Esta palavra apareceu muito durante essa última semana nas telas do celular e da sua televisão, mas o que realmente é um ciclone? Leia abaixo sobre este fenômeno e sobre a tempestade Yakecan, que atingiu a região Sul do Brasil nos dias 17 e 18 de maio.
O fenômeno natural do Ciclone é formado por sistemas de baixa pressão atmosférica onde o ar se movimenta no sentido horário, no hemisfério Sul, e no sentido anti-horário no hemisfério Norte, resultando em grandes tempestades associadas a ventos fortes com poder destrutivo.
Basicamente, o ar quente e úmido sobe para as camadas mais altas da atmosfera, enquanto o ar frio desce para a superfície, provocando a redução da pressão atmosférica. O que cria o ciclone é a grande liberação de calor causado pela condensação, o que origina um processo convectivo (onde o ar quente expande) e cria uma área de instabilidade.
E estes fortes ventos que aconteceram aqui no Sul do Brasil, foram um ciclone?
Não! Embora seja uma formação semelhante, foi uma tempestade subtropical, por possuir uma magnitude ainda maior que um ciclone, com ventos de velocidade entre 89 km/h a 117 km/h. Esta, foi batizada de a batizada de Yakecan, que na língua guarani significa “som do céu”.
Abaixo, uma explicação didática de Vagner Anabor, professor do CCNE, meteorologista e Doutor em Física, sobre o fenômeno:
“Basicamente, em latitudes médias, o contraste entre massas frias e secas de regiões polares e massas de ar quentes e úmidas de regiões equatoriais formam regiões frontais que fornecem a energia para o desenvolvimento de tempestades. Quando ondas atmosféricas em altitude (5000m) passam sobre estas áreas elas provocam movimentos ascendentes e dão o gatilho para que o sistema comece a entrar em um movimento de rotação horário e convergente, formando um centro de baixa pressão em superfície. Estes ciclones que ocorrem no Sul do Brasil em geral são ciclones Extratropicais, demoram aproximadamente um dia para se formar e podem durar por 2-3 dias. Tem grande extensão afetando uma região de aproximadamente 1000 km de extensão. A sudeste do centro de baixa pressão o ar frio começa a avançar em direção ao ar quente formando a famosa frente fria. No setor nordeste do sistema o ar quente avança em direção ao Polo formando uma frente quente. Ao longo do processo o ar frio varre as regiões com maior velocidade atingindo a frente quente e entrando no centro do ciclone, desta forma iniciando o seu fim.
Durante este evento diversas tempestades ocorrem de forma organizada ao longo da frente fria, fenômeno muito conhecido pelos gaúchos.
Aqui no Rio Grande do Sul aconteceu um fenômeno extraordinário. Um Ciclone Extratropical típico da região já estava morrendo, quando uma perturbação em níveis superiores estimulou a formação de um novo ciclone dentro do antigo. Um fenômeno conhecido como efeito Fujiwara. As condições eram muito especiais e ao invés dele seguir sua trajetória normal do ponto de formação em direção ao meio do Atlântico Sul, ele acabou encontrando condições para fazer uma trajetória retrógrada de Leste para Oeste em direção a costa do Rio Grande do Sul. Neste caminho ele encontrou águas quentes da Corrente Oceânica do Brasil que contrastavam com a corrente fria das Malvinas bem na costa do estado. Isso deu energia para que ele evoluísse para um Ciclone Subtropical e posteriormente ganhasse classificação de Tempestade Subtropical. Isso acendeu a luz vermelha para a possibilidade de formação de um furacão, similar ao Catarina. Mas o contraste térmico oceânico não foi intenso o suficiente e felizmente o sistema ficou na classe de tempestade subtropical.”
Mas, sendo “ciclone extratropical”, termo divulgado nas grandes mídias ou “tempestade subtropical”, é melhor manter-se os mesmos cuidados, como o recolhimento se possível em locais seguros e abrigados e desligarmos nossos eletrodomésticos das tomadas, para evitarmos maiores prejuízos.
Igualmente, é importante ressaltar que toda tempestade deixa prejuízos à sociedade, então a busca por informações na Defesa Civil sobre campanhas de doação de mantimentos para as famílias necessitadas vítimas destes eventos é essencial para se manter a solidariedade e senso de coletivo ainda vivos nestas catástrofes naturais.