Para retornar as atividades do ano letivo, estudantes do quinto semestre do curso de Licenciatura em Geografia do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com o Centro de Educação (CE) realizaram uma oficina pedagógica sobre o uso da Inteligência Artificial na educação. Essa, foi realizada durante a disciplina de Psicologia da Educação ministrada pela Prof. Dra. Ane Carine Meurer, do Departamento de Fundamentos da Educação, junto com os docentes orientandos Kauã Wioppiold e Vanessa Oliveira, discentes do Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGGEO) da UFSM.
O que é educação?
Segundo o professor da Universidade Federal de Londrina, José Bzuneck (1999, p. 41), a educação é “o conjunto dos esforços de uma sociedade no sentido de socializar as novas gerações em relação à sua herança cultural, através de instituições como a escola, ao lado de outras agências”, variando conforme o lugar e a época. Desta forma, podemos concluir que a Psicologia da Educação é uma disciplina importante para a formação profissional dos licenciados em Geografia. De acordo com Bzuneck (1999) é “uma área de pesquisa com implicações para a aprendizagem e o ensino, e apresenta um meio para compreensão da complexa tarefa educacional no contexto da sala de aula e sociocultural”.
Reflexões críticas sobre o papel da Inteligência Artificial na Educação
A atividade realizada na oficina buscou refletir sobre os impactos e os desafios da Inteligência Artificial na educação, o monopólio digital e o colonialismo digital, temas que resultaram na dissertação de mestrado de Kauã Wioppiold.
Na dissertação “A Educação do Campo como contraponto ao colonialismo digital em território camponês”, publicada em 2023, para o autor e sua co-orientadora Meurer, no contexto do capitalismo de vigilância “torna-se essencial pensar estratégias para que as tecnologias sirvam às necessidades das comunidades locais e ao bem-estar coletivo, e não apenas às grandes corporações empresariais” (WIOPPIOLD; MEURER, 2023). Analisar de maneira crítica o uso da Inteligência Artificial (IA) na educação, não significa rejeitar de todo o uso das diferentes tecnologias, a coleta e o uso de dados em todas as suas formas. Mas sim, rejeitar a forma de apropriação de recursos e a ordem social que a prática contemporânea de dados representa, a exploração e dominação.
Para a Professora Ane Meurer e seus docentes orientados Kauã e Vanessa, o primeiro passo é compreender como essa apropriação tecnológica funciona, para posteriormente criar mecanismos para suavizar esse processo no contexto escolar. Para tanto, os alunos elaboraram materiais contendo propostas alternativas para o uso de tecnologias em sala de aula, refletindo as possíveis aplicabilidades em todo contexto educativo e de aprendizagem.
Saiba mais sobre as dissertações que foram utilizadas como base pelos graduandos:
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A Educação do Campo como contraponto ao colonialismo digital em território camponês.
O texto discute a transição do monopólio da terra para o monopólio digital, destacando como o avanço da conectividade está transformando os territórios da reforma agrária. Argumenta-se que as empresas, utilizando o colonialismo digital e de dados, estão explorando esses territórios para maximizar lucros, sem enfrentar resistência significativa. O estudo defende a necessidade de resistência por parte dos movimentos sociais e a promoção de uma Educação do Campo para combater essas dinâmicas de exploração digital.
- Do monopólio da terra ao monopólio digital: uma análise do colonialismo de digital e de dados em área de assentamento da reforma agrária.
O texto destaca a importância da Educação do Campo como uma resposta ao colonialismo digital nos territórios camponeses. Enquanto o avanço da tecnologia globaliza esses territórios, explorando-os para lucro e vigilância, o movimento “Por Uma Educação do Campo” surge como um contraponto. A pesquisa realizada utiliza uma abordagem bibliográfica para analisar essas dinâmicas, buscando compreender como afetam o campo e como a educação pode ser uma alternativa para mitigar esses impactos, protegendo os aspectos educacionais, culturais, políticos, sociais e econômicos desses territórios e suas comunidades (WIOPPIOLD, 2023).
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Texto: Prof. Dra. Ane Carine Meurer¹, Kauã Wioppiold², Vanessa Oliveira², Maria Eduarda Silva da Silva³
Revisão e edição: Natália Huber da Silva, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE
¹ Depto. Fundamentos Da Educação do Centro de Educação (CE) da UFSM;
² Discentes do Programa de Pós Graduação em Geografia da UFSM;
³ Acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE da UFSM.
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Referências
BZUNECK, J. A. A psicologia educacional e a formação de professores: tendências contemporâneas. Psicologia Escolar E Educacional, v.3, n.1, p. 41–52. 1999. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-85571999000100005. Acesso em: 19 mar 2024.
WIOPPIOLD, K. A.; MEURER, A. C. A Educação do Campo como contraponto ao colonialismo digital em território camponês. Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 18, n. 51, p. 128–145, 2023. DOI: 10.14393/RCT185171131. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/71131. Acesso em: 18 mar. 2024.
WIOPPIOLD, K. A. Do monopólio da terra ao monopólio digital: uma análise do colonialismo de digital e de dados em área de assentamento da reforma agrária. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Geografia. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2023.