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Pesquisa sobre adaptação de plantas ao ambiente urbano é destaque na Revista Science

Considerada o maior teste replicado no mundo, pesquisa com trevo-branco envolveu 288 cientistas de 26 países.



Nesta sexta-feira (18), um artigo assinado pela professora Liliana Essi, do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), foi publicado na revista Science da Associação Americana para o Avanço da Ciência  — AAAS. O artigo intitulado “Global urban environmental change drives adaptation in white clover(em português: A mudança ambiental urbana global impulsiona a adaptação no trevo branco), investiga como o processo de urbanização no planeta pode interferir na evolução dos organismos, usando como modelo experimental uma planta comum em praticamente todos os continentes, o trevo-branco (Trifolium repens L.). 

A pesquisa se destaca por ser o maior teste replicado no mundo para a hipótese de que a urbanização leva à homogeneização de ambientes e à evolução paralela dos seres que neles habitam. Através dos resultados, foi possível concluir que duas cidades diferentes em qualquer parte do mundo são, em geral, mais semelhantes ambientalmente entre si do que com o ambiente rural em seu entorno. De acordo com a professora Liliana, a compreensão da evolução em ambiente urbano pode facilitar o planejamento de estratégias para conservação: “Muitas áreas do planeta altamente urbanizadas se sobrepõem com hotspots de biodiversidade, e a compreensão de como a urbanização pode contribuir com homogeneidade dos habitats e possivelmente redução da biodiversidade é fundamental para planejar formas de conservar ambientes naturais diversos e as espécies mais vulneráveis do planeta”, explica.

O projeto, liderado pelo pesquisador Marc T. J. Johnson, da Universidade de Toronto, envolveu um grupo internacional de 288 colaboradores de 160 cidades distribuídas entre 26 países e 6 continentes. Em Santa Maria, as coletas foram realizadas em uma linha imaginária desde o Distrito de Pains, passando pelo campus da UFSM, até a região central da cidade, no Parque Itaimbé. As comunidades locais auxiliaram na localização das populações de trevo-branco nas cidades. Após a coleta, foram realizadas análises genéticas das amostras em cada cidade e algumas foram selecionadas para análises genômicas no Canadá. Além disso, foi feita a análise de dados ambientais por meio do uso de satélites e de bancos de dados globais que dispõem de  informações sobre vegetação, temperatura, entre outros. 

O início do projeto se deu no ano de 2017, e a etapa de análises e redação durou aproximadamente três anos. Todos os cientistas contribuíram nas primeiras versões do manuscrito, mas a etapa final ficou restrita aos organizadores. A docente afirma que essa publicação evidencia como o trabalho colaborativo internacional pode contribuir de forma impactante no avanço do conhecimento de temas complexos. 

Para os alunos que desejam seguir a carreira científica, a  professora Liliana salienta que é importante ter persistência e paciência: “Um trabalho grande requer tempo, nem sempre os frutos são colhidos logo, tem muito esforço de leitura, análise, redação, e todas essas etapas são muito importantes. Também não se consegue trabalhar em projetos grandes sozinho, na atualidade é essencial desenvolver a habilidade do trabalho em equipe para exercer a pesquisa.” 

 


Texto: Jéssica Medeiros e Profa. Liliana Essi

Revisão e Edição: Natália Huber da Silva

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