Foi publicado, no periódico Palaeoworld, um artigo de Jeung Hee Schiefelbein, Maurício S. Garcia, Sérgio F. Cabreira, Lúcio R. da Silva e Rodrigo Temp Müller que apresenta um novo crânio de rincossauro. O artigo é intitulado Craniomandibular osteology and the first record of theocular skeleton in a South American rhynchosaur (Archosauromorpha, Hyperodapedontinae).
Os rincossauros foram répteis herbívoros abundantes e que viveram exclusivamente durante o Período Triássico da Era Mesozoica. Diversas espécies são conhecidas no mundo todo e este número no Brasil chega a cinco. São caracterizados por um bico na região do rostro e uma boca dotada de diversas fileiras de dentes pequenos. São encontrados em vários municípios da região central do RS. O novo exemplar, composto por um crânio parcial com as mandíbulas em oclusão, foi encontrado em Restinga Sêca no sítio fossilífero Pivetta.
As camadas rochosas que preservaram o novo exemplar têm cerca de 230 milhões de anos (Período Triássico). Com base em uma análise minuciosa das feições preservadas no fóssil, foi possível identificar sua espécie como sendo 𝘏𝘺𝘱𝘦𝘳𝘰𝘥𝘢𝘱𝘦𝘥𝘰𝘯 𝘴𝘢𝘯𝘫𝘶𝘢𝘯𝘦𝘯𝘴𝘪𝘴, que ocorre tanto no Brasil como na Argentina. Esta é a primeira vez que um indivíduo desta espécie, dentre os que foram encontrados no Brasil, é descrito em detalhes, apesar de já haver muitos registros.
Algo interessante deste indivíduo em específico foi a preservação de pequenos ossículos que compunham o chamado anel esclerótico. Esta estrutura forma um anel ósseo que fica posicionado na órbita e que tem função de auxiliar na visão, movimento e foco do olho. Hoje em dia o anel esclerótico pode ser encontrado no esqueleto de aves e répteis. Este é o primeiro registro de anel esclerótico para um rincossauro da América do Sul e o anel esclerótico mais bem preservado do mundo, dentre os rincossauros.
O estudo recebeu apoio do CNPq e CAPES.
Fotos e imagens por Maurício Garcia (@mauriciog96) e Janaína Brand Dillmann (@proxj). Ilustração do rincossauro em vida por Johnny Pauly “Mingau” Vieira (@_themingau).
Link do estudo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1871174X24000751