Promovido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, o Prêmio Pioneiras da Ecologia visa valorizar e reconhecer pessoas e empresas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida socioambiental, através de ações, ideias e iniciativas.
O prêmio tem como inspiração a luta das pioneiras do movimento ambiental no Rio Grande do Sul, Hilda Zimmermann, Giselda Castro e Magda Renner.
Entre os vencedores da edição de 2017, está a Coordenadora dos projetos socioambiental “RElona“ e “INCORPORE : ações coletivas para o Meio“ e membro da Diretoria da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES – RS), Marta Toccheto.
O Núcleo de Divulgação CCNE conversou com a professora do Departamento de Quimica da UFSM sobre a conquista do prêmio, seu amor pelo Meio Ambiente e seu trabalho em prol da sustentabilidade socioambiental.
1) Como iniciou o seu amor pelos cuidados com o meio ambiente?
Marta: Concluí o curso de Química Industrial na UFSM em 1980, período em que a preocupação ambiental começa fazer parte da preocupação das pessoas e ser incluída em leis. Situação que já era evidenciada no exterior. Este novo momento de preocupação com a natureza me atraiu fortemente. Sendo a química uma área altamente poluente era fundamental desenvolver os processos produtivos de uma forma mais limpa e pró-ativa. Este cenário contribuiu para o meu interesse pelo gerenciamento de resíduos, pela conservação dos recursos hídricos, pela qualidade ambiental e pela sustentabilidade. Os cursos de pós-graduação foram decisivos para que este interesse se materializasse em conhecimento, ações e na atividade docente.
2) Acredita que essa paixão tenha lhe motivado a ser uma ativista ambiental?
Marta: A paixão explica o envolvimento com as questões ambientais. É uma relação circular, à medida que mais se conhece as questões ambientais e o quanto elas influenciam a vida, mais a paixão cresce como em um ciclo contínuo. Hoje meio ambiente é minha bandeira, é minha razão de lutar. Minha razão de ensinar. Trabalho para uma maior sensibilização e compreensão de que as ações individuais impactam o coletivo, de forma global, portanto todos somos responsáveis pela qualidade ambiental.
3) De que formas o Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) contribuiu em sua trajetória profissional, para que chegasse a este prêmio?
Marta: O CCNE contribuiu primeiramente, por ser o meu espaço de trabalho. Além disso, as direções se caracterizam pela valorização da causa ambiental, diante disso sempre houve receptividade e apoio para ações voltadas para o meio ambiente. Não podemos perder de vista que o processo é permanente e pressupõe a melhoria contínua, portanto as ações implantadas necessitam ser constantemente aprimoradas. É importante que mais pessoas se somem e que, os professores em sala de aula inseriam aos seus conteúdos, esta preocupação contribuindo para a formação de cidadãos além de profissionais. O papel das direções é fundamental no incentivo e exigência para que este processo ocorra.
4) Como ficou sabendo que havia sido agraciada com o Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017?
Marta: A indicação de meu nome foi pelo Deputado Federal Valdeci Oliveira. Ele me consultou antes de indicar meu nome, até porque era necessário enviar informações que comprovassem a trajetória ambiental. A Assembleia Legislativa do Estado lança todos os anos o edital do Prêmio Pioneiras da Ecologia.
5) Do seu ponto de vista, qual é a importância de receber um prêmio como este?
Marta: O prêmio representa reconhecimento profissional e enaltece a trajetória de mulheres que se destacam na atuação ambiental. O trabalho na área ambiental é difícil porque depende de tocar as outras pessoas pela mensagem de cuidados e proteção. Esta tarefa é muito difícil porque há muita resistência à mudança e acomodação, mesmo no meio acadêmico. O prêmio também é importante porque valoriza mulheres que se destacam como profissionais, a UFSM e região. O prêmio foi criado para homenagear três mulheres, Hilda Zimmerman, Giselda Castro e Magda Renner, protagonistas e bravas lutadoras que emprestaram sua voz à natureza e buscaram um mundo menos desigual, ser premiada e equiparada à estas mulheres é motivo de orgulho e compromisso. Foram 47 inscritos na categoria profissional. Com certeza todos muito capazes e pertencentes a Instituições com credibilidade no cenário gaúcho. O reconhecimento de que o trabalho desempenhado contribuiu positivamente para a mudança do cenário ambiental do RS é motivação e a certeza que valeu a pena a trajetória, inclusive os momentos de frustração e o sentimento de luta perdida.
6) Como você acha que a conquista do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017 repercute em sua carreira?
Marta: É um reconhecimento importante demonstrando a relevância das ações implantadas e trabalhadas. Vejo que apesar da questão ambiental ganhar importância no mundo, para alguns ainda é vista como uma área secundária e muitas vezes, como dificultadora do desenvolvimento e dos avanços. O prêmio é uma forma de dar maior visibilidade à área ambiental e mostrar que o caminho é irreversível, pois tanto a atividade produtiva como, a vida dependem da redução de desperdícios, da menor geração de resíduos, da proteção os corpos hídricos, das matas e da atmosfera. Este olhar precisa ser de todos, pois o Planeta é nossa casa. Tudo o que fazemos impacta a nós mesmos de alguma uma forma e, as mudanças causadas poderão ser tão drásticas, quanto irreversíveis.
7) O que você gostaria de dizer a todos que tem lhe apoiado em sua trajetória acadêmica e hoje, se encontram felizes com essa conquista?
Marta: Gostaria de agradecer a cada um que se somou ao caminho e a esta luta, fazendo também a sua causa, assumindo a responsabilidade individual em prol da qualidade e da melhoria ambiental para todos indistintamente. Agradecer a todos que colaboraram quando eu coordenei a implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM que até hoje, é um exemplo a ser seguido e almejado por muitas instituições. Agradecer aos meus alunos que fazem das minhas palavras, ações e ensinamento, inspiração para sua atuação profissional e cidadã em prol de um mundo mais justo, menos desigual e mais sustentável.
A cerimonia do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017 ocorre no dia 6 de dezembro, às 10h, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre.
Texto e fotos: Arianne Teixeira de Lima
Profª Marta Tocchetto
Profª Marta e as integrantes do projeto socioambiental Relona na AAPECAN.