O patrono da diplomacia brasileira, Barão do Rio Branco, foi uma das mais importantes figuras da história do Brasil, prestigiado por incorporar 900 mil km ao território brasileiro (Acre, Amapá e Palmas) sem conflitos armados. Apelidado de Juca durante a adolescência, o Barão representou o desenvolvimento da política externa brasileira e contribuiu na consolidação das fronteiras do País.

O projeto “Juca nas escolas” foi nomeado em homenagem a esse importante diplomata, e desde 2015 promove a política externa brasileira nas escolas da Quarta Colônia e Santa Maria. Segundo o docente do Departamento de Economia e Relações Internacionais e coordenador da ação, Günther Richter Mros, a iniciativa procura incentivar o estudo como uma forma de emancipação. Temas mais distantes dos alunos de ensino fundamental e médio, como o universo das Relações Internacionais, também são explorados pelo projeto: “a política externa brasileira é uma política pública como qualquer outra e desta forma as pessoas do dia a dia devem se envolver, porque o que é decidido na agenda internacional do Brasil se reflete na vida e cotidiano das pessoas”, afirma o docente.

Atualmente o foco de trabalho da iniciativa são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) – também conhecidos como Agenda 2030, são 17 metas globais que visam a melhoria no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Os cine debates promovidos pela ação, as atividades com as escolas e os materiais que serão produzidos, são baseados nesta temática.

O projeto possui três ações consolidadas, conta com a participação de docentes e discentes de diversos departamentos, e possui parcerias com a Pró-Reitoria de Graduação, Pró-reitoria de Extensão, os Geoparques, o Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), as Secretarias de Educação dos Municípios e com o projeto de Extensão Cineclube da Boca.

Os Cine debates são realizados em parceria com o projeto Cineclube da Boca. A cada sessão são exibidos curtas metragens e, logo após, é promovido o debate com alunos, professores convidados e participantes do projeto. Segundo Günter a falta de transporte para levar os estudantes de escolas públicas até o Campus é a maior dificuldade para ampliação desta atividade: “O meu maior receio hoje é que a ação do Cine debates se transforme em uma ação de colégios particulares”. O projeto também ministra palestras para turmas do ensino fundamental e médio, além de produzir cartilhas e manuais didáticos sobre as ODS, que auxiliam professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem da temática.

Inicialmente a ação atendia apenas escolas de ensino fundamental, porém neste ano foi realizada a primeira palestra com ensino médio, no Município de Nova Palma. Participante do Juca desde 2022, a discente de Relações Internacionais, Isadora Brandt Fabrício, explica que são feitas adaptações para trabalhar os conteúdos de política externa brasileira, e que a ação busca torná-los mais acessíveis para crianças e jovens dessas escolas. “Tentamos deixar de lado palavras mais complicadas e trazer sinônimos mais fáceis, com slides mais visíveis e claros para os estudantes entenderem, também tentamos fazer comparações com a realidade deles, isso tanto para o ensino médio, quanto para o fundamental”, afirma Isadora.

Natural da região de Quarta Colônia, o discente de Relações Internacionais, Victor de Lima Maffini, conta sobre a experiência de retornar para a escola em que estudou, agora para compartilhar os conhecimentos que está construindo na graduação. “Minha família mora na Quarta Colônia, eu cresci lá, então poder voltar e ter uma atuação na escola onde eu estudei a vida toda, foi bem legal”, afirma Victor. O estudante relata que a participação no projeto contribui para o desenvolvimento da oralidade, o trabalho em equipe e a percepção de conseguir relacionar e simplificar diversos assuntos.

Neste ano o Juca nas escolas produziu um site com todas as ações que foram desenvolvidas. A iniciativa pretende estender o projeto para o ensino fundamental, trabalhar com professores para o envolvimento ativo dos alunos em ações nas suas localidades, produzir materiais didáticos e trabalhar com mais escolas de Santa Maria. Segundo Günter, a importância de levar a política externa para as escolas é a relação dos alunos com a atenção e fiscalização das políticas públicas. “O que importa é que desde pequenos, eles já estão entendendo que esta não é uma área da elite do Brasil, eles estão ouvindo de discentes de Relações Internacionais que esta é uma área que trata de política pública e desta forma é um assunto deles”.