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Pesquisa em plantas terapêuticas e Cannabis medicinal na UFSM: conheça o trabalho do LAQUIF 

O Laboratório de Pesquisas Químicas e Farmacêuticas (LAQUIF) se localiza no segundo andar do prédio 17 e vem atuando em estudos físico-químicos e no desenvolvimento e avaliação de produtos farmacêuticos em plantas de interesse químico e farmacêutico



Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), cientistas e acadêmicos têm se dedicado a um campo de pesquisa que está, a cada dia, mais em evidência e tem o potencial de revolucionar a medicina e a indústria farmacêutica. Sob a coordenação do Prof. Marcelo Barcellos da Rosa, o Laboratório de Pesquisas Químicas e Farmacêuticas (LAQUIF) se dedica a pesquisas relacionadas a plantas com ações terapêuticas, incluindo a polêmica cannabis medicinal.

Pós graduandos realizando medidas de atividade antiradicalar de extratos de plantas.

As escolhas das plantas estudadas no laboratório são realizadas com base em indicações de colegas da área da botânica do próprio CCNE, como a Prof.ª Liliana Essi, do Departamento de Biologia, ou por empresas e ainda pessoas que procuram o laboratório. Em se tratando de testes experimentais e ensaios clínicos, ressalta-se que, em nenhuma etapa, são realizados testes em animais. Por conseguinte, todos os estudos são realizados com amostras botânicas em espectrofotômetros e cromatógrafos.

É importante ressaltar que os experimentos amostrais com cannabis são realizados em parceria com a Associação Cannábica Medicinal, uma associação legalizada sem fins lucrativos, localizada na região de Santa Maria e a planta não é classificada pelo Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN).

Plantas medicinais

Etapa de preparação das plantas (secagem estufa) e equipamento , a direita (cromatógrafo – HPLC) , onde as plantas são analisadas e os compostos identificados.

Segundo o professor, toda planta responde a uma série de fatores, como condições ambientais: temperatura, altitude, sazonalidade, índice pluviométrico, radiação, composição atmosférica, ritmo circadiano, etc. Além disso, a idade da planta é muito importante, a presença ou ausência de água, macro e micronutrientes, herbívora, ataque de patógenos, entre outros. Portanto, uma mesma planta pode ou não apresentar ação terapêutica, por conseguinte medicinal, dependendo de quando, onde, e como foi coletada. Em relação à palavra “medicinal”, Marcelo destaca:

‘“O uso de plantas teve seu início na medicina popular, com a aplicação empírica por raizeiros, curandeiros, tribos indígenas, entre outros’’

E complementa que, com o avanço científico e tecnológico, foi facilitado o início do isolamento e identificação de princípios ativos que geram a tal ação farmacológica observada ou desejada de determinadas plantas. Portanto, plantas terapêuticas podem ou não ter comprovação científica (ação farmacológica) sobre seus efeitos e, se estas garantirem esta comprovação, podem ser usadas pela medicina. Uma série de testes e estudos são necessários para se chegar a essa comprovação como terapêutica, como ensaios químicos, biológicos, in vivo, in vitro, pré-clínicos e clínicos, o que demanda um trabalho multidisciplinar com biólogos, farmacêuticos, médicos, biomédicos, etc. 

Das plantas medicinais: o estudo da Cannabis pelo LAQUIF

O uso de cannabis medicinal é, segundo o pesquisador, “um tema bastante complexo e exige muita cautela”. Com o intuito do estudo de todas essas complexidades, o Prof. Marcelo submeteu um projeto destinado à pesquisa da família dessa planta, denominado ”Estudo da composição química de extratos e fitoterápicos envolvendo variações genéticas da família Cannabaceae”. Neste, que entrou em execução este ano, são estudados diversos compostos presentes na Cannabis. 

Soluções utilizadas para medidas espectrofotométricas de atividade antiradicalar em extratos de plantas

 Relativo aos desafios regulatórios e éticos, o professor destacou a falta de legislação adequada e desinformação quando se trata de pesquisas relacionadas a cannabis medicinal:  “acredito, pelas minhas leituras, que o Brasil está cerca de algumas décadas atrasado quando comparado com outros países como os Estados Unidos.’’ Essa perspectiva destaca a necessidade urgente do investimento em pesquisas em âmbito nacional e de uma atualização nas legislações relacionadas à planta no Brasil.

Por fim, como destaca o pesquisador, toda pesquisa científica envolve investimento financeiro, recursos humanos e a disponibilidade da matéria-prima necessária para a execução. Estas são três dificuldades da pesquisa que devem ser superadas e, para isso, é necessária a presença de recursos humanos qualificados, incluindo estudantes de iniciação científica, mestrandos e doutorandos. É essencial um maior investimento em custeio e capital. Alinhado a isso, a obtenção da  infraestrutura necessária e o fornecimento suficiente de matéria-prima, seja de plantas ou substâncias são essenciais para a continuidade do projeto.

Conheça o laboratório que está por trás da pesquisa: 

Logo do Laboratório de Pesquisas Químicas e Farmacêuticas (LAQUIF) da UFSM.

O Laboratório de Pesquisas Químicas e Farmacêuticas (LAQUIF) foi criado em 2018 pelo Prof. Marcelo para atender à necessidade de unir pesquisas no campo da química e das ciências farmacêuticas. Ele reconheceu a importância de criar um laboratório dedicado a essas demandas de pesquisa, já que está envolvido em dois programas de pós-graduação da UFSM: Ciências Farmacêuticas (PPGCF) e Química (PPGQ). 

As atividades realizadas no LAQUIF incluem uma variedade de áreas, como estudos ambientais sobre a contaminação por microplásticos, pesquisas físico-químicas abordando cinética e termodinâmica, além da pesquisa envolvendo plantas, que inclui análise de metabólitos e atividades biológicas em parceria com instituições como UFV e UFES. O laboratório também possui publicações internacionais de artigos realizadas pelos estudantes de graduação e pós-graduação integrantes do projeto, incluindo estudos sobre a adsorção de naftaleno em microplásticos, extração de compostos fenólicos de Ruellia angustiflora, a adsorção de Cromo hexavalente em carvão ativado e o método DPPH.

O LAQUIF está constantemente avançando em novas pesquisas. As novas áreas de foco incluem a exploração de plantas com ações farmacológicas, variantes genéticas da família Cannabaceae e da Nogueira para a geração de produtos biotecnológicos. Outros destaques são os estudos envolvendo microplásticos como adsorventes de poluentes ambientais tóxicos e  o estudo de Elementos Terras Raras (ETR) com potencial econômico na região central do estado do RS.  

Quando se trata das perspectivas futuras para estas, o Prof Marcelo enfatiza o objetivo de aprofundar o conhecimento em áreas relevantes tanto em termos farmacêuticos quanto químicos. Esses esforços contínuos contribuem para a ciência, economia social e ambiental e para o avanço biotecnológico relacionado às questões sanitárias.

Para obter mais informações e acompanhar as atividades do LAQUIF nas redes sociais, acesse suas redes sociais, clicando aqui

 

Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

Edição: Natália Huber, chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

 

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