A cisticercose bovina é uma doença presente no Brasil que resulta em impactos econômicos aos pecuaristas.
Além disso, a doença também é vista como um grave problema de saúde pública.
O agronegócio no Brasil representa cerca de um terço de tudo que é produzido no país, sendo o setor mais importante da economia brasileira. Somente a pecuária, corresponde a 7% do PIB nacional. Por isso, é importante o desenvolvimento de estratégias de saúde animal para o controle de enfermidades que causam perda na produção, como é o caso da cisticercose.
A cisticercose bovina representa um grave problema de saúde pública. É difundida na maioria dos países em que há criação bovina, principalmente naqueles em desenvolvimento.
Segundo o professor Gabriel Rossi, mestre e doutor em Medicina Veterinária, a doença pode ser caracterizada como uma enfermidade parasitária, com presença de cistos na musculatura que contém a forma larval da chamada Taenia saginata. O hospedeiro intermediário são os bovinos e o hospedeiro definitivo, o homem.
A infecção se dá pela ingestão de ovos do parasita, que podem estar junto ao pasto ou na água contaminada.
Apesar de os bovinos normalmente evitarem pastar ao redor de fezes, hábitos humanos de pouca higiene, como defecar em sanitários sem fossas adequadas ou ao ar livre, contribuem para o problema.
Doença e ciclo
Os ovos que infectam os bovinos são eliminados através das fezes humanas de indivíduos infectados. No ciclo, o homem se infecta através da ingestão de carne com cisticerco. Em contrapartida, os bovinos se infectam a partir do consumo de água ou pastagens contendo ovos que chegaram ali através das fezes dos humanos.
Rossi explica que esses ovos da Taenia se transformam em larvas, o cisticerco, que se desenvolve em músculos do bovino. Como a doença não manifesta sinais clínicos, é possível que as larvas sejam detectadas somente no frigorífico. Coração, músculos da mastigação, língua, diafragma, fígado e massas musculares são as principais áreas analisadas. Dependendo de quantas larvas forem identificadas, a carne pode ser descartada e o produtor pode perder até 100% do valor da criação.
Caso o cisticerco não seja localizado ou a carne não tenha procedência, é possível haver infecção humana, que acontece geralmente com o consumo da carne crua ou mal passada. Ela se aloja no intestino do humano e por lá permanece, podendo atingir um tamanho de até 10 metros, como explica Rossi.
Como também é silenciosa em seres humanos, a teníase – como é denominada a doença em humanos, vai ser identificada quando uma proglote for eliminada nas fezes ou através de exames de fezes. Proglote é uma parte da larva que geralmente é eliminada. Quando perceber o sinal, um simples exame pode identificar a doença.
Como prevenir?
Interromper o ciclo evolutivo do parasita deve ser uma estratégia fundamental, a fim de evitar a infecção de homens e animais. Para a prevenção da cisticercose nos bovinos, algumas medidas se fazem necessárias, dentre elas:
-Melhoramento das condições de saneamento do meio ambiente;
-Tratamento de toda a população acometida;
-Tratamento de esgotos;
-Melhoramento da criação de animais (evitar o acesso de animais a fezes humanas);
-Incremento da inspeção veterinária de produtos cárneos;
-Evitar o abate e comércio de produtos clandestinos;
-Educação sanitária para o esclarecimento da população enfatizando a adoção de hábitos de higiene.
Para frigoríficos e criadores, em particular, e para a pecuária brasileira como um todo, a cisticercose causa prejuízos que vão além de perdas materiais devido ao aspecto moral da questão, pois põe em cheque a qualidade da carne, um dos itens mais importantes da pauta de exportação.
Tayline Alves
Bolsista em comunicação da Ciência Rural
09 de março de 2023.