladas por uma música sujeita aos caprichos do artista, que na mesa a manipulava com sintonizadores e teclado. Durante quarenta e cinco minutos, o público ficou imerso na sequência de imagens acompanhadas pela trilha sonora hipnótica de Fluxo.
A performance mostrou o homem controlando a máquina e, a partir dela, produzindo arte. Foi a fusão da criatividade e sensibilidade dos artistas com a tecnologia, que resultou na videoarte final. O mais interessante de tudo é que a produção é feita na hora, tanto a sobreposição das imagens como a escolha da música. Ou seja, cada apresentação é única. Foi o que o público que acompanhou as duas sessões pôde concluir.
As pessoas saíram chocadas, perturbadas e questionando-se sobre o que tinham acabado de ver. E era exatamente essa a intenção dos artistas: fazer com que as pessoas assistissem àquela videoarte (sem roteiro algum), encarando-a como única e enxergando aquele momento como um tempo que não volta mais.
Marlon Dias
Quanto valem cinco centavos?
A fala da professora mostrou de que forma já na graduação os alunos podem aprender uma comunicação alternativa e popular. Caroline explanou que o projeto “Cinco centavos” surgiu da cadeira de Redação em Publicidade III da UNIFRA, que envolve uma produção audiovisual feita pelos alunos da instituição. Esta série de audiovisual consiste em uma mini-novela de dez capítulos com tema central “vida de estudante em Santa Maria”. A palestrante deixou claro que toda a produção alternativa tem que fugir dos padrões “Globo” para atingir o máximo de público.
O nome “5 centavos” surgiu da ideia de trazer o cotidiano universitário para a temática central. Segundo Caroline, o título veio do preço do Xerox em Santa Maria na época. Todo o processo de produção da mini-novela foi elaborado pelos alunos da instituição.
William Vinderfeltes
It’s only rock’n’roll
A boa música fez-se presente no prédio 67 da UFSM na manhã de quinta-feira e por lá passaram Elvis, Beatles, Janis, Stones, Dylan e tantos outros. Grings, que é um conhecedor e apreciador de Rock, iniciou sua fala levando os ouvintes a uma viagem aos EUA dos anos 1940, para mostrar onde tudo começou. Já naquela época, Hank Williams fazia uma música que se assemelhava muito ao que viria a ser o Rock’n’roll. Misturando elementos do country, folk, blues, gospel e jazz, o Rock tomou forma na década de 1950 e teve como seu maior expoente o cantor Elvis Presley.
Márcio Grings contou como o Rock chegou ao Brasil, na década de 1950, com a gravação de Rock around the clock, pela cantora de samba-canção Nora Ney. O primeiro sucesso do rock genuinamente brasileiro foi a música Estúpido Cupido, de Celly Campello. Depois veio o fenômeno da Jovem Guarda, que para o oficineiro não pode ser considerado como um rock verdadeiro, já que eram feitas apenas versões das músicas estrangeiras. O Rock ganhou vida no Brasil já no final da década de 1960, com o som inovador e debochado dos Mutantes.
O Rock nos EUA era a expressão da rebeldia. Enquanto isso, na Inglaterra, o Rock nascia de um modo comportado, com os garotos engravatados de Liverpool. Os Beatles revolucionaram a música e tornaram-se a banda mais aclamada do século. Eis que nos EUA, surge Bob Dylan, cantor que se sagrou com suas letras de protesto. “Se os Beatles deram corpo ao Rock, Dylan deu o cérebro”, finalizou Grings.
A oportunidade de conhecer nomes como os de Hank Williams, Robert Johnson e Skip James, que podemos chamar de precursores do Rock’n’roll, foi um dos pontos altos da oficina de Grings. O público presente reagia a cada música mostrada pelo oficineiro, fosse cantando, balançando a cabeça ou fazendo movimentos ritmados com o pé. Depois do resgate da história do Rock feito por Grings, o público estava apto a responder a pergunta inicial do palestrante: “De onde veio o Rock?”. Mas, para onde vamos? Bom, a resposta, meu amigo, is blowing in the wind.
Marlon Dias
Realização Audiovisual com o imparável Beto Matos
O segundo dia de oficinas da 35ª SECOM foi brindado com a gloriosa presença do produtor porto-alegrense Beto Matos que ministrou o primeiro dia da oficina de realização audiovisual na manhã de quinta-feira.
Assim que o convidado começou a falar, o auditório do CCNE foi inundado por uma tempestade de informações. O apaixonado por história em quadrinhos e amante de história da arte fez um apanhado teórico sobre a linguagem cinematográfica que permeia todo o universo do audiovisual. Além disso, Beto fez uma breve explicação sobre as funções daqueles que trabalham na realização de um filme.
Intercalando com falatório mais teórico, o palestrante contava sobre suas experiências com o audiovisual como produtor e assistente de direção. No final, os espectadores que escutaram atentamente um Beto Matos um tanto hiperativo e divertido puderam experimentar a prática. Cada um dos participantes escreveu uma pequena história com começo, meio e fim. Juntando essas idéias aleatórias, o convidado montará uma espécie de roteiro para filmar um micro-filme na manhã de sexta-feira, segundo dia da oficina. “Não precisamos ser tão catedráticos, metódicos. É preciso pirar às vezes.” Agora, é esperar pra ver o que vai sair dessa doideira toda.
Kamila Baidek
Político é produto?
Sim, não – e muitas outras respostas – foram dadas a essa questão durante a tarde do dia 20, na 35ª SECOM. Mara Kunzler e Roberto Oliveira da Art/Meio e Camila Piccolo e Marielle Flôres da Intensa Comunicação participaram do painel “Político é produto? Sim e não”. A discussão abordou aspectos do desenvolvimento de campanhas publicitárias e da prestação de assessoria de imprensa para candidatos em campanha eleitoral. Atrás de um “sim” ou de um “não” e de muitos porquês, os estudantes – principalmente dos cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo – praticamente lotaram o auditório do prédio 17.
Vamos então ao que interessa: político é produto? Sim. Pelo menos essa foi a primeira resposta da tarde. Por quê? Imagine assim: organizar uma campanha eleitoral é como abrir uma empresa que tem como meta a liderança de um setor. Se a campanha é a empresa, o candidato, por sua vez, não é o seu dono: é o seu produto. Mas, político é sempre produto? Não. Pelo menos quando quem entra em cena é a asssessoria de imprensa do candidato, tudo o que diz respeito a ele é a informação a ser direcionada para os veículos de comunicação. O que define o trabalho da assessoria durante a campanha eleitoral é o valor-notícia da informação em torno do candidato e da relevância dessa informação para a imprensa e para a população.
O case apresentado pelo quarteto detalhou aspectos da campanha do candidato eleito deputado federal Fabiano Pereira. Daí em diante, sim, não e muitas outras palavras foram necessárias para responder às perguntas da plateia. Isso porque as eleições de 2010 tiveram um aspecto inédito no país, com o uso generalizado de redes sociais como uma imprescindível ferramenta de campanha, sobretudo o twitter – atualizado pessoalmente pelos candidatos ou, na maioria das vezes, pelas suas assessorias. Já em Santa Mariae os jingle “grudentos” e as panfletagens exageradas também foram ferramentas de campanha determinantes: determinaram que o eleitor não comprasse este e aquele produto, e que a votação de determinados candidatos fosse muito aquém da esperada. Fica a lição: se o político é um produto, ele não é (ou não deve ser tratado como) um produto qualquer. Nem pelos responsáveis pela sua venda, nem pelos que vão – ou não – optar pela sua compra.
Janine Appel
Fluxo terá duas sessões na SECOM
A Performance Audiovisual “Fluxo”, regida por Fernando Codevilla e Rafael Berlezi, vai ter duas sessões na terde desta quinta-feira, integrando a programação da SECOM. A apresentação ocorre no Teatro Caixa Preta, no Centro de Artes e Letras, Prédio 40 do campus da UFSM. O “Fluxo” já fazia parte da programação original da SECOM, marcado para as 13:30, mas, em função da grande demanda do público, terá sessão extra – a segunda performance será logo depois da primeira, começando às 15:30. O evento é aberto a toda a comunidade acadêmica, inclusive os não-inscritos na SECOM.
A mídia contra-hegemônica contra os quatro Cavaleiros do Apocalipse
“O que eu fiz com mais paixão esse tempo todo foi falar, eu nasci falando e vou morrer falando”, foi assim que Vito Giannotti, o último palestrante do segundo dia da SECOM, definiu-se. O italiano que largou a faculdade de sociologia “para fazer revolução” questionou aos presentes qual o papel da comunicação no século XXI.
Vito iniciou sua fala conceituando historicamente hegemonia. Após citar Lenin e Gramsci, o palestrante concluiu que hoje, no Brasil, é a mídia hegemônica, ou “os quatro Cavaleiros do Apocalipse”, quem dá a direção política. E é o neoliberalismo que rege as normas do mundo, sendo o individualismo a ideologia dominante – “Cada um por si, e o resto que se dane”.
As soluções propostas por Vito são a comunicação alternativa e a comunicação popular, formas contra-hegemônicas que apresentam a sociedade sob novos recortes. É a mídia feita para e pelo povo. Exemplares do jornal Vozes das Comunidades foram distribuídos, ilustrando tudo o que estava sendo discutido. A publicação é fruto dos Cursos de Comunicação Comunitária ministrados por Giannotti para estudantes de Jornalismo ligados a comunidades periféricas e movimentos sociais.
Misturando os sotaques italiano e paulista, o escritor agradou o público com a irreverência com que falava sobre os mais diversos assuntos: da sua infância à prisão durante o regime militar. Consagrado por aplausos, Vito Giannotti finaliza: “A comunicação pode ser um puta instrumento”.
(Quem: nascido em Lucca, Itália, há 67 anos, Vito Giannotti chegou a São Paulo em 1964. Trabalhou como metalúrgico e aproveitou o tempo livre para escrever. Participou da fundação da CUT e, desde os anos 90, integra o Núcleo Piratininga de Comunicação – que realiza cursos sobre comunicação sindical e popular. Radicado no Rio de Janeiro há 17 anos, Vito é autor de mais de 20 livros, entre eles Dicionário de Politiquês, Muralhas da Linguagem e História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil)
Kamila Baidek e Lara Machado
TV OVO mostra a comunicação comunitária local
A 35ª Semana Acadêmica de Comunicação da UFSM, a SECOM, teve, no meio da segunda tarde de atividades, uma palestra de Marcos Borba, coordenador geral da TV OVO – Televisão Oficina de Vídeo Oeste da cidade de Santa Maria.
Editor da TV UNIFRA e também editor da TV Câmara, ambas fixadas na cidade, Marcos Borba ministrou a palestra “TV OVO: há 14 anos trabalhando com comunicação comunitária em Santa Maria” no Prédio 67 do campus da UFSM. A fala mostrou as várias atividades da instituição e o seu papel comunitário para a cidade. A TV OVO, que não tem fins lucrativos, existe desde 1996, quando surgiu no bairro Caramelo, na Zona Oeste de Santa Maria. Durante a palestra, as atividades foram sempre intercaladas com a mostra de diversos vídeos feitos pelos alunos da instituição.
A TV OVO tem por objetivo dar espaço e visibilidade para um segmento de periferia que não tem lugar na grande mídia. Para Marcos Borba, a principal meta é ajudar na mobilização social da comunidade em questão e criar uma identidade da população de baixa renda.
Finalizando a palestra, o coordenador geral da TV OVO relatou toda a história da instituição – desde os primórdios, em 1996, quando ela surgiu como uma oficina de vídeo, direcionada ao público jovem, passando então pelos anos de 1999 a 2003, época em que a TV OVO assumiu uma parceria com a Fundação Cultural Piratini – Rádio e Televisão, co-produzindo o programa Povo Gaúcho, que ia ao ar pela TVE-RS. Nos dias atuais, foi firmada uma parceria com o canal Futura. A palestra de Marcos Borba foi de extrema importância para o público que participa da 35ª SECOM, mostrando a comunicação alternativa aplicada à realidade local.
William Vinderfeltes
Uma experiência de jornalismo popular
“Jornalismo Popular como experiência-laboratório” foi o tema do debate que contou com as presenças dos professores Demétrio Soster (UNISC) e Márcia Amaral (UFSM). Demétrio iniciou sua fala colocando em pauta a legitimidade do jornalismo não convencional, de caráter mais popular, dizendo que no passado esse tipo de publicação sempre foi mal vista ou relacionada à vida sindical.
O professor teve contato com o jornalismo popular quando ministrou a cadeira “Produção em Mídia Impressa” na UNISINOS, no ano de 2008. Os acadêmicos elaboravam um jornal trimestral, o Enfoque Vila Brás, sobre a identidade de uma comunidade periférica de São Leopoldo, de forma diferente da que a grande mídia impressa abordava rotineiramente. Demétrio destaca que a experiência-laboratório foi muito rica e interessante, pois não se resumia à feitura do jornal fazendo com que, aos poucos, os alunos conseguissem enxergar um cenário que eles não estavam acostumados a ver. O trabalho foi bem recebido e como resultado houve a expansão para outros meios: blog, twitter, TV, Flickr e rádio web.
Para complementar, Márcia Amaral comentou sobre a dificuldade de se colocar no lugar e no mundo em que vive o outro, porque, muitas vezes, falta percepção aos jornalistas. Esse, conclui, é o desafio do jornalismo popular.
Kamila Baidek e Lara Machado
Comunicação alternativa em pauta
A comunicação popular e alternativa no Brasil foi o tema da palestra ministrada por Leonardo Martins de Freitas, mestre em Operações Militares/Comunicação pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, no segundo dia de atividades da 35ª SECOM. A palestra iniciou com a exibição de um curta-metragem produzido pela equipe de uma rádio comunitária de Porto Alegre. As dificuldades enfrentadas pelas comunidades para criar um veículo de comunicação voltado ao público da periferia foi um dos principais pontos apontados pelo palestrante.
Leonardo ressaltou que nosso bem maior é a informação, que só será plena se estiver atrelada à democracia. Essa situação de plena democracia na comunicação não se encontra nos veículos tradicionais familiares, mas sim nos meios de comunicação alternativos, nascidos nas comunidades, com uma proposta editorial voltada a atender às demandas dos excluídos.
Natural de Bagé e criado na Bahia, Leonardo lembrou os tempos em que lia literatura de cordel, que considera ser um dos primeiros tipos de comunicação alternativa. Um dos destaques da palestra foi a mostra dos dois últimos vídeos: o primeiro, Uma Onda no Ar, que conta a história da criação de uma rádio comunitária na cidade de Belo Horizonte; e o segundo, um programete produzido pela equipe da TV OVO com os integrantes de uma rádio comunitária no Bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria.
Marlon Dias
Uma manhã dedicada à sétima arte
No primeiro dia de oficinas da 35ª SECOM, o professor Rogério Koff, diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM, ministrou a oficina de “História do Cinema”. Apaixonado pela sétima arte, o oficineiro falou durante três horas sobre os marcos que revolucionaram o cinema, desde a invenção do cinematógrafo, pelos irmãos Lumière, até os efeitos especiais característicos dos blockbusters do cinema norte-americano moderno.
Sua fala foi ilustrada pela exibição de trechos de filmes. Entre eles, destaque para “Chegada do trem à Estação de Ciotat”, filme exibido pelo irmãos Lumière em 1895, na cidade de Paris. O filme de poucos minutos consistia apenas em uma câmera fixa, registrando o movimento da Estação.
A evolução da linguagem cinematográfica e os truques utilizados pelos diretores foram os temas da segunda parte da oficina, com a análise da clássica cena do assassinato de Marion, em Psicose, de Alfred Hitchcock. Por fim, Koff convidou os participantes a analisar uma cena do filme argentino O Segredo de Seus Olhos, melhor filme estrangeiro de 2010, além de sortear dez livros de sua autoria aos presentes.
Marlon Dias
Maratona fotográfica abre a quinta-feira
Ministrada pelo professor Leandro Stevens, a Maratona Fotográfica acontece nesta quinta-feira a partir das 9 horas manhã. Os inscritos na atividade devem levar sua própria câmera e consultar o regulamento específico da atividade. O ponto de encontro é aFACOS Agência, e os três melhores competidores ganharão livros cedidos pela Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, a CESMA, uma das apoiadoras oficiais da SECOM.
Clique aqui para conferir o regulamento da Maratona Fotográfica.
Nesta quinta-feira, outras quatro oficinas marcam a programação da Semana de Comunicação: Jornalismo Literário no Cinema, primeiro dia (com o professor Paulo Roberto Araújo, da UFSM), Planejamento de Campanha, primeiro dia (com a professora Patrícia Saldanha, da UFF-RJ), Realização Audiovisual, primeiro dia (com o cineasta Beto Matos), e Uma viagem ao mundo do Rock: onde tudo começou e para onde vamos (com Márcio Grings, coordenador de programação da Itapema FM Santa Maria).
Começa a SECOM
O primeiro dia da 35ª Semana de Comunicação da UFSM começou antes mesmo da abertura oficial do evento. Às três horas da tarde, enquanto o Credenciamento prosseguia diante do simbólico “Radião” da Faculdade de Comunicação Social (FACOS), dois atos simultâneos animaram a tarde daqueles que já haviam pego seu material relativo à Semana Acadêmica.
Numa cerimônia luxuosa e repleta de convidados como o Reitor da UFSM Felipe Müller, o português Aníbal Bragança, professor da Universidade Federal Fluminense, proferiu as palavras da Aula Inaugural do Curso de Produção Editorial. Ao mesmo tempo, dentro da FACOS, a argentina Celeste Silva, natural de Tucumán, apresentou seu trabalho pesquisando os Coletivos de Comunicação Popular na Argentina.
Quando a tarde findou, foi a vez de iniciar para valer os trabalhos da Semana, com os discursos da Cerimônia de Abertura e a distribuição da 11ª edição da Revista .TXT, produzida pelos acadêmicos de Jornalismo da FACOS. Após a fala da professora Ada Cristina Machado da Silveira, chefe do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, os coordenadores gerais do Diretório Acadêmico Mario Quintana (DACOM), Gabriela Moraes e Maurício Brum, fizeram seu pronunciamento. Além de destacarem os recordes de inscrições batidos por esta edição do evento e as dificuldades encontradas para viabilizar uma SECOM com tantas atrações, foi manifestada a posição do Diretório, frontalmente contrária ao aumento das tarifas das passagens de ônibus em Santa Maria, aprovado na última segunda-feira.
Na sequência, o jornalista e escritor Aldyr Garcia Schlee, recém-indicado ao Prêmio Fato Literário na categoria Personalidade, fez a palestra de abertura da Semana. Enfileirando recuerdos fronteiriços, causos platinos e ficções futebolísticas, Schlee falou da sua experiência no jornal Última Hora, da paixão pelo desenho e a organização de projetos gráficos, e enredou pelos caminhos da literatura. Finalizou a fala brindando a plateia com a leitura de um trecho do seu livro Don Frutos, sobre José Fructuoso Rivera (primeiro e terceiro presidente do Uruguai) – a obra, inédita, ainda está em fase de revisão e que só deve ser lançada no final do ano.
Aldyr Garcia Schlee ainda fez uma breve sessão de autógrafos depois da fala. O DACOM adquiriu exemplares da sua obra mais recente, Os limites do impossível (que deu título à palestra), e disponibilizará para venda ao longo da SECOM, ao valor de 30 reais. A Semana Acadêmica prossegue com uma programação intensa nesta quarta-feira: são dez eventos, entre oficinas, palestras, debates e painéis.
Apresentação de trabalho
Hoje, enquanto o credenciamento estiver ocorrendo, uma apresentação de trabalho marcará a programação prévia à abertura oficial da SECOM. Às 15 horas, acontecendo simultaneamente à Aula Inaugural do Curso de Produção Editorial (ministrada pelo professor Aníbal Bragança, da UFF-RJ, e marcada para o Auditório da FATEC no Prédio 67), a argentina Celeste Silva expõe sobre a sua experiência nos coletivos de Comunicação de Tucumán, Argentina.
A apresentação ocorre às 15h, na sala 5136 do prédio 21 (Faculdade de Comunicação Social).
Último dia para entregas
Segunda-feira, 18 de outubro, véspera do início da SECOM – e também o último dia para os interessados em participar da Semana e do Prêmio Anual de Comunicação (PANC) entregarem seus comprovantes de pagamento e os trabalhos que pretendem inscrever para concorrer ao PANC.
Quem ainda não enviou seu comprovante, pode fazê-lo até às 23h59min de hoje, mandando para o e-mail inscricao.35secom@gmail.com. A Comissão Organizadora ressalta que é imprescindível que o comprovante seja enviado por e-mail, uma vez que grande parte dos depósitos e transferências não são identificados. Se você pagou e não conseguiu enviar a imagem do comprovante para o e-mail supracitado – ou se não recebeu o e-mail de confirmação como resposta -, mostre o documento no ato do credenciamento, amanhã.
Já para os inscritos no PANC podem fazer a entrega dos seus trabalhos até o final da tarde de hoje, na Secretaria dos Cursos de Comunicação Social da UFSM.
Pagamentos prorrogados
Os pagamentos das inscrições para a SECOM e para a festa do PANC foram prorrogados até a sexta-feira, dia 15 de outubro. As inscrições para o evento permanecem com a data de encerramento original, o dia de hoje, 14 de outubro.
Alteração de pré-requisito em categoria do PANC
Os concorrentes às subcategorias do PANC de Publicidade e Propaganda que necessitam de entrega de material impresso devem, agora, imprimir 1 cópia colorida do trabalho, 1 digital e as demais (1 ou 2) em preto e branco.
Não deixe de participar do 3º Prêmio Anual de Comunicação!
As inscrições para a terceira edição do Prêmio Anual de Comunicação (PANC) foram prorrogadas para o dia 15 de outubro, sexta-feira. A entrega dos trabalhos poderá ser feita até a segunda-feira 18 de outubro, na Secretaria dos Cursos de Comunicação Social, Prédio 21 da UFSM. Para mais informações, consulte a página do PANC.
Aníbal Bragança abre o curso de Produção Editorial
Aula Inaugural na SECOM
O curso de Produção Editorial, mais novo integrante da família de habilitações da Faculdade de Comunicação Social da UFSM, cuja primeira turma ingressou no segundo semestre letivo de 2010, terá sua Aula Inaugural incluída na programação da 35ª SECOM. O evento acontecerá na tarde do dia 19 de outubro, terça-feira, poucas horas antes da abertura oficial da Semana Acadêmica. A Aula vai ser ministrada pelo professor Aníbal Bragança, da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ).
Relações Públicas
Palestra com Rodrigo de Oliveira
Oficina de escrita de contos
Walmor Santos
Relações Públicas
Oficina com Júlia Munareto
No dia 20 de outubro, quarta-feira pela manhã, a relações públicas Júlia Munareto vai ministrar a Oficina “Relações Públicas na Produção de um Evento Cultural”. Júlia trará conceitos minuciosos de todo o processo de organização do evento, valendo-se da experiência como diretora da OPSs! Comunicação e Eventos.
Para mais informações, consulte o perfil da 35ª SECOM no VOCCIE, patrocinador da Semana de Comunicação da UFSM. Aproveite a passagem e crie você também um perfil nessa inovadora rede social!
Intervenção Artística
Performance Audiovisual: Fluxo
Fluxo é uma obra audiovisual baseada no trabalho colaborativo e busca promover diferentes relações com o espaço e, fundamentalmente, o tempo, afinal, a obra surge com a manipulação das imagens e sons ao vivo pelos artistas Fernando Codevilla e Rafael Berlezi.
Através do processo adotado pelos artistas, em que se compartilha o momento da elaboração da obra entre quem a produz e quem a recebe, incorpora-se o acaso ao processo. Deste modo, baseada no improviso, a obra se torna única, um momento efêmero que reforça a noção continuidade durante uma ação em que se propõem uma imersão coletiva em um ritmo sonoro-visual.
Vito Giannotti: la conferenza di mercoledì
Vito Giannotti
Vito Giannotti nasceu há 67 anos, na Itália. Em 1964, se mudou para o Brasil e começou a trabalhar como metalúrgico em São Paulo. Estudou sociologia por um ano, mas largou o curso para militar no movimento operário.
Giannotti foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e especializou-se em Comunicação Sindical e Popular. Na década de 90, fundou, no Rio de Janeiro, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) com outros profissionais da área, a fim de melhorar a comunicação dos trabalhadores para construir um mundo com justiça e sem exclusão. Partia da certeza de que sem comunicação não há possibilidade de os trabalhadores lutarem para alcançar a hegemonia política na sociedade.
“Quem quer que não haja criança pedindo esmola é de esquerda.” (Vito Giannotti)
A palestra de encerramento: Marcelo Canellas
Marcelo Canellas
Jornalista, nasceu em Passo Fundo no ano de 1965 e veio à Santa Maria para cursar Jornalismo na UFSM. Nos anos oitenta, foi membro do Diretório Acadêmico Mario Quintana. Formado, inaugurou a carreira profissional na editoria de Polícia do jornal A Razão. Agradou e foi trabalhar na RBS, já na área televisiva.
Anos depois passou à filiada da TV Globo em Ribeirão Preto, de onde enviou a primeira matéria para o Jornal Nacional. Tratava-se de um relato sobre o casamento de um preso em Jaboticabal, no interior paulista. A ocasião mobilizou toda a delegacia: os policiais serviram de testemunhas e o delegado foi o padrinho. Em 1990, se transforma em repórter especial da TV Globo do Rio de Janeiro.
No início da década, cobre a chacina da Candelária e a queda do ainda presidente Fernando Collor de Melo. Migra para Brasília, onde segue com as reportagens que abrangem os direitos humanos na temática. Na década seguinte, viaja para o Egito e para Cuba, em reportagens especiais para o Globo Repórter.
Com o trabalho consolidado, recebeu prêmios como o Nuevo Periodismo, em três oportunidades. Colunista do jornal Diário de Santa Maria, retorna à cidade para a 35ª Semana Acadêmica da Comunicação Social.
A palestra de abertura: quem é Aldyr Garcia Schlee?
Aldyr Garcia Schlee
Jornalista, escritor e fronteiriço de vida e obra. Nasceu em Jaguarão em novembro de 1934 e hoje mora em Capão do Leão, que fica ali perto – nada que signifique que Aldyr não andou pelo mundo. Aos dezoito anos, ganhou um concurso e o reconhecimento que perdura até hoje – foi dele o modelo “canarinho” da seleção brasileira, substituindo o branco que até então não significava título mundial algum.
Como prêmio, levou vinte mil reais e um estágio no jornal Correio da Manhã. Enquanto jornalista, conquistou o Prêmio Esso em 1963, em reportagem para o Diário Popular de Pelotas. Foi redator e repórter do jornal Última Hora, de Porto Alegre, e fundou a Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas. Veio o golpe militar, a ditadura e a perseguição – preso, Aldyr deixou a Universidade.
Se a biografia como jornalista é rica, talvez seja ainda mais gloriosa quanto aos contos. Escreveu “O dia em que o Papa foi a Melo” em 1991, primeiro em espanhol – a publicação deu origem ao filme “O Banheiro do Papa”, um dos mais vistos nos cinemas de Porto Alegre em 2009. Aliás, Aldyr talvez seja mais lido no Uruguai do que no Brasil. Apaixonado por futebol, torce pela seleção uruguaia e para o Brasil de Pelotas – há pouco, escreveu o prólogo do livro “A noite que não acabou”, sobre o trágico acidente que tirou a vida de dois jogadores e de um membro da comissão técnica do clube.
Há mais contos: os mais novos deles estão no livro “Os limites do impossível”, sobre o nascimento do cantor de tangos Carlos Gardel, lançado em 2009 pela editora ARdoTEmpo. Atualmente, habita um sítio em Capão do Leão. Mas vem a Santa Maria para a 35ª Semana Acadêmica da Comunicação Social.