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Equipe de meteorologistas da UFSM atua em São Luiz Gonzaga: resposta emergencial à crise climática no Rio Grande do Sul



Em resposta à atual crise climática que assola o Rio Grande do Sul, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) vem implementando uma série de ações emergenciais para ajudar as comunidades mais afetadas. Entre essas iniciativas, está o trabalho de campo realizado por pesquisadores da meteorologia, em São Luiz Gonzaga, região duramente atingida por ventos severos. Com o apoio da reitoria e do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), a equipe de pesquisadores da área da meteorologia se mobilizaram para realizar um mapeamento detalhado dos danos na região. 

A equipe foi composta pelos docentes do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia (PPGMET) Ernani Nascimento e Vagner Anabor, pós-doutorando Maurício Ilha, Técnico Meteorologista da UFSM Murilo Lopes e estudantes de mestrado/doutorado no PPGMET Pós Graduação Elisvania Machado e Leonardo Furlan. A operação, essencial para a compreensão e mitigação dos impactos climáticos, contou com o suporte da Defesa Civil local e o uso de drones para capturar e analisar dados críticos sobre os fenômenos meteorológicos que atingiram a região.

De acordo com Murilo, o trabalho de campo começou após um temporal registrado no dia 15 de junho (sábado). Em uma resposta rápida, a equipe de meteorologia da UFSM se deslocou para o município de São Luiz Gonzaga na segunda-feira (17), antes que moradores da região pudessem modificar a cena onde ocorreu o fenômeno. Fazendo o uso de drones, os pesquisadores realizaram voos para capturar imagens aéreas que permitissem uma compreensão maior do processo de destruição e do espalhamento dos destroços causados pelos ventos. A análise dessas imagens ajudou a identificar se os danos foram provocados por tornados, microexplosões ou outros fenômenos meteorológicos. Além destas, imagens da câmera de segurança de um banco (clique aqui para acessar) registraram o fenômeno ao vivo, o que também auxiliou no processo de identificação deste.

Região de São Luiz Gonzaga, após noite de chuvas intensas que provocaram danos graves em casas e em infraestruturas, causadas por uma microexplosão. Fonte: Curso de Meteorologia da UFSM

A identificação do fenômeno e como ele aconteceu 

Para a realização do trabalho, foram utilizados drones convencionais para capturar imagens aéreas com qualidade de até 4K (ou Ultra HD, a segunda maior resolução do mercado). As imagens coletadas permitiram a análise da direção dos ventos e a confirmação de que o fenômeno foi uma microexplosão, caracterizada por danos divergentes espalhados na mesma direção. 

Segundo o técnico Murilo, as microexplosões são fenômenos meteorológicos associados a tempestades severas, caracterizadas por movimentos descendentes de ar frio dentro das nuvens de tempestade (Imagem 1). Quando esse ar frio e pesado desce de forma rápida e atinge o solo, ele se espalha lateralmente, gerando ventos destrutivos em uma área com diâmetro inferior a 4 km. Esse espalhamento rápido do ar ao atingir o solo resulta em danos divergentes, o que diferencia as microexplosões de outros fenômenos como tornados, que causam danos convergentes. 

Ilustração de como ocorre o fenômeno da microexplosão. Movimentos de ar frio descem das nuvens de tempestades muito rapidamente, podendo atingir uma área de até 4 km. Fonte: Diagramação por Natália Huber da Silva, 2024.

O mapeamento foi realizado por meio de fotos georreferenciadas, ou seja, registradas por um sistema de coordenadas geográficas, assim localizando o local exato onde os danos foram observados. Deste modo, os pesquisadores delimitaram a extensão da área afetada, registrando desde danos menores – nas bordas do diâmetro do fenômeno – até os mais severos – no centro da área impactada. 

A área mapeada possui aproximadamente três quilômetros de diâmetro e inclui danos graves a:

  • Infraestruturas: com a destruição de galpões de cooperativas e quedas parciais de silos de grãos, galpões de concreto e alvenaria com paredes externas destruídas na periferia da cidade.
  • Quedas de árvores sobre casas: que causaram destelhamento de várias residências.

Esses danos são condizentes com os ventos da microexplosão, que atingiram até 150 km/h, possivelmente mais intensos em locais centrais do fenômeno. A microexplosão foi confirmada pela equipe após observar os danos causados pelo vento que se espalhou lateralmente ao atingir o solo da região.

Participação da Defesa Civil

A equipe entrou em contato com esta organização e o Tenente Cristiano Machado, para obter maior precisão na delimitação das áreas afetadas e identificar o tipo de estrago que ocorreu. Esse contato é importante, uma vez que a Defesa Civil é a primeira a chegar aos locais atingidos por tempestades e outros eventos meteorológicos extremos. 

Os agentes forneceram indicações das áreas mais afetadas, estabelecendo contato com a prefeitura municipal e fornecendo imagens capturadas no dia seguinte à tempestade. Igualmente, estabeleceram diálogo com os moradores das áreas atingidas para que os pesquisadores pudessem coletar relatos. 

Essas informações foram essenciais para confirmar o fenômeno causador como sendo uma microexplosão.

Próximos passos

A equipe de meteorologistas da UFSM irá analisar os dados coletados, com mais detalhes, buscando estimar a intensidade máxima das rajadas de vento registradas. 

Esses eventos serão classificados em uma escala semelhante à utilizada para tornados, para melhor compreensão da intensidade dos ventos durante esta microexplosão em São Luiz Gonzaga. 

A equipe também planeja elaborar uma nota técnica que detalhe a distribuição geográfica das velocidades mais altas da microexplosão ao longo da cidade afetada, delimitando, mais precisamente, a extensão dos estragos. Essa nota também incluirá uma caracterização da tempestade e do fenômeno de microexplosão, conforme identificado nas análises realizadas.

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A atuação rápida e eficiente da equipe em São Luiz Gonzaga demonstra a importância da pesquisa acadêmica no enfrentamento de crises climáticas. Com a colaboração da Defesa Civil, métodos adequados de pesquisa e o uso de tecnologia avançada, os pesquisadores conseguem fornecer informações para a prevenção e mitigação de futuros desastres naturais, como este, no Rio Grande do Sul.

 

Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE da UFSM.

Revisão e edição: Natália Huber da Silva, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE

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