Pesquisadores falaram sobre temáticas relativas a aspectos colonizadores e descolonizadores nas tecnologias de mídia.
O terceiro dia do XVI Simpósio Nacional da ABCiber teve duas conferências nesta manhã (30), com temas que falaram sobre o potencial descolonizador das mídias sociais e abordagens transdisciplinares na produção artística. Seis conferencistas participaram das mesas.
Em “Para além da dominação: o potencial descolonizador das tecnologias da mídia”, Rafael Grohmann, da Universidade de Toronto, abordou aspectos relativos ao cooperativismo de plataformas, em que os trabalhadores estão criando suas próprias tecnologias a partir da formação de comunidades, principalmente na América Latina. Para ele, estas formações de coletivos têm potencial emancipador na medida em que não reproduzem as lógicas hegemônicas em novas tecnologias. No entanto, o pesquisador alerta: “Quando falamos em ‘para além da dominação’, não podemos esquecer que ela continua presente”.
Na sequência do debate, a pesquisadora Laura Guimarães Corrêa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), falou sobre a relação entre as pesquisas de raça, gênero e interseccionalidades na relação com as colonialidades e decolonialidades. Para Laura, é necessário pensar o conceito da interseccionalidade em suas origens históricas e políticas, para que não caia em uma generalização que despolitiza e reforça desigualdades. “A colonialidade sobrevive ao colonialismo”, declara. Para ela, esta dimensão dos significados começa pelas palavras e pelos termos que são usados como forma de expressão. “As palavras fazem coisas. Significam. As palavras tem poder”, enfatiza Laura. A mediação foi de Liliane Dutra Brignol (UFSM) – foto.
Foto: Julian Andrey
A segunda sessão teve como tema “Arte, Ciência e Tecnologia: produções transdisciplinares e simbióticas”. Em sua fala, Ricardo Dal Farra (Concordia University) enfatizou a importância de uma abordagem transdisciplinar para a pesquisa e a produção artística. Na sequência, Giselle Beiguelman, da Universidade de São Paulo (USP), fez um relato sobre o processo de pesquisa para a construção de sua exposição “Botânica Tirânica”, em exibição no Museu Arte Ciência Tecnologia da UFSM. Giselle destacou como os nomes das plantas traduzem um olhar colonizador, o que começa pela denominação do Brasil: “Nós, que somos o único país-planta, fomos formados pela lógica da dominação”, enfatizou. Isto acontece, segundo a professora, a partir do apagamento da origem indígena do pau-brasil e a transformação dele em matéria-prima para o consumo. Giselle também participa da ABCiber com uma exposição individual, no Museu Arte Ciência Tecnologia da UFSM, no segundo andar do planetário, que inaugurou ontem e segue com visitações até o dia 07 de dezembro.
Foto: Fernanda Redin Oliveira
Foto: Cristina Landerdahl / LABART
Na sequência, Christine Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), falou sobre Imagens do Fim do Mundo em seus regimes ético-estéticos, antecedendo a fala de encerramento da manhã, de Natalia Calderon Martinez (Universidad de Valparaíso) que abordou uma interpretação sobre as tendências artísticas contemporâneas do Chile, do humano ao não-naturalismo. A mediação desta mesa foi da Profa. Dra. Nara Cristina Santos (UFSM) – foto.
Notícia: Samara Wobeto e Eduardo Ruedell, bolsistas do POSCOM-UFSM
Edição: Viviane Borelli, docente no POSCOM-UFSM
Fotografias: Julian Andrey e Fernanda Redin Oliveira, bolsistas do POSCOM-UFSM, e Cristina Landerdahl / LABART-UFSM