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Uma trajetória de desafios e vitórias: conheça Francis Schirrmann Silveira

Quando criança, Francis passava as tardes brincando de escolinha com suas bonecas e reforçava os conteúdos do ensino fundamental como uma forma de diversão. Aos oito anos, não passava pela cabeça dela o sonho de um dia ingressar na licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).



Francis Schirrmann Silveira e estudantes do Diretório Acadêmico da Geografia – DAGEO UFSM

Quando criança, Francis passava as tardes brincando de escolinha com suas bonecas e reforçava os conteúdos do ensino fundamental como uma forma de diversão. Aos oito anos, não passava pela cabeça dela o sonho de um dia ingressar na licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com o passar do tempo e a evolução dos estudos, ao concluir o Ensino Médio, em 2007, a estudante não se via preparada para prestar o vestibular e duvidava de si mesma. Mal sabia ela que anos mais tarde a criança que dava aulas para bonecas descobriria sua missão: ser educadora.

Ao falar de suas influências para entrar na Universidade, Francis lembra que ao se formar no ensino médio, pensava não ser capaz de ser aprovada no vestibular (forma de ingresso da época). “Estudei a vida toda em escola pública e não estava pronta para fazer o vestibular e sequer eu tinha dinheiro para pagar a inscrição.  Por mais que eu desse o melhor de mim, sabia que seria praticamente impossível ser aprovada com a base do ensino médio que havia recebido”. Quem a incentivava nessa época era o tio Nani, que repetia incansáveis vezes que a sobrinha era capaz e ainda iria ser o orgulho da família. Inspirada pelo tio, Francis decidiu que era sim a hora de tentar, mas ela não contava com as surpresas da vida… Pouco antes da data da prova, seu grande incentivador sofreu um AVC e acabou falecendo e em meio a dor e muito sofrimento da perda muitos sonhos foram deixados de lado.

Superadas muitas dificuldades, em 2015 Francis se viu novamente cercada por pessoas que a incentivaram e acreditaram no seu potencial, fazendo com que ela voltasse a se dedicar aos estudos.  “Foi então que resolvi fazer o ENEM, entrei no site da UFSM e comecei a revirar, até hoje não sei como foi que eu consegui me candidatar a uma vaga remanescente, pois eu nem sabia o que era isso. Só sei que me inscrevi para Geografia e quando eu fui selecionada foi surreal, depois de anos que eu deixei de sonhar e de acreditar em mim e no quanto eu era capaz eu me vi realizada”, disse a estudante. Ela destaca ainda a importância e a necessidade das políticas públicas e do sistema de cotas, pois elas são um dos meios dos menos favorecidos terem a oportunidade de realizar o sonho de ter um diploma.

A minha trajetória como estudante está longe de ser fácil, posso afirmar com toda a certeza que durante todos esses anos minha caminhada foi árdua, pois moro em São Pedro do Sul e tenho que fazer esse deslocamento todo o santo dia, pegando dois ônibus para ir e três para voltar”. Mãe de três filhos, a acadêmica conta das dificuldades de conciliar toda sua vida fora da Universidade tendo uma média de 10 disciplinas por semestre. “Já perdi as contas do quanto chorei,  me estressei e quantas noites eu passei em claro debruçada sobre cadernos e artigos estudando para provas e fazendo trabalhos. Algumas noites eu nem dormia pois quando olhava no relógio já era 04:50, hora de engolir alguma coisa no seco e correr para a rodoviária”. Neste ano, prestes a se formar, Francis se diz feliz e realizada por ter vencido e passado por muitas coisas para chegar até aqui.

A aluna destaca que a Universidade deu a ela a oportunidade de conhecer professores incríveis e, acima de tudo, seres humanos extraordinários. Ela conta que todos eles a ensinaram que antes mesmo de ser uma educadora profissional é preciso ser humana, saber olhar e se colocar no lugar do outro, praticando diariamente a empatia e o profissionalismo. “Foi lá no prédio 17 que conheci um novo mundo, já no primeiro dia de aula a Prof.Drª. Meri  Bezzi nos disse que nós precisávamos colocar os nossos óculos geográficos e que quando isso acontecesse jamais veríamos o mundo da mesma forma. Hoje, quase formada, reconheço que ela tinha razão e eu não consigo mais ver o mundo como antes”.

Bolsista no Programa de Residência Pedagógica, Francis diz que  projeto mostrou para ela as diferenças gritantes que existem entre a teoria ensinada na faculdade e a realidade das escolas públicas brasileiras. A ideia do programa é gerar uma troca onde os estudantes da licenciatura ganham um “laboratório para aprender a praticar” e os professores da rede pública ganham uma “mãozinha” na sala de aula. Abordando com o educandário os fatos cotidianos e relacionando-os aos temas da Geografia, o projeto destaca a importância e consequências de cada ação do ser humana, além de mostrar como e o que pode ser feito para transformar a realidade, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes.

Texto por: Lucas Zimmermann, acadêmico de Comunicação Social – Relações Públicas e bolsista do Núcleo de Divulgação Institucional do CCNE

Revisão: Wellington Gonçalves, relações públicas do Núcleo de Divulgação Institucional do CCNE

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