Começaram no dia 14 de outubro, as atividades comemorativas aos 85 anos do Herbário SMDB. A programação – que vai de palestras à oficinas – se estenderá até dezembro de 2022, com encerramento oficial em fevereiro de 2023.
O Herbário SMDB, iniciado em 1938 pelo professor e médico, Romeu Beltrão, é indexado internacionalmente há 44 anos, desde 1978. Romeu, foi professor de botânica e farmácia anteriormente à fundação da universidade. Após o início das atividades da UFSM, ele se vinculou a instituição e a coleção foi incorporada a ela, inicialmente inserida no Departamento de Biologia – por isso, a sigla SMDB, que significa “Santa Maria Departamento de Biologia” – e, posteriormente, inserida como parte do Jardim Botânico – Órgão Suplementar do CCNE. Como o Herbário não possui uma data específica de sua fundação, apenas a certeza de que a coleção foi iniciada em 1938, decidiu-se comemorar no mês de nascimento de Romeu. Assim, em fevereiro de 2023, celebra-se os 85 anos do Herbário SMDB.
O Herbário tem inúmeros usos e, o principal deles, é como coleção científica para estudos de taxonomia – destaca-se a identificação de plantas, tombamento de testemunhos de pesquisas, etc. Porém, tem vários outras funções, como uma coleção de referência para identificação de plantas, registros sobre mudanças ambientais, descoberta da época de floração, locais onde há espécimes raras, assim como a verificação da ocorrência de plantas que estão se tornando invasivas, entre outros.Em resumo, é um banco de dados botânicos de referência nacional e internacional.
A curadora do Herbário, a professora Dra. Liliana Essi, aponta estudos que mostram que há mais de 100 usos para um herbário e na universidade, um dos mais importantes, é como um espaço de extensão. Afinal, é um local aberto a toda a comunidade escolar, acadêmica – tanto da UFSM quanto de outras instituições – pesquisadores e comunidade no geral. Ou seja, está à disposição de qualquer um que tenha interesse em conhecê-lo.
Os feitos ao longo dos 85 anos se deram em etapas bem definidas. Liliana ressalta que, para além de pensar em acontecimentos expressivos, é preciso considerar que apenas a criação do Herbário, no interior do estado, em 1938, já foi um grande feito para a época. Mas, ela destaca alguns marcos importantes, como a participação de importantes botânicos do Rio Grande do Sul na construção da coleção, por exemplo, Balduíno Rambo – filósofo por formação, sempre foi apaixonado pela botânica, fez campanha pela criação do Jardim Botânico de Porto Alegre; reivindicou a declaração do Parque Itaimbezinho como Parque Nacional; organizou o Museu Rio-grandense de Ciências Naturais e propiciou, através de suas pesquisas, a criação de um acervo de plantas de 50.000 (cinquenta mil) exemplares, em 1948, cerca de 90% da flora nativa.
Outro destaque, que foi um avanço notório, se deu com o início do processo de digitalização do acervo, em que foram passadas todas as informações de uma “biblioteca de plantas” para um sistema que pode ser acessado por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. Inicialmente, foram anexadas apenas as informações das etiquetas, agora a equipe trabalha para adicionar também as imagens das plantas. Dessa forma, este acervo online torna-se um dos destaques mais recentes, marcantes e inovadores, uma vez que permite a visibilidade do trabalho desempenhado no Herbário a nível mundial.. O herbário participa de uma rede dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), que organiza um grande herbário virtual chamado specieslink e, é nele que se encontra o acervo digitalizado.
O espaço físico do Herbário está localizado no prédio 21, no segundo andar. Liliana conta que existem planos para transferi-lo para um espaço maior, mais adequado ao tamanho da coleção, junto ao Jardim Botânico.
Comemorações aos 85 anos de história
As atividades comemorativas foram pensadas de acordo com os principais interesses dos botânicos. Nas duas atividades já realizadas, por exemplo, foram expostas técnicas de fotografia de espécies vegetais e a produção de mapas, pensado na distribuição fitogeográfica. As próximas atividades oferecidas serão o Curso sobre Óleos Essenciais, que será ministrada pela Prof. Dra. Berta Heinzmann, e a palestra sobre o Parque Municipal dos Morros, com a gestora do parque, Marina Deon, ambas no dia 18/11. “Toda a programação é voltada à conservação ambiental, aos botânicos e ao público leigo, não só acadêmico, mas também à comunidade em geral.
Assim, nos meses – outubro, novembro e dezembro -, terão atividades diversas e oficinas de capacitação e, em fevereiro de 2023 (data a ser divulgada), está prevista uma grande confraternização para encerrar as atividades comemorativas dos 85 anos”, declara a curadora.
A organização do evento é realizada pela Profa. Liliana e pelas Técnicas de Laboratório Viviane de Oliveira Garcia e Benardete Panno – que, inclusive, está no herbário há mais tempo que os curadores. No cotidiano do Herbário também se fazem presentes na colaboração estudantes, bolsistas de projetos de extensão, pesquisa, bolsistas PRAE, e professores, que gostam e são “amigos do herbário”, como diz Liliana.
Segundo a organização do evento, as atividades já realizadas até o momento estão com a participação de pessoas dentro do esperado, mas a expectativa é de que nas próximas etapas se alcance uma maior visibilidade e mais pessoas participem até fevereiro.
Para se inscrever ou conferir a programação completa do evento, acesse o Formulário de Inscrição ou acesse a seção “utilidades” no Site do Jardim Botânico.
“A direção do parabeniza o Herbário e sua equipe de responsáveis. O Herbário, como coleção mais clássica da Botânica ou acervo de Exsicatas “uma espécie de biblioteca capaz de contar a história daquele ser vivo”, tem fundamental importância dentro do CCNE, pois o consideramos uma ferramenta pedagógica ou melhor dizendo, um laboratório didático e de pesquisa, singular que contribui para o ensino nas áreas de Biologia e para os avanços das pesquisas em toda botânica. Além disso, o herbário também tem sua reconhecida importância na atividade extensionista do CCNE (assim como da UFSM), difundindo o conhecimento e fomentando o interesse pela preservação ambiental para toda a sociedade.” Hans Zimermann, Vice-Diretor do CCNE, em nome da Direção do Centro.
Texto: Júlia Weber, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.
Edição: Natália Huber, chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.