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IBGE lança novo mapa-múndi com Brasil no centro



Nas últimas semanas, uma notícia ganhou destaque em todo Brasil: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um novo Mapa-Múndi com o Brasil no centro da projeção. O anúncio ocorreu durante um evento na Casa G20, localizado no Rio de Janeiro.  O evento marcou a divulgação da publicação “Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades com as primeiras análises”, promovida pelo IBGE. A publicação apresenta um conjunto de indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030,  com dados que ilustram as desigualdades de gêneros, cor ou raça, grupos de idade, pessoas com deficiência e até as diferenças entre as regiões brasileiras. Além disso, foram incluídos indicadores selecionados para os países do G20, incluindo o Brasil.

No entanto, o ponto alto do evento foi o lançamento da 9ª edição do Atlas1 Geográfico Escolar, onde é divulgado uma versão do mapa-múndi com o Brasil no centro da projeção. Vale ressaltar que o atlas é uma obra tradicionalmente produzida pelo IBGE e amplamente reconhecida pelo público estudantil. 

Imagens retiradas da Agência de Notícias do IBGE com o Brasil no centro

O novo mapa-múndi apresenta a marcação dos países que compõem o G20 e daqueles países que possuem representação diplomática brasileira e informações básicas sobre o Brasil, como população, área, entre outros dados. A coordenadora-geral adjunta do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), Maria do Carmo Bueno, destacou que o mapa apresenta uma “visão socioeconômica do mundo e do Brasil”. Neste evento, o Diretor da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Protasio, ressaltou que “Nós nos acostumamos a sermos eurocentristas e ser eurocentrista não é ser brasileiro. Marcamos, com esta nova versão do mapa, uma nova postura e uma nova ideia”, finalizou.

O que chamou a atenção da população brasileira, já vem sendo estudado na geografia e em sua área específica a cartografia. Para geógrafos e pesquisadores na área, representar o espaço geográfico confunde-se com a própria história da humanidade. A necessidade de comunicar informações nos materiais disponíveis, esteve relacionada à própria sobrevivência e localização. Os mapas antigos precedem a escrita e a noção matemática, e destacam elementos imprescindíveis para a coletividade local, seja pelos pontos estratégicos, caminhos, aldeamentos, locais de alimentação, etc.

Posteriormente, os mapas estiveram relacionados à busca e necessidade do “rigor” nas representações, obedecendo convenções e técnicas específicas, estando associado aos Estados. Atualmente, observamos um movimento de renovação na cartografia, fazendo parte de um movimento crítico anterior, compreendida no contexto histórico do desenvolvimento da disciplina cartográfica de forma mais geral. “Quem mapeia quem? Para quê se mapeia?” são questões recorrentes e  presentes no debate sobre cartografia crítica social” (Acselrad, 2013, p.5).

O mapa utiliza-se de uma linguagem para transmitir a visão de mundo, seja do mapeador, ou do leitor do mapa, e é “por excelência, parte do discurso geográfico e instrumento da análise geográfica” (Girardi, 2008).  O mapa pode, e deve conter a espacialidade das manifestações culturais e identitárias, além de avaliar criticamente os produtos cartográficos utilizados como ação de poder e domínio territorial. 

Assim, entendemos o mapa como uma linguagem representativa, que utiliza-se da semiologia gráfica, a visualização cartográfica e a modelização gráfica como abordagens cartográficas intercomplementares, para analisar elementos do espaço geográfico de forma integral e crítica. Os mapas então são fontes de conhecimento, portador de textualidade e retórica, e assim, como construções sociais, os mapas são parte do processo de produção do espaço geográfico pelas sociedades. 

Entendendo a Terra como uma esfera (in)perfeita ou geoide2, o centro de qualquer mapa-múndi é uma escolha. O Brasil pode estar no centro, mas você também pode estar no centro do mapa. Mas, mesmo na era do Google Maps, os mapas ainda mantêm o seu valor simbólico.

 

Texto: Vanessa Oliveira, discente do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFSM (bolsista Capes, e a orientadora é a Prof Dra Ana Dominguez (Udelar/PPGGeo)
) e Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE da UFSM.

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1Os Atlas apresentam indicadores e dados textuais de cartografia, sensoriamento remoto, que podem auxiliar os estudantes e o público em geral.

2Geóide é definido como uma superfície equipotencial do campo da gravidade, ou seja, sobre essa superfície o potencial do campo da gravidade é constante, coincidindo, portanto, com uma superfície de equilíbrio de massas d’água.

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Fontes:

 https://atlasescolar.ibge.gov.br/; https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/pt/agencia-home.html;

 https://loja.ibge.gov.br/

Referências Bibliográficas:

Acselrad, Henri (org.). Cartografia social, terra e território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2013. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4578708/mod_resource/content/1/COMP_ACSELRAD%20-%202013%20-%20Cartografia%20Social%2C%20Terra%20e%20Territ%C3%B3rio.pdf

GIRARDI, Eduardo Paulon. Proposição teórico-metodológica de uma cartografia geográfica crítica e sua aplicação no desenvolvimento do atlas da questão agrária brasileira. 2008. 347 f. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2008.

 

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