Número: 051208
Nome do projeto: Esperançando
Coordenação: Alice Lameira Farias
Objetivo geral: Fomentar uma rede de cooperação para auxiliar os jovens que ao completarem os 18 anos precisam deixar o abrigo onde moravam.
Linhas de extensão: Grupos Sociais Vulneráveis
Período de realização: 06/03/2019 a 31/12/2023
ODS: 01, 04, 10
Nos sábados à tarde, no prédio da Antiga Reitoria, jovens se reúnem com o mesmo objetivo: desenvolver autonomia para “emancipar-se”. Nele, os adolescentes aprendem, de maneira descontraída, diversos assuntos (desde como se locomover de transporte público na cidade, até sobre Bullying, drogas e violência). Na minha visita em uma das reuniões, o espaço em que o grupo estava era preenchido por balanços, quadros interativos, pufes coloridos, conversas e risadas que criavam um ambiente aconchegante.
Naquela tarde, os participantes do Programa de Extensão Sumo Educacional realizaram uma atividade com os jovens, que inicialmente sentaram-se à mesa de maneira tímida, porém, durante o jogo se tornaram descontraídos. Entre risadas e expectativas aprenderam sobre as profissões e suas funções na sociedade, além de praticarem a matemática e a leitura.
Esperançando foi o nome dado pelos primeiros participantes da ação, que atende jovens de 14 a 20 anos que moram ou já deixaram as instituições de acolhimento de Santa Maria. Neste espaço eles encontraram um lugar de novas oportunidades, depois de terem deixado os ambientes em que moravam, como o Lar de Mirian e Mãe Celita e Aldeias Infantis SOS. A iniciativa promove atividades que desenvolvem a autonomia, auxiliam na busca por emprego e organizam doações de móveis e roupas.
A ação surgiu em 2019, devido a preocupação do Grupo de Incentivo à Adoção (GAIA), com o destino dos jovens perto da maioridade, que residiam em instituições de acolhimento. A servidora TAE do CCSH e coordenadora do Esperançando, Alice Lameira Farias, que na época fazia parte do Gaia, contou com a ajuda da docente do Departamento de Ciências Administrativas, Luciana Traverso, e da servidora da Proplan, Elisete Kronbauer para criar o projeto. “Eles [os adolescentes] acabavam tendo que deixar a instituição de acolhimento sem ter como se manter, sem ter uma casa para morar e sem ter condições de um mínimo sustento”, afirma Alice.
A iniciativa já atendeu mais de 60 adolescentes. Participante desde 2019, Daiane da Costa Pereira, relata sua experiência: “Consegui alugar uma casa para mim, estava trabalhando. Só que eu não tinha nada. Não tinha móveis, nem nada. Então chamei a Alice e o projeto fez uma arrecadação de móveis. E eles conseguiram (os móveis) para me ajudar, para eu ter na minha casa.”
AS FRENTES DO PROJETO
A ação é dividida em cinco frentes de trabalho: Comunicação, Renda, Moradia e cidadania, e Educação, além do chamado Plano de Acompanhamento Individual do Adolescente (PAIN), um programa coordenado pela Psicóloga Karina Pacheco e realizado por Psicólogas voluntárias que, juntamente com os participantes, elaboram um plano de vida.
A frente de comunicação, coordenada pela docente do Departamento de Ciências da Comunicação, Cristina Marques Gomes, realiza a divulgação de atividades e gerencia as redes sociais: instagram e facebook).
Coordenada pela docente Luciana Traverso, a frente do mercado de trabalho encaminha os jovens para as empresas através do Jovem Aprendiz. De acordo com Alice, a iniciativa busca oportunidades de emprego em empresas indicadas pelo Ministério Público do Trabalho: “Sinalizando uma possibilidade de trabalho, entramos em contato com as instituições de acolhimento onde esses adolescentes vivem. Solicitamos todas as documentações necessárias e eles começam a frequentar a turma de jovem aprendiz”.
Atividades voltadas ao reforço escolar são realizadas pela frente da Educação, coordenada pela docente do Departamento de Metodologia de Ensino, Jane Marques. Nela são realizadas inscrições para as provas do Encceja, que permite aos participantes concluírem o ensino fundamental e médio.
Na frente coordenada pela Assistente Social, Ailyn Bueno, moradia, cidadania e assistência social trabalham juntas. A promoção da cultura e pertencimento dos espaços da cidade acontece por meio de visitas em teatros, Mantenedouro São Braz e o Shopping. Além da realização de arrecadações de móveis e utensílios domésticos para dar suporte a nova moradia desses adolescentes.
Atualmente a iniciativa tem uma equipe de 27 pessoas, sendo oito servidoras da UFSM, oito profissionais liberais e onze discentes universitários. Segundo Alice, o projeto contribui para uma formação mais humanizada dos bolsistas e voluntários. “Acho que agrega muito para eles entenderem a realidade, que na verdade o público-alvo do projeto é bem sucinto, mas que não é visto pela sociedade em geral. Então é importante levar os discentes a conhecerem essas situações”, comenta a coordenadora. Tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão, do Observatório de Direitos Humanos e do Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM. Além de ter diversas parcerias, como as Instituições de Acolhimento, Ministério Público do Trabalho, Juizado de Infância e Juventude de Santa Maria, empresas do setor privado e doações da comunidade
Na sala com o nome “Esperançando”, os participantes se reúnem para realizar o lanche organizado pela ação. Pinturas coloridas, feitas pelos próprios adolescentes, atraíram minha atenção instantâneamente. São desenhos e frases que podem ter diversos significados, e transformam o ambiente. Acredito que aquele lugar, preenchido por risadas e leveza, é a essência do projeto, e representa um espaço de esperança para que esses jovens, além de desenvolver autonomia, possam se sentir acolhidos e amparados.
Texto por: Júlia Almeida