Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população brasileira acima dos 60 anos aumentou de 11,3% em 2012,  para 15,1% em 2022. Frente a esse crescimento de pessoas idosas, é indispensável a implementação de políticas públicas que garantam a qualidade de vida dessa parcela da população. A Avaliação Multidimensional da pessoa idosa (AMD), presente na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, é uma diretriz do Ministério da Saúde que auxilia na compreensão da trajetória de vida do indivíduo até a terceira idade. Avalia a capacidade funcional, a saúde mental e fisiológica, o nível de autonomia e a rede de apoio desse indivíduo.   

O projeto promove a qualidade de vida da pessoa idosa por meio da qualificação dos profissionais de saúde. Devido a complexidade da AMD, a ação ministra oficinas e palestras de capacitação, além de atuar no assessoramento dos agentes de saúde dos doze municípios pertencentes a 8º Coordenadoria Regional de Saúde de Cachoeira do Sul.

Segundo a docente do Departamento de Serviço Social, diretora do CCSH e coordenadora da iniciativa, Sheila Kocourek: “O trabalho começou a ter uma relevância, de modo que a Oitava Coordenadoria Regional de Saúde de Cachoeira do Sul nos convidou para fazer um trabalho mais ampliado, de assessoramento aos municípios de toda a região”. O projeto surge da dissertação de uma discente do Mestrado de Gestão de Organizações Públicas, que identificou a dificuldade dos profissionais do município de Arroio do Tigre em realizar a Avaliação Multidimensional. “A ação de extensão nasce como um projeto de pesquisa, surge como uma resposta a um problema que foi identificado neste município”, afirma a docente.  

A ação produziu o guia “Promoção da Saúde da Pessoa Idosa: Estratégias para o Cuidado na Atenção Básica” em parceria com a docente do Departamento de Comunicação, Elisângela Mortari, e a fisioterapeuta Xavéle Petermann. Direcionado aos profissionais da atenção básica, busca estimular a construção de ambientes propícios para o envelhecimento e a promoção da qualidade de vida das pessoas idosas. O material é distribuído para as unidades básicas de saúde e está disponível também no formato digital. Neste ano o projeto foi indicado a um prêmio no Congresso Nacional das Secretarias Municipais de Saúde em Goiânia, após ganhar o segundo lugar no prêmio de Melhor Experiência Positiva no SUS do Rio Grande do Sul durante o evento regional. 

Para que os profissionais respeitem a autonomia e o contexto da pessoa idosa, a iniciativa trabalha desde a comunicação com esses indivíduos. “Há uma tendência de infantilizar o idoso, e muitas vezes acontece de a pessoa ir a uma consulta acompanhada de um familiar e o médico não falar com o idoso. Então trabalhamos nesse sentido também de sensibilizar que o idoso pode falar por si”, explica a coordenadora. 

Participam da iniciativa discentes dos cursos de Serviço Social, Enfermagem e Fisioterapia. Segundo Sheila, o contato com outra realidade contribui para formação desses discentes e se torna uma experiência de intercâmbio com o conhecimento que os profissionais trazem. Sobre a importância do projeto, a coordenadora acredita que trabalhar com uma diretriz que promove a qualidade de vida desse idoso, contribui para a sensibilização dos gestores dos municípios. “A medicina conseguiu garantir mais anos à vida, mas agora temos que dar mais vida aos anos. Porque não adianta só ter mais anos, mas ser uma vida ruim, com muitas dificuldades, doenças e problemas de vida. Então qualificar esses anos de vida é o nosso desafio, e acho que o projeto tem isso como horizonte”, declara a coordenadora.