A irrigação, ao ser empregada na produção de biocombustíveis, tem demonstrado efeitos significativos tanto positivos quanto negativos sobre os cultivos. Por um lado, a irrigação garante uma oferta mais estável e previsível de água, essencial para o crescimento das culturas usadas na produção de biocombustíveis, como o milho e a cana de açúcar.
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria estão analisando os impactos da irrigação sobre cultivos com a finalidade de produção de biocombustíveis. As pesquisas integram um projeto que estuda a viabilidade de culturas energéticas irrigadas para o estado do Rio Grande do Sul.
A gestão adequada da irrigação é uma ferramenta crucial para aumentar a produtividade dos cultivos destinados a biocombustíveis, mas é preciso estar atento quanto à implementação de práticas eficazes e sustentáveis para minimizar os impactos negativos e garantir a viabilidade ambiental e econômica da produção.
Conforme a professora Marcia Xavier Peiter (CCR/UFSM), o trabalho iniciou em 2013 com a primeira tese sobre o assunto. O objetivo dessa pesquisa inicial foi estudar a viabilidade de cana de açúcar irrigada para produção de etanol, em lavouras experimentais no Colégio Politécnico da Universidade, constituída por 20 variedades da espécie. Posteriormente, foram estudadas as culturas de milho, batata-doce, sorgo e soja.
Atualmente, conforme Marcia, estão sendo conduzidos experimentos para produção de etanol de trigo irrigado e produção de biodiesel a partir de óleo de canola irrigada.
Um dos trabalhos que faz parte do projeto, é o artigo intitulado “Produção de óleo e produtividade econômica da água de cultivares de soja em diferentes disponibilidades hídricas”, resultado parcial de uma tese de doutorado orientada por Marcia junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola. A tese que originou o trabalho foi defendida em 2022 pela engenheira agrícola Silvana Antunes Rodrigues.
O objetivo da pesquisa foi investigar a viabilidade técnica e econômico-financeira da produção de cultivares de soja, sob diferentes suplementações hídricas para a produção de óleo de soja.
Os principais resultados apontam que lâminas de irrigação menores, aumentam a produtividade da água e, consequentemente, a produtividade econômica da água para produção de grãos e conteúdo de óleo, acarretando melhor gestão do recurso hídrico.
De acordo com a pesquisadora, esta pode ser uma alternativa, em anos de baixa disponibilidade hídrica:
-Ela pode ser usada para suprir as necessidades de água da cultura e, ao mesmo tempo, obter resultados satisfatórios de rendimento.
Observou-se também que a irrigação suplementar incrementa o rendimento de grãos e produção de óleo das diferentes cultivares de soja.
Desde o primeiro artigo, na Ciência Rural
Marcia que é agrônoma pela UFSM (1992), tem Mestrado em Engenharia Agrícola – área de concentração em Irrigação e Drenagem (1994) também pela UFSM, e Doutorado em Engenharia Civil – Área de concentração em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP (1998), é atualmente Professora Titular da UFSM, lotada no Departamento de Engenharia Rural. A docente atua na graduação de cursos do Centro de Ciências Rurais e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola.
Como ela mesmo conta, sua relação com a Revista Ciência Rural é antiga:
-Sempre foi a revista do nosso centro, onde publiquei meu primeiro trabalho de pesquisa em 1996. A revista era publicada em formato físico, ou seja, impresso. Quando vim para Santa Maria atuar como docente, fui convidada a colaborar na área de Engenharia Rural/Engenharia Agrícola, função que tenho até hoje.