Já imaginou um mundo onde a ciência é impulsionada pela diversidade, onde a voz das mulheres ecoa nas salas de pesquisa e laboratórios de química? Pense em um cenário onde meninas, cheias de curiosidade e potencial, são incentivadas a moldar o futuro das ciências exatas. É nesse cenário de igualdade e oportunidades que surge o projeto “Quimicamente Elas”, uma iniciativa realizada no Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da UFSM que busca reduzir as desigualdades de gênero nas carreiras científicas, principalmente na área da química.
O projeto tem como objetivo principal desenvolver ações para estimular meninas e mulheres a se envolverem nas carreiras em ciências exatas, com foco especial na química. Entre os objetivos específicos estão o estabelecimento de grupos de trabalho para discussão e experimentação, a vivência técnico-científica de alunas da educação básica em ambiente de pesquisa, e a promoção de ações de incentivo à formação de estudantes para carreiras em química.
Paola de Azevedo Mello, coordenadora do projeto, destaca que, embora as mulheres representem uma maioria no ingresso em cursos de formação na área da química, a proporção se inverte quando se trata do reconhecimento profissional e ocupação de cargos de liderança. De acordo com informações no site da UFSM, especificamente no Departamento de Química: dos 49 docentes, apenas 12 são mulheres, evidenciando a disparidade de gênero que ainda persiste nesse ambiente acadêmico.
Neste contexto, o “Quimicamente Elas” inclui temáticas que vão além da equidade de gênero nas ciências. Com foco em temas trabalhados em sala de aula nas disciplinas de ciências. Aborda temas como a gestão dos resíduos urbanos, as estratégias de reciclagem e descarte consciente, a indústria de perfumes – que explora o contexto das substâncias químicas e a transformação industrial. É de grande importância, igualmente, a discussão realizada acerca da importância da água, um componente vital dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, incluindo o ODS 6, que trata da água potável e do saneamento básico para a população. Além da pesquisa, o projeto realiza diversas outras atividades, como oficinas e interações entre diferentes níveis de ensino (básico e superior), para que essas estudantes se interessem pela área. Os resultados esperados são estimular a escolha da carreira de química entre as meninas e mulheres, a criação de espaços de discussão e experimentação, além da divulgação científica da área de química para um público mais amplo.
Maria Eduarda Candida, estudante de Química Licenciatura da UFSM e participante do projeto, destaca a relevância de sua experiência, descrevendo que a atuação no âmbito escolar foi gratificante, proporcionando um contato mais próximo com sua futura profissão e permitindo a aplicação e aprimoramento dos conhecimentos adquiridos durante sua formação acadêmica. Ela ressalta que o projeto não apenas apresentou aos estudantes os espaços e laboratórios da Universidade, mas também oferece suporte tanto para professores quanto para alunos. Destaca-se o papel das instituições públicas de ensino, ao realizar atividades diferenciadas nas escolas, que, frequentemente são inviáveis devido a restrições de tempo ou falta de estrutura, como palestras e experimentos científicos práticos.
Além disso, Maria Eduarda observa a ansiedade dos participantes pelos encontros do projeto e destaca a participação ativa dos alunos durante as oficinas, evidenciando o interesse demonstrado por eles em compreender a presença da química nos temas abordados. Deste modo é observado que o objetivo principal do projeto foi atingido em 2023, pois quando um estudante se motiva e demonstra interesse ao realizar uma atividade, a curiosidade científica é despertada.
A coordenadora do projeto enfatiza a expectativa de divulgar não apenas a ciência, mas também a química como um todo da UFSM para um público diversificado de estudantes nas escolas que irão receber as oficinas do projeto. No ano de 2023, a equipe atuou em colaboração com uma escola de ensino fundamental de Santa Maria, envolvendo todos os estudantes do 9º ano, enfatizando que a abordagem dos temas ultrapassou os limites de gênero. Para o futuro do projeto, aspira-se aumentar quantitativamente a participação dos estudantes das escolas da cidade em Olimpíadas de Ciências, visando uma maior integração e engajamento desses alunos com o campo científico.
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Assim, o projeto “Quimicamente Elas”, busca promover a participação feminina na ciência, especialmente na área da química. Apesar dos avanços, a equidade na representatividade de gênero no Departamento de Química da UFSM mostra que os desafios persistem. É essencial continuar buscando igualdade de oportunidades para construir um futuro mais diverso, igualitário e inclusivo nas ciências, dentro e fora do espaço universitário.
*A pedidos, o nome da escola não será divulgado.
Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.
Revisão e edição: Natália Huber da Silva, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.