O Rio Grande do Sul enfrenta um cenário devastador causado por fortes chuvas que tiveram início em 27 de abril e se intensificaram a partir do dia 29. De acordo com o último boletim emitido pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, publicado na noite da última quarta-feira (8), 417 municípios foram atingidos e 1.476.170 de pessoas foram afetadas pela enchente.
Santa Maria foi notificada como a cidade com maior volume de chuva no mundo no feriado de 1º de maio, conforme dados da MetSul Meteorologia. Em consequência, o coração do Rio Grande do Sul foi abalado com alagamentos e deslizamentos de terra em alguns bairros, o que resultou em cinco óbitos confirmados e mais de 1.000 pessoas desalojadas, número informado pela Defesa Civil municipal.
Frente a esse panorama, a UFSM somou forças à sociedade santa-mariense e criou uma grande rede de assistência e solidariedade. Dentre inúmeras movimentações, setores como a Pró-Reitoria de Extensão (PRE), a Pró-Reitoria de Inovação e Empreendedorismo (PROINOVA) e a Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA) se articularam para atuar em redes de apoio e solidariedade.
SOS Comunidades
O projeto de extensão SOS Comunidades é uma das iniciativas para auxílio às vítimas em Santa Maria. Criado em 2023 para envolver a UFSM no amparo às localidades afetadas pelas enchentes de setembro no Vale do Taquari, o movimento tem apoio do Observatório de Direitos Humanos da PRE, da PROINOVA e da Coordenadoria de Cidadania da UFSM.
A primeira ação foi realizada em 15 de setembro do ano passado, quando estudantes e servidores da Universidade deslocaram-se até o município de Muçum para realizar triagem de roupas, limpeza de casas, preparação de alimentos e demais atividades. Em outubro, alguns voluntários retornaram à região para levar caixas de livros arrecadados e triados. Desde então, o projeto estava em pausa e contava com aproximadamente 35 pessoas que aguardavam as próximas diretrizes. Porém, no início deste mês, com o avanço das fortes chuvas, o SOS Comunidades voltou à cena com voluntários que já possuíam know-how e muita disposição para ajudar. Dividido em subgrupos, o movimento atua nos campos de saúde, recreação infantil, acolhimento animal, limpeza de locais afetados e distribuição de alimentos. Distribuição de alimentos pelo SOS Comunidades. (Foto: SOS Comunidades)
Para ingressar no grupo não é necessário ter formação específica ou experiência profissional, apenas comprometimento, participação ativa, facilidade em trabalhos de equipe e proatividade para somar às ideias, ao planejamento e à execução das ações. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail ufsm.soscomunidades@gmail.com ou pelo perfil do mesmo no Instagram. Segundo a servidora do setor de manutenção da PROINFRA, Mariana Schadeck, há, no momento, mais de 200 voluntários ativos e outros 200 na fila de espera para contribuir.
Ela explica que a fila de espera foi criada para que os organizadores não percam o controle das ações e que, aos poucos, oportunidades e informações são divulgadas. Nos próximos dias, o SOS Comunidades fará uma coleta nas casas de pessoas interessadas em doar. Quem tiver alimentos não-perecíveis, roupas de cama, materiais de higiene e de limpeza ou outros donativos deve preencher o formulário disponível clicando aqui. Além disso, o ponto de coleta fixo no hall da Reitoria da UFSM será mantido e pode-se doar valores para o Fundo Municipal de Defesa Civil de Santa Maria, por meio do PIX CNPJ: 54.060.951/0001-85.
Sobre os próximos passos do SOS Comunidades, Mariana informa que o foco é otimizar o trabalho e criar mais formas de atuação para contemplar todas as pessoas dispostas a se voluntariar. “O povo gaúcho é muito unido nessas horas. A divulgação atraiu muitas pessoas impactadas com a tragédia e interessadas em apoiar de alguma forma e, certamente, nas próximas semanas o trabalho vai exigir mais e mais pessoas”, relata.
Campanhas na UFSM
Campanhas na UFSM, na PRE, nos Centros e na PROINOVA também estão envolvidas na arrecadação e na entrega de alimentos e itens de higiene e limpeza.
Na última sexta-feira (3), 200 cestas básicas foram confeccionadas e levadas por voluntários da UFSM ao Centro Desportivo Municipal – local que está abrigando os cidadãos desalojados e servindo como ponto de coleta e organização de kits de roupas e demais artigos – a pedido da Secretaria de Desenvolvimento Social. Galões e garrafas com água potável. (Foto: PRE-UFSM) Na terça-feira (7), galões e garrafas pet arrecadados foram preenchidos com água e entregues no bairro Lorenzi, na zona sul de Santa Maria, e na comunidade indígena Mbya Guarani. Ao todo, as localidades receberam 710 litros de água, 123 itens de higiene e de limpeza, 302 peças de roupa e mais de 100 quilos de alimento.
Na quarta-feira (8), o setor foi o responsável por distribuir contribuições nos bairros Santa Marta, Urlândia e Campestre do Menino Deus. As regiões receberam, no total, 451 litros de água, 72 itens de higiene e de limpeza, 466 peças de roupa, 8 cobertores, 4 colchões, 2 camas e 149,1 quilos de alimento. De acordo com o pró-reitor de Extensão, Flavi Lisboa, nesta sexta-feira (10), mais entregas serão realizadas. Lisboa ressalta que a campanha ainda está em andamento e que doações podem ser deixadas no hall da Reitoria. O pró-reitor garante que outras ações serão organizadas e divulgadas nos próximos dias e que os donativos continuarão sendo destinados às entidades e comunidades mapeadas pela UFSM. Confira o saldo aproximado de recolhimento da UFSM até a noite da última quarta-feira (8): 541,5 kg de alimentos, 673 itens de higiene e limpeza, 5 kg de ração, 05 colchões, 10 travesseiros, 12 cobertores, 02 camas.
Demais ações em Santa Maria
As mobilizações, assim como os estudantes e servidores engajados, não se limitam ao arco da Universidade. Associações, comunidades e demais coletivos de voluntariado santa-mariense estão aliados com o intuito de recuperar, na medida do possível, o bem-estar físico e psicológico, a segurança alimentar, a integridade e a dignidade das vítimas. Diversos locais têm arrecadado contribuições, abrigado pessoas, preparado refeições, entre inúmeros outros serviços. Alguns deles são a Base Aérea de Santa Maria, a Secretaria de Desenvolvimento Social, a Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (ABAMF), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS Oeste), o Centro Desportivo Municipal (CDM) e o CTG Sentinela da Querência. Uma planilha informacional sobre pontos de coleta e abrigos em Santa Maria foi criada pela dentista Eduarda Mendes, que atua na 4ª Coordenadoria Regional da Saúde. A lista é administrada por ela e sua estagiária, a acadêmica de odontologia pela UFSM e integrante do grupo Vozes das Ruas – que luta pela qualidade de vida da população em situação de rua -, Gabriela Silveira.
Confira a tabela que recebe atualizações diárias em relação à necessidade de doações e ajudantes de cada local por meio deste link.
Texto: Kemyllin Dutra, estudante de jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista