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CCNE no cenário internacional: Histórias dos pesquisadores entre os 2% mais influentes do mundo



Em 2024, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) alcançou um marco notável: 19 de seus pesquisadores foram indicados no Top 2% Scientists (os 2% melhores Especialistas – em tradução livre), uma lista elaborada pela Universidade de Stanford. A classificação reconhece os acadêmicos mais citados em suas áreas de atuação, com base em dados fornecidos pela editora Elsevier. A metodologia do ranking se baseia em indicadores bibliométricos, tais como citações e impacto das publicações, classificando os cientistas em 22 campos científicos e 174 subcampos. Este reconhecimento destaca a excelência da UFSM no cenário acadêmico internacional e reforça sua relevância em diversas áreas do conhecimento.

Entre os indicados, cinco são pesquisadores do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), cuja presença no ranking ressalta o impacto global de suas pesquisas. Cristina Wayne Nogueira, Érico M.M. Flores, Gilson Zeni, Maria Rosa Chitolina Schetinger e João Batista Teixeira da Rocha são alguns dos cientistas que, com suas contribuições inovadoras, ajudam a consolidar a posição de destaque da UFSM na ciência mundial.

A seguir, conheça um pouco da história e das trajetórias desses professores do CCNE que estão entre os 2% mais influentes cientistas do mundo:

Cristina Wanye Nogueira

A professora Cristina, uma das cientistas mais influentes do mundo, compartilha sua inspiradora jornada na bioquímica, um campo que descobriu durante sua graduação em Farmácia. Nascida em uma família de professores universitários, Cristina herdou o amor pela ciência e, hoje, coordena importantes projetos de pesquisa na UFSM, com foco no estudo do selênio e suas propriedades biológicas. Seu trabalho, reconhecido internacionalmente, destaca também a luta pela equidade de gênero na ciência.

A influência familiar e a descoberta da bioquímica

Desde cedo, Cristina foi profundamente influenciada por seus pais, ambos professores universitários aposentados, que iniciaram suas jornadas de pós-graduação na década de 60, uma época em que esse tipo de curso era raro no Brasil. Sua mãe, em especial, serviu como inspiração: “Ela foi uma mulher à frente de seu tempo”, destaca Cristina.

O primeiro contato da professora com a bioquímica veio durante sua graduação em Farmácia. As aulas despertaram nela um interesse natural, levando-a a se especializar na área durante o mestrado e doutorado, ambos realizados na UFRGS. “A bioquímica é uma ciência fascinante que explica os fenômenos sob a ótica da química e da biologia”, conta, destacando a base sólida que a ciência oferece para compreender processos vitais.

Pesquisas recentes: o papel do selênio na saúde

Atualmente, Cristina tem direcionado suas pesquisas recentes para o estudo de moléculas orgânicas que contêm selênio, um elemento essencial com propriedades químicas versáteis. O selênio tem aplicações em diversas áreas, incluindo a farmacêutica e biológica, mas pode ser tóxico em excesso. “Nosso foco é investigar como pequenas quantidades de selênio são indispensáveis para os organismos vivos, enquanto sua toxicidade pode causar sérios problemas de saúde”, explica.

Embora a bioquímica seja uma ciência básica, Cristina destaca que o conhecimento gerado por essa área é fundamental para avanços clínicos futuros. A pandemia de COVID-19, segundo ela, trouxe uma maior visibilidade para a ciência básica e sua importância: “A ciência ganhou um espaço significativo na vida cotidiana da população, reforçando que o conhecimento gerado em laboratório é essencial para enfrentar problemas inesperados”.

Professora Cristina Wanye Nogueira Fonte: Arquivo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica (PPGBTox)

Ser reconhecida entre os 2% de cientistas mais influentes do mundo é, para Cristina, uma honra e um marco em sua carreira. “Sinto-me profundamente grata por fazer parte desta lista ao lado de brilhantes pesquisadores”, comenta. No entanto, ela é enfática ao afirmar que o reconhecimento reflete o trabalho coletivo de seu grupo de pesquisa, composto por alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Um ponto que Cristina destaca com preocupação é a questão da desigualdade de gênero no reconhecimento científico. “As mulheres são menos citadas e menos contempladas com prêmios e distinções”, afirma, revelando que, na UFSM, apenas 15% dos pesquisadores destacados são mulheres. No entanto, no CCNE, onde atua, a representatividade feminina é maior, com duas pesquisadoras entre os cinco mais citados.

Ela também ressalta as políticas recentes que visam minimizar a desigualdade de gênero na ciência, aumentando a representatividade feminina em cargos de liderança e comitês científicos. “Minimizar a desigualdade de gênero é um desafio importante, não apenas na ciência”, pondera, expressando esperança de que, com esforços contínuos, as oportunidades se tornem cada vez mais equilibradas.

Apesar do reconhecimento, Cristina afirma que sua trajetória permanece a mesma, com o compromisso de continuar gerando conhecimento e formando recursos humanos éticos e preparados para enfrentar os desafios do mundo. “O destaque não muda minha trajetória, mas reconhece a importância da ciência que fazemos e seu impacto na sociedade”, diz. Para ela, o apoio institucional é fundamental para viabilizar as pesquisas, e seu desejo é continuar contribuindo tanto para o avanço da ciência quanto para a equidade de gênero, inspirando novas gerações de cientistas.

Érico Marlon Moraes Flores

O comprometimento e a dedicação à ciência podem levar a um impacto significativo, tanto na academia quanto na sociedade. Esse é o caso de Érico Flores, professor e pesquisador do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), e que também foi reconhecido entre os 2% de cientistas mais influentes do mundo.

Desde jovem, o gosto por áreas como Química e Física já evidenciava a vocação de Érico para o campo científico. “Sempre tive afinidade com essas áreas, mesmo antes de entrar na universidade”, comenta o pesquisador. Essa paixão o levou a cursar Química Industrial na UFSM, e posteriormente, a seguir para o mestrado em Química no mesmo programa de pós-graduação, onde teve a oportunidade de trabalhar com a técnica de espectrometria de absorção atômica. “Foi sob a orientação do professor Ayrton Figueiredo Martins que descobri meu verdadeiro interesse pela pesquisa científica”, relembra. Desde então, seu trabalho vem se expandindo em áreas interdisciplinares e transdisciplinares, contribuindo para a reputação internacional da UFSM.

Projetos recentes e impacto na pesquisa científica

Atualmente, o pesquisador lidera projetos de grande porte em áreas que vão desde o desenvolvimento de processos químicos com aplicações farmacêuticas até pesquisas em química ambiental e energias alternativas. “Tenho coordenado equipes compostas por especialistas com conhecimentos diversificados e complementares, o que permite explorar uma vasta gama de áreas”, explica. Apesar de não trabalhar diretamente com tratamentos clínicos, muitas de suas pesquisas estão alinhadas com o desenvolvimento de soluções farmacêuticas e industriais, que podem vir a impactar diversas áreas da saúde e do meio ambiente.

Além disso, o professor também desempenha um papel importante na formação de novos cientistas, orientando alunos de mestrado e doutorado nos Programas de Pós-Graduação em Química e Engenharia Química da UFSM, programas reconhecidos nacional e internacionalmente pela sua excelência.

Professor Érico M.M
Fonte: GZH

Ser incluído na lista dos 2% de cientistas mais influentes do mundo é uma distinção que não apenas enaltece a carreira de Érico, mas também a ciência brasileira como um todo. “Esse reconhecimento é importante porque traz visibilidade para a ciência feita no Brasil e serve como inspiração para as gerações futuras“, comenta ele. No entanto, o professor é enfático ao afirmar que esse reconhecimento não altera sua visão sobre o futuro de sua carreira. “As convicções que tenho desde o início da minha trajetória continuam as mesmas. O trabalho com comprometimento e dedicação sempre acaba sendo reconhecido.”

Apesar das conquistas, ele destaca os desafios que a ciência brasileira ainda enfrenta, especialmente no que diz respeito ao financiamento. “Sempre comento que um único instituto de pesquisa de uma universidade de ponta nos Estados Unidos recebe anualmente muito mais recursos que toda a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS)”, compara. Segundo ele, essa disparidade não impede, mas certamente dificulta, o trabalho dos cientistas brasileiros, que persistem em buscar qualidade e inovação, mesmo com os recursos limitados.

Para o professor Érico, o futuro da ciência no Brasil depende de um maior investimento em pesquisa e tecnologia. Ele acredita que, com o apoio adequado, os cientistas brasileiros continuarão a se destacar em nível mundial, mostrando que é possível produzir conhecimento de excelência no país.

Com uma carreira marcada pela dedicação à ciência e à educação, o professor segue motivado a contribuir para o avanço do conhecimento e a inspirar novas gerações de pesquisadores. “Esse tipo de reconhecimento é um incentivo para todos nós. É uma prova de que, mesmo em meio às dificuldades, é possível fazer ciência de alto nível no Brasil”, conclui.

Gilson Zeni

O reconhecimento de estar entre os 2% mais influentes do mundo é uma conquista marcante para qualquer cientista, mas para o professor e pesquisador Gilson de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), esse título representa muito mais do que um marco individual. Sua trajetória na Química, iniciada ainda no curso técnico em Cruz Alta e consolidada na universidade, reflete anos de dedicação à pesquisa e à formação de novos cientistas.

Formado em Química Industrial pela UFSM e com uma extensa carreira acadêmica, Gilson tem se destacado pelos seus trabalhos na área de síntese orgânica, especialmente em compostos contendo selênio e telúrio. “Meu interesse pela Química surgiu ainda no Instituto Annes Dias, mas foi durante a iniciação científica na UFSM que realmente encontrei minha paixão pela pesquisa”, revela o professor. Sob a orientação do renomado Professor Antônio Luiz Braga, ele mergulhou na área de síntese orgânica, onde desenvolve suas pesquisas até hoje.

Atualmente, seus estudos estão centrados na síntese de compostos orgânicos com aplicações em catálise homogênea e na criação de novos heterociclos. Essas pesquisas podem ter um impacto significativo em tratamentos clínicos futuros, uma vez que os compostos estudados por Gilson possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras. No entanto, ele enfatiza que o principal foco de sua carreira é a formação de recursos humanos qualificados. “Mais do que resultados científicos imediatos, o que me motiva é preparar a próxima geração de cientistas”, afirma.

Professor Gilson Rogério Zeni
Fonte: Academia Brasileira de Letras

Gilson destaca que a conquista de ser reconhecido entre os 2% mais influentes do mundo é resultado de um esforço coletivo. “Esse reconhecimento não é apenas meu. Ele reflete o trabalho árduo e a dedicação de todos os alunos e colegas com quem colaborei ao longo dos anos”, pontua. Ele também reconhece o papel fundamental da UFSM e do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica (PPG Bioquímica Toxicológica) no sucesso de suas pesquisas. Segundo ele, o apoio institucional e a liberdade acadêmica foram cruciais para que pudesse explorar novas ideias e inovar na área da Química.

A presença de um pesquisador com essa distinção não apenas engrandece a UFSM, mas também fortalece sua posição no cenário acadêmico nacional e internacional. “Esse tipo de reconhecimento contribui para atrair novos talentos, financiamentos e parcerias importantes, além de aumentar a visibilidade da nossa universidade”, ressalta Gilson. Contudo, ele lembra que prêmios e títulos são apenas um reflexo do trabalho diário, e que o verdadeiro impacto de sua carreira será medido pelas futuras gerações de pesquisadores que ele ajudou a formar.

Ciência e formação de Talentos

Para além das inovações científicas, Gilson acredita que a formação de novos cientistas é um dos maiores legados que ele pode deixar. “Cada vez que um doutor é formado no nosso grupo de pesquisa, sinto uma imensa satisfação, porque isso significa que estamos construindo um ciclo contínuo de desenvolvimento e inovação”, finaliza.

Assim, a influência do professor Gilson vai muito além dos laboratórios de síntese orgânica. Seu trabalho impacta diretamente a formação de novos pesquisadores, que darão continuidade ao avanço da ciência no Brasil e no mundo.

Maria Rosa Chitolina

A professora Maria Rosa Chitolina, docente da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), destacou-se entre os 2% de cientistas mais influentes do mundo, um reconhecimento que reflete sua contribuição de quase 40 anos à bioquímica.

Sua paixão pela área começou logo no início da graduação. As aulas de bioquímica, tanto teóricas quanto práticas, eram sempre aguardadas com grande expectativa. “Eu já estudava o conteúdo previamente às aulas e era muito espontâneo e motivador buscar compreender todo o contexto do que estava sendo estudado”, relembra. Essa curiosidade inicial permanece viva até hoje, quase 40 anos depois, impulsionando suas pesquisas e descobertas no campo bioquímico.

Pesquisas que contribuem para o avanço da medicina

Atualmente, Maria Rosa é uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Enzitox, ao lado da professora Vera Maria Morsch. O grupo atua há mais de 30 anos em estudos sobre o sistema purinérgico, colinérgico e o estresse oxidativo, investigando suas implicações em doenças como o diabetes e o câncer. Segundo a professora, um dos projetos mais longevos é o estudo do diabetes, que já se estende por mais de duas décadas, focando na utilização de compostos bioativos para mitigar os efeitos da doença. “Os resultados têm sido muito promissores”, destaca, demonstrando o potencial de suas pesquisas para melhorar tratamentos clínicos no futuro.

Professora Maria Rosa Chitolina Fonte: Arquivo pessoal

Ser reconhecida entre os 2% mais influentes cientistas do mundo é algo que enche Maria Rosa de orgulho. Ela ressalta que esse reconhecimento é fruto de uma carreira dedicada à UFSM e ao esforço constante de internacionalizar a ciência brasileira. “Ainda tenho muitos projetos a concluir, especialmente nas áreas de diabetes, câncer e neuroinflamação”, comenta, destacando seu compromisso contínuo com a pesquisa. No entanto, sua atuação não se limita ao laboratório. Maria Rosa também coordena o Grupo de Estudos Transdisciplinares: Educação em Ciências (GET) e é responsável pela área de ciências do Museu de Arte, Ciência e Tecnologia (MACT) da UFSM. Para ela, iniciativas como essas são essenciais para aproximar a ciência da sociedade, algo cada vez mais necessário nos tempos atuais.

A Professora Maria Rosa faz questão de expressar sua gratidão a todos que colaboraram ao longo de sua trajetória, especialmente à professora Vera Maria Morsch e aos integrantes do Enzitox. Ela deixa uma mensagem encorajadora aos jovens cientistas: “Ser pesquisador e fazer ciência no Brasil é um ato de coragem, dedicação e muito planejamento. Desejo que os jovens pesquisadores tenham motivação e empenho para fazer ciência, e que no futuro possam também estar entre os 2% de cientistas mais influentes do mundo”.

João Batista Teixeira da Rocha

Professor João Batista Teixeira da Rocha Fonte: Revista Arco UFSM

O professor é um renomado bioquímico e pertencente ao Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE). Com graduação (1986) e doutorado (1996) em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele também realizou pós-doutorado no Laboratório de Bioenergética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do professor Leopoldo de Meis. Sua carreira acadêmica se concentra nas áreas de bioquímica, toxicologia e farmacologia de organocalcogênios, com ênfase no papel do estresse oxidativo em doenças humanas e experimentais. Além de suas contribuições na pesquisa científica, João Batista é um entusiasta da educação em ciências, dedicando-se a aproximar cientistas, professores e estudantes do ensino fundamental e médio para melhorar o ensino científico no Brasil. Em reconhecimento a suas contribuições, foi eleito Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências em 2014.

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As histórias de Cristina Wayne Nogueira, Érico Flores, Gilson Zeni, Maria Rosa Chitolina e João Batista Teixeira da Rocha não apenas celebram conquistas individuais, mas também ressaltam a importância do trabalho coletivo e do apoio institucional na pesquisa científica. Esses acadêmicos, com suas trajetórias inspiradoras, servem como modelos para as novas gerações de cientistas que buscam fazer a diferença em suas áreas. 

Ao continuarem a explorar e desbravar novos horizontes no campo da ciência, eles contribuem para o avanço do conhecimento e o fortalecimento da pesquisa no Brasil. Além de destacar a relevância de suas pesquisas e as suas trajetórias, os professores também trazem à tona questões importantes, como a necessidade de promover a equidade de gênero na ciência e de incentivar a formação de novos talentos. 

Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

Revisão e edição: Hans Rogério Zimmermann, vice-diretor do CCNE.

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