O NEP TERRA – Núcleo de Extensão e Pesquisa em Territorialidade, Extensão e Reforma Agrária da UFSM – e TED/UFSM/Incra – Termo de Execução Descentralizada entre o Incra e a UFSM – estiveram presentes na 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, realizada no dia 20 de março no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão.
A festividade reuniu cerca de 5 mil pessoas para celebrar a expectativa de uma colheita de 14 mil toneladas do grão. O evento destacou a importância da reforma agrária popular para a produção sustentável no RS, especialmente após as enchentes de 2024, que devastaram lavouras e desabrigaram agricultores.
“Foi um ano árduo de trabalho, de união e de muita solidariedade”, comentou Nelson Krupinski, do Comitê Gestor do Arroz Agroecológico. Apesar das adversidades, 2.850 hectares de arroz agroecológico foram semeados, com mais 800 hectares em conversão, nos assentamentos de Viamão, Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, Charqueadas, Guaíba, Tapes e São Gabriel. A produção é realizada por mais de 290 famílias assentadas, todas certificadas na produção de arroz agroecológico.
O presidente do Incra, Cesar Aldrighi, ressaltou o papel da agroecologia na reconstrução do estado. “A agroecologia se faz com muita organização, conhecimento técnico e cooperativismo”, afirmou. Ele anunciou que o Incra auxiliará na recuperação da região com assistência técnica, reconstrução de estradas, crédito Instalação e a liberação do crédito Fomento para mais de 12 mil famílias. Para Lara Rodrigues, dirigente estadual do MST-RS, que também esteve no evento, “a agroecologia não é só o plantar, é produzir a vida. É uma ferramenta de luta que respeita a vida e os seres humanos”.
Alisson Zarnott, professor do Centro de Ciências Rurais e coordenador do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Territorialidade, Extensão e Reforma Agrária (NEP TERRA) e do TED/UFSM/Incra, destacou a participação da equipe no evento. “Celebramos a alegria dos agricultores assentados que, no momento da colheita, demonstram que é possível produzir alimentos respeitando a natureza. Além disso, reafirmamos nosso compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, um objetivo que, sem dúvida, depende do acesso à terra e de políticas públicas que incentivem a agroecologia”, afirmou.
Criado em 1998, o assentamento Filhos de Sepé abriga 375 famílias em uma área de 9,5 mil hectares, sendo o maior assentamento do RS. Destaca-se pela maior lavoura de arroz orgânico da reforma agrária, com 1,6 mil hectares, e está localizado integralmente na Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande. Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Filhos de Sepé, Huli Zang, além do arroz, os agricultores cultivam hortaliças, frutas e produtos de origem animal, em conformidade com os padrões da agricultura orgânica.