Você sabia que para atuar profissionalmente como contadores, os formados no curso de Ciências Contábeis precisam fazer uma prova aplicada pelo Conselho Federal de Contabilidade, tal qual a prova da OAB para os discentes de Direito? E que, apesar dos índices normalmente baixos de aprovação, a UFSM teve uma aprovação de 66% no ano de 2022? Este é o Exame de Suficiência do CFC, e é com o objetivo de preparar os discentes para o exame que o projeto Simulado Contábil foi criado.

Em relação ao baixo nível de aprovação nacional na prova, a docente do Departamento de Ciências Contábeis e coordenadora do projeto, Cláudia de Freitas Michelin, comenta que é uma prova complexa, com questões longas e duração de 4 horas. A média brasileira de aprovação no teste em 2021 foi de apenas 22,7%, enquanto o Rio Grande do Sul teve uma colocação mais alta, de 30%, mas que ainda é um índice baixo. “O próprio Conselho Federal não consegue entender o porquê, se a matriz curricular dos cursos possui lacunas, ou se a banca da prova talvez não tenha um alinhamento com os conteúdos das matrizes”, explica a docente. Também relata que, dentre os discentes que fizeram o teste e participaram do simulado da Universidade, houve uma aprovação de 85%.

Desde 2019, o projeto Simulado Contábil consiste na formulação de uma prova similar ao exame CFC, como um curso preparatório para o ENEM, por exemplo. A coordenação da iniciativa é feita pelas docentes Cláudia e Cristiane Krüger, do mesmo Departamento. “Além de passar por toda a graduação e se formar, também prestam uma prova que é feita pelo Conselho Federal de Contabilidade, e ele tem que atingir 50% das questões para conseguir essa aprovação e o registro profissional”, explica  Cláudia.

As parcerias do projeto incluem: o Conselho Regional de Contabilidade para auxiliar na divulgação do projeto, em eventuais premiações de livros por sorteio ou número de acertos na prova para o incentivo, e a presença no dia do simulado, entregando materiais informativos sobre o que fazer após a aprovação do registro profissional, junto aos integrantes do projeto; o vice-presidente de Controle Interno do CRC-RS, Paulo Gilberto Comassetto também é um “grande entusiasta do projeto”, conta Cláudia; outras instituições que oferecem o curso de Ciências Contábeis, como a FADISMA, FAMES e o Colégio Politécnico, que possui o ensino técnico em contabilidade; e por fim professores do departamento de Ciências Contábeis e de outros departamentos da Universidade, como do Direito e da Educação.

O teste simulado desenvolvido pelo projeto visa oferecer uma experiência o mais próxima possível do verdadeiro exame, com o mesmo tamanho e tempo de duração da prova original, com questões formuladas por professores do departamento e o apoio dos bolsistas, misturando perguntas modificadas dos exames de suficiência anteriores e questões originais. “As questões são formuladas por nós [participantes do projeto], e mais a supervisão de professores por áreas, temos um banco de questões atualizado periodicamente. Procuramos colocar sempre o gabarito comentado depois, para eles aprenderem com o que erraram”, conta Cláudia.

O simulado já foi realizado duas vezes por ano em seu início, mas por conta da quantidade extensa de trabalho exigida passou a acontecer uma vez ao ano, com o primeiro semestre dedicado à realização de aulões online e compartilhamento de dicas nas redes sociais, e o segundo semestre a aplicação da prova. “Os aulões são realizados por professores da UFSM e das outras IES parceiras, e eles trazem pistas e dicas do que pode cair na prova. Esses primeiros aulões antes da pandemia eram presenciais e a gente convidava os discentes para participar, e depois começamos a fazer gravações que ficam disponíveis no canal do Diretório Acadêmico no YouTube”, comenta a docente. 

Como bolsista, o discente de Ciências Contábeis, Cássio Ribeiro de Souza, realiza a manutenção das questões e a organização das redes sociais do projeto. Por meio do Instagram @simuladoctb.ufsm, ele realiza postagens semanais com questões comentadas, dicas do que poderá cair na prova, informações para o discente se atentar, entre outros. “Me agregou muito. Essa parte de redes sociais eu não tinha experiência nenhuma, foi através das docentes Cláudia e Cristiane que me incentivaram. E em buscar as questões nas provas antigas eu acabo aprendendo muito, e também já sei como funciona a prova e vou inteirando meus colegas”, conta Cássio. 

Cláudia declara a importância que o projeto tem para a comunidade, por proporcionar Educação em um cenário que por muitas vezes é de difícil acesso: “Acreditamos que o nosso projeto ajuda, de alguma forma, esses discentes a buscarem essa preparação. É um projeto que está consolidado há quatro anos e estão sendo bem bacanas os resultados, é uma forma que encontramos de ser uma oportunidade a mais”.

A docente ainda explica que o simulado é oferecido gratuitamente, mas que são realizadas arrecadações de doação por parte dos discentes que fazem a prova. “Já entregamos leite para o lar de idosos Vila Itagiba, em outra edição a gente entregou alimentos não perecíveis no Centro de Apoio à Criança com Câncer (CAAC). Sempre escolhemos uma instituição que está precisando e, para realizar a prova, os candidatos do Simulado trazem a doação de um alimento. Essa é a nossa moeda de troca”.