Ao som do quarteto de cordas da Orquestra Sinfônica de Santa Maria, a 37° edição da Jornada Acadêmica Integrada (JAI) teve início na manhã desta segunda-feira, sete de novembro, no Centro de Convenções da UFSM. Junto à apresentação musical, houve uma solenidade de abertura, que incluiu a entrega de premiações para sete servidores da Universidade e um membro da comunidade externa, além de uma palestra sobre a relação entre tecnologia e mercado, primeira atividade da série de eventos marcados para ocorrer durante a semana.
A Jornada Acadêmica Integrada busca incentivar a iniciação de alunos de graduação, pós-graduação, e até mesmo estudantes do ensino médio e fundamental no meio acadêmico, através da divulgação e reconhecimento de seus trabalhos de ensino, pesquisa e extensão. Depois de dois anos de JAI online, em decorrência da pandemia de Covid-19, o evento científico retorna à presencialidade em meio à turbulência causada pelos cortes de recursos sofridos pela UFSM ao longo de 2022. De acordo com o Presidente do Comitê Executivo da JAI e Coordenador de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Leandro Souza da Silva, tais questões deram à 37° edição um caráter desafiador. Isso porque, em outubro, a instituição quase precisou cancelar a Jornada Acadêmica, por causa de um novo bloqueio orçamentário, que foi revertido graças à mobilização universitária.
Contudo, mesmo em meio às adversidades, a Federal se destacou nas avaliações dos rankings da companhia britânica Quacquarelli Symonds (QS) e da Times Higher Education (THE), lembrados pelo Reitor da UFSM, Luciano Schuch, em sua fala de abertura: “quando a gente olha esses números em uma Universidade do interior do país, que para muitos fica invisível por não estar em uma capital, [a gente reconhece] o papel de cada um. Não existe árvore que nasça grande e com frutos, ela nasce como uma semente, que precisa ser regada e cuidada gradativamente.” Por meio de analogia, o gestor da UFSM destacou a relevância de eventos como a JAI para o desenvolvimento da Universidade e de seus estudantes, que no decorrer desses cinco dias conhecem pessoas, aprendem novas ideias, entram em contato com diferentes iniciativas e se inserem no ambiente científico. Em razão de tais características, o lema dessa edição do evento é “JAI: onde as conexões começam”.
Destaques Institucionais
Ainda durante a abertura da JAI, houve a entrega de prêmios a sete docentes e técnico-administrativos da UFSM e a um membro da comunidade externa, como forma de reconhecimento aos anos de trabalho e estudo dos servidores e ao trabalho desenvolvido por meio da extensão.
Pelo CCSH, a técnica-administrativa da Secretaria Integrada de Graduação III, Alice Lameira Farias, foi contemplada com o destaque extensão pelo Projeto Esperançando, ao qual ela é coordenadora. “Me sinto muito feliz em trabalhar em uma instituição que me proporciona desenvolver ações que impactam em mudanças significativas na vida de muitos jovens que vivem nas instituições de acolhimentos de Santa Maria, transformando a realidade deles, criando oportunidades e novas perspectivas”, diz Alice. Ela ainda menciona, em agradecimento, o incansável trabalho de toda a equipe de colegas da UFSM, alunos e voluntários do Projeto Esperançando em especial às coordenadoras de cada frente de trabalho, Prof. Luciana Davi Traverso, Prof. Jane Schumacher, prof. Cristina Gomes, a psicóloga Karine Pacheco e a Assistente social Ailyn Bueno.
O projeto Esperançando vem cumprindo com os Desafios e metas do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFSM e também alinha-se com pelo menos 6 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: Erradicação da pobreza; Educação de qualidade; Igualdade de gênero; Trabalho decente e crescimento econômico; Redução das desigualdades; Promoção de sociedades justas, pacíficas e inclusivas.
Projeto Esperançando
O Projeto Esperançando foi criado em 2019 por algumas servidoras da UFSM e participantes do Grupo de Apoio e Incentivo à Adoção de Santa Maria (GAIA-SM) com o propósito de criar e fomentar uma rede de apoio aos adolescentes da cidade que estejam em situação de acolhimento institucional. O projeto é vinculado ao Observatório de Direitos Humanos da UFSM e visa a contribuir com a proteção dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes e com a redução das desigualdades sociais.
O serviço de acolhimento é uma medida de proteção prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para casos de violação ou ameaça dos direitos das crianças e adolescentes. Em Santa Maria, existem duas instituições de acolhimento, o Lar de Mirian e Mãe Celita (LaMi) e o Aldeias SOS Brasil que, atualmente, juntos acolhem cerca de 37 crianças e adolescentes, sendo que 11 deles têm entre 14 e 18 anos.
Antes da promulgação do ECA (1990), as instituições existentes para acolhimento de crianças e adolescentes eram os antigos orfanatos, educandários ou colégios internos, amparadas pelo Código do Menor. Por muito tempo, essas instituições ficaram conhecidas como espaços de abandono, funcionando como grandes instituições fechadas, estando as crianças e adolescentes por elas atendidos isolados da comunidade. Nelas, as crianças e adolescentes permaneciam até completar 18 anos, quando precisavam então, com pouco ou nenhum preparo, deixar as instituições, não existindo portando trabalho para garantir a convivência familiar e comunitária.
A partir da promulgação do ECA, as crianças e adolescentes passaram a ser vistos como sujeitos de direitos e as instituições de acolhimento iniciaram seus processos de adequação aos novos paradigmas. De acordo com o ECA, em seu artigo 92, as entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar, entre outros, os princípios da participação dessas crianças e adolescentes na vida da comunidade local, preparação gradativa para seu desligamento da instituição de acolhimento, e contar com a participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
Saiba mais sobre a abertura da JAI.
Com informações da Agência de Notícias UFSM