No cenário acadêmico do Rio Grande do Sul, um grupo de licenciandas, mestrandas, doutorandas, professoras acadêmicas e mães da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com mais cinco1 instituições federais de ensino superior no estado, deram origem ao “Matemática e Estatística das Gurias”. O objetivo dessa parceria é criar uma rede de colaboração entre mulheres que possam dar visibilidade às dificuldades enfrentadas pelas mulheres na trajetória acadêmica e apresentar possíveis soluções. Em especial, para aquelas que trabalham ou estudam nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Segundo a coordenadora do projeto associado ao “MaEs” na UFSM, Patrícia Klaser, desde a criação ao final de 2021, o grupo tem se engajado em diversas atividades e iniciativas, por exemplo, um nonamestre de Lives em 2022, a curadoria da exposição itinerante “Mulheres na Matemática” e a organização do III Festival da Matemática do RS em 2023.
Um dos primeiros projetos realizados pelo grupo na UFSM foi a criação de um canal no YouTube para elaborar lives com palestras e mesas redondas de temas como maternidade, diversidade, pressão estética e diversos outros assuntos abordados por especialistas em cada tema. Os vídeos estão disponíveis e você pode conferir, clicando aqui. Além de conversar sobre os temas, o objetivo desse projeto é estimular a participação feminina no meio STEM e compartilhar experiências que mostram como amenizar o “gender gap” – traduzido para o português, desigualdade de gênero – na prática.
Além disso, o grupo teve um papel fundamental na organização do Festival da Matemática do RS, que aconteceu em outubro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no ano de 2023. O evento tem como objetivo mostrar como a disciplina está presente em diversos campos do conhecimento e mostrar que a matemática vai além de fórmulas “complicadas”, buscando uma abordagem diferente e acessível.
Como parte da edição anterior do festival, ocorrida em 2019, houve uma exposição intitulada “Mulheres na Matemática”, organizada pelas professoras da UFRGS, Cydara Cavedon Ripoll e Adriana Neumann. Após o festival, a exposição se tornou itinerante, passando por diversas universidades do estado, como: UFRGS, FURG, UFPel, Unipampa e também esteve presente no hall do prédio do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) duas vezes nos anos de 2022 e 2023.
No mesmo festival, também ocorreu o “I Encontro Presencial da Rede MaEs das Gurias.” que contou com a presença de algumas das palestrantes que fizeram parte dos nonamestres de lives, e que, junto a novas convidadas, abordaram os temas de produtividade sustentável e representatividade de gênero na sala de aula. O Encontro contou também com palestras científicas das participantes do MaEs.
As atividades do grupo têm proporcionado resultados significativos, como a criação de uma rede de colaboração entre mulheres, fortaleceu o apoio mútuo e a troca de experiências, enquanto as palestras e mesas redondas têm ampliado a conscientização sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nas áreas de exatas. Professoras de Matemática e Estatística não só da UFSM como de outras instituições que colaboram com o projeto destacam a importância de compartilhar suas experiências pessoais e influenciar nas discussões e estratégias desenvolvidas pela iniciativa.
Para Patrícia, o retorno vindo da comunidade acadêmica em relação ao trabalho do grupo tem sido positivo e reflete no reconhecimento da importância de abordar questões de gênero no ambiente acadêmico. “Eu olho a rede que formamos e fico com o coração transbordando de alegria. No início pensava muito sobre como íamos fazer as ações para o nosso público, mas hoje vejo que a principal transformação foi em nós (em mim). Aprendi muito!”, um dos relatos que são recebidos pelo grupo.
Os próximos passos do grupo “Matemática e Estatística das Gurias” incluem a expansão das atividades presenciais para promover uma maior conscientização sobre as questões de gênero, aprofundar o engajamento da comunidade acadêmica e explorar novos temas.
Em um mundo onde as desigualdades de gênero ainda são uma realidade, iniciativas como essa destacam-se como exemplos de como a colaboração e a determinação podem criar um impacto positivo dentro do ambiente acadêmico.
Para saber mais sobre o projeto, acompanhe pelo Instagram: @maesdasgurias
Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE da UFSM.
Revisão e edição: Hans Rogerio Zimermann, vice-diretor do CCNE da UFSM.
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1Além da UFSM, as outras instituições parceiras são: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG).