O evento intitulado “A trajetória e resistência das mulheres no prédio da Geografia da UFSM”, foi realizado ontem (29) no prédio 17, pelo coletivo “As Minas da Geo”, em parceria com a Coordenação do Curso de Geografia.
Com o objetivo de promover um espaço de discussão sobre a trajetória feminina dentro do curso de geografia, o evento contou com a participação de acadêmicas e acadêmicos, a fala de convidadas e da coordenadora do curso de geografia, Natália Lampert Batista. A coordenadora conta que acompanhou a caminhada das mulheres dentro da geografia desde a graduação até se estabelecer como docente e coordenadora, por isso, acredita na importância de apoiar iniciativas do coletivo. “A partir dessa discussão, a nossa ideia enquanto coordenação é dar cada vez mais espaço para as meninas e para as mulheres desse curso”, completa Natália.
As Minas da Geo se organiza como coletivo desde o final do ano passado – quando começou a promover atividades, oficinas e rodas de conversa de forma recorrente – mas já realiza iniciativas como grupo há vários anos. A integrante, Carla Pizzuti, conta que seu primeiro contato com o grupo foi em 2019, ainda como caloura do curso, quando apenas realizavam reuniões a cada início de semestre para receber as novas alunas.
Porém, após a pandemia, tornou-se cada vez mais difícil reunir estudantes presencialmente em um evento informal. Dessa forma, surgiu a necessidade de iniciativas com caráter mais estruturado e frequente. “Esse evento de hoje foi uma tentativa de realizar algo mais formal, para chamar as meninas em um âmbito institucional, que tem um apoio do curso e teve investimento do departamento na impressão dos banners, por exemplo”, relata Carla.
A ideia de transformar o grupo em coletivo surgiu a partir da recorrência de casos de descredibilização
e desvalorização das falas e da presença das mulheres no meio acadêmico. Uma das idealizadoras e convidada do evento, Bruna Tomazini, conta que questionamentos em relação à vestimenta e falas pejorativas direcionadas para alunas mulheres, são alguns exemplos recorrentes em sala de aula e espaços de convivência – tanto por parte de professores quanto de colegas. Bruna afirma que, apesar de ter havido uma pequena mudança no cenário, ainda há muito a ser feito e discutido e é a partir disso que o coletivo se propõe a trabalhar:
“Esses eventos e algumas intervenções que estamos fazendo, tanto nas aulas quanto no prédio 17, servem para as pessoas saberem que o coletivo existe. Compartilhamos os acontecimentos e pensamos no que pode ser feito para que isso acabe. Estamos começando ainda, mas esses espaços servem para que as pessoas fiquem sabendo que ‘As Minas da Geo’ existe”, relata Bruna.
Além disso, o dia escolhido para realização do evento também trouxe significados importantes. Segundo Carla, “a escolha foi no sentido de realizar uma ação no dia do geógrafo e da geógrafa,já que não iria ter nenhuma, resolvemos fazer nessa data para comemorar também. Para Natália, o simbolismo da data é ainda maior: “O fato de hoje, no dia no profissional de geografia, nós termos o dia da geógrafa, é também um ato político, de resistência e de valorização das mulheres dentro desse prédio”, completa a coordenadora.
Texto: Júlia Weber, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.
Edição: Natália Huber, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.