Na tentativa de desmistificar o universo complexo da Ciência, um grupo interdisciplinar de docentes e estudantes da UFSM criaram o projeto de extensão “Divulgação científica nas áreas de STEM: POP SCIENCE UFSM“. Esse foi criado em 2023 e, desde então, tem se destacado como uma ponte essencial entre a academia e a comunidade em geral. Com o objetivo de popularizar o conhecimento científico nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Em um cenário acadêmico diversificado, essa iniciativa singular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem se consolidado como um veículo para conectar o mundo da pesquisa científica com o público que vai além da cidade universitária.
Explorando as origens do projeto
Após o impacto da pandemia e o retorno das aulas presenciais, a professora do departamento de Física, Luciana Renata de Oliveira, uma das colaboradoras do projeto, fez um convite a um grupo de estudantes para discutir sobre pesquisa e iniciação científica. A iniciativa nasceu com o propósito de proporcionar aos alunos o acesso direto à pesquisas que estavam sendo desenvolvidas dentro dos laboratórios da UFSM. Além disso, objetivou que os graduandos pudessem procurar por oportunidades de iniciação científica em plataformas mais acessíveis e descontraídas.
Durante reuniões pós-pandemia, a Profa. do Departamento de Física, Dyana Cristine Duarte, coordenadora do Ciência Pop UFSM, contou que diversos temas foram abordados. Dentre eles, surgiram propostas de curso de programação em Python, liderado pelo professor Jáderson Schimoia, e uma parceria com o professor Lúcio Strazzabosco Dorneles em um projeto de ensino chamado “GET Grupo de Estudo Tradução”, focado na tradução de artigos científicos do inglês para o português. Com o envolvimento dos graduandos no “GET”, foi pensado em um canal para divulgar os materiais traduzidos, sendo o Instagram a rede social escolhida.
Porém em 2022, percebendo que os estudantes motivados pela diversidade de conhecimentos gerados em seus respectivos cursos de Física, Engenharias, Química, Ciências Biológicas e Metereologia decidiram ampliar o projeto. A parceria com o “GET” foi finalizada e o novo projeto chamado Ciência Pop UFSM, que ainda possui traduções de artigos, expandiu seu conteúdo com postagens informativas que abordassem a ciência e a tecnologia. “Nossa preocupação inicial e principal objetivo era de que as postagens tivessem uma linguagem acessível e que elas pudessem ser lidas e entendidas por não-especialistas”, relata, Dyana.
Com os participantes do projeto empenhados em dar continuidade ao trabalho, e a página do Ciência Pop UFSM ganhando mais visibilidade e engajamento com o passar dos meses, a professora Luciana convidou os docentes Dyana Duarte e Josemar Alves, do departamento de Física, a criarem uma proposta que o transformaria em um projeto de extensão. Atualmente, o Ciência Pop UFSM conta com a colaboração de quatro professores e soma a atuação de 20 estudantes que contribuíram e contribuem para a página do Instagram desde seu início.
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Quais critérios utilizados para a seleção dos conteúdos
De acordo com a professora Dyana, os conteúdos são escolhidos com base nos interesses dos próprios graduandos que participam do projeto: “Temos por premissa que eles são os que têm maior probabilidade de identificar quais são os tópicos de ciência e tecnologia de maior interesse do público mais jovem”. E complementa que, desta maneira, é possível trazer mais diversidade de assuntos fazendo com que os estudantes que acompanham o Ciência POP UFSM no Instagram possam se identificar a partir das vivências daqueles que publicam o conteúdo.
É importante ressaltar que todos os participantes fazem parte dos cursos de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas e Engenharias, então os conteúdos que interessam a eles estão, na maioria das vezes, relacionados a essas áreas. Por ser um projeto recente, ainda não existe uma metodologia concreta. Porém, o Ciência POP trabalha com quatro séries de postagens, todas escolhidas de maneira conjunta, de acordo com o interesse e motivação dos participantes:
– Traduzindo: os alunos selecionam os últimos artigos de divulgação das revistas Nature, Science, Scientific American, etc. Após isso, realizam uma votação para decidir quais artigos irão traduzir.
– Curiosidades: os próprios alunos escolhem os temas sobre os quais eles querem “falar”. Esses temas podem ser relacionados com a pesquisa dos laboratórios em que eles fazem iniciação científica ou, então, acerca de algum assunto que considerem interessante.
– CientistAS: breve descrição dos perfis das pesquisadoras, visando valorizar o espaço da mulher na ciência. A escolha dessas mulheres se dá a partir da indicação dos alunos que compõem o projeto ou de algum destaque que as pesquisadoras possam ter na mídia.
– Para além do arco: divulgação de eventos em que os alunos ou os professores da UFSM tenham participado.
Segundo Dyana, realizar as postagens da série “Tradução” é um dos principais desafios, pois além de se ter conhecimento mais aprofundado sobre o assunto, é difícil conseguir fazer o uso de uma linguagem acessível e sintética sem alterar os conteúdos originais. Por isso, uma das formas que os participantes encontraram para facilitar o entendimento e manter o interesse dos seus seguidores é utilizar recursos como imagens chamativas e frases curtas.
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Mulheres na Ciência
Além da divulgação científica, o projeto também tem como foco convidar graduandas da UFSM para fazerem parte do Ciência POP UFSM, garantindo uma representação inclusiva. Com isso, é incentivada, ativamente, a participação das mulheres para a área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) tanto da comunidade interna quanto externa à UFSM. Um dos exemplos de representação feminina é a série “CientistAS”, em que são realizadas publicações que buscam destacar professoras e pesquisadoras da UFSM.
Segundo a colaboradora do projeto, Luciana de Oliveira, a inclusão feminina sempre foi algo que chamava a sua atenção, por isso sentiu a necessidade de ter um grupo de divulgação dentro da UFSM que abordasse temas de representatividade feminina como um de seus pilares. “Com as nossas ações, acredito que estamos caminhando para uma maior inclusão e permanência de mulheres nas áreas da STEM.”
Porém, a representação não fica apenas em publicações de conteúdos ou na divulgação de outras páginas de mulheres cientistas. A coordenadora do projeto, relata que, em 2023, o Ciência POP UFSM levou três graduandas do curso de Física para participarem de dois eventos em São Paulo, como forma de incentivo à participação de mulheres nas ciências. Abaixo, algumas informações sobre os eventos:
- Increasing Diversity and Inclusion in Science (Aumentando a diversidade e inclusão na ciência): Encontro que visa capacitar cientistas em início de carreira, especialmente aqueles sub-representados em física e STEM, fornecendo ferramentas para avanço profissional, e discutir as dificuldades enfrentadas por esses grupos, propondo estratégias para reduzir as lacunas. Além de abordar a disparidade de gênero, o evento visa promover a inclusão e diversidade em STEM, reconhecendo que a colaboração de pessoas com diferentes origens e experiências é crucial para enfrentar os desafios globais.
- “Proposals to Boost STEM Participation in Underrepresented Groups(Propostas para impulsionar a participação em STEM de grupos sub-representados)“: Evento que visa explorar e apresentar esforços para aumentar a participação de grupos sub-representados em carreiras STEM, com atenção especial às populações afro-brasileiras, indígenas e de baixa renda.
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Relatos:
É possível perceber a inclusão e representação no CIÊNCIA POP UFSM?
Para Júlia Vitória Ribeiro, acadêmica do curso de Física Bacharelado:
“Os professores responsáveis escutam todas as ideias dos alunos e estão sempre abertos a ouvirem opiniões, sempre se ligando em datas importantes e dando importância para os integrantes, quando alguém apresenta um trabalho, mesmo não tendo relação com o projeto, é divulgado na página. Sem contar as homenagens que os integrantes recebem.”
Patricia Tomalak Liss, acadêmica do curso de Engenharia de Telecomunicações:
“Sim, percebo minha inclusão e representação como mulher no Pop Science (Ciência POP). A inclusão no meu ver acontece através dos post que temos para as mulheres na ciência, que também contam como representação. Já que eu já me sinto uma pesquisadora, ou melhor dizendo uma mulher na ciência.”
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À medida que o Ciência POP UFSM continua fazendo o possível para tornar a ciência acessível a todos, os integrantes convidam o público a se juntar a essa jornada de descobertas. Para acessar os conteúdos produzidos pelo grupo, basta visitar o Instagram: @cienciapopufsm, onde as publicações são compartilhadas todas as quartas-feiras, acompanhadas de materiais adicionais nos stories. Além disso, a equipe estende um convite a professores e estudantes interessados em divulgar suas apresentações, participações em congressos, reuniões e eventos nesta página a entrar em contato pela própria página do Instagram.
Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.
Revisão e edição: Natália Huber da Silva, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.