O uso consorciado de leguminosas forrageiras em pastagens pode reduzir a emissão de gases de efeito estufa sem impactar na produtividade animal.
A pecuária no Brasil é baseada na utilização de pastagens, uma forma econômica de produção de leite e carne. Tendo em vista o mercado exigente, os produtores adotam medidas para mudar os modelos atuais de produção e assegurar a produtividade das propriedades. Fatores como a preservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos ambientais através de tecnologias sustentáveis devem ser levados em conta.
O consórcio entre gramíneas e leguminosas pode contribuir para um sistema de produção mais sustentável. A pesquisadora Marciana Retore, doutora em Produção Animal, avaliou o consórcio entre gramíneas e leguminosas para produção de fenos e pré-secados. Para ela, o objetivo do consórcio é usufruir dos benefícios que cada espécie oferece, mesmo competindo entre si por nutrientes e luminosidade. Por isso, segundo Retore, é interessante utilizar leguminosas que tenham velocidade de emergência e de crescimento semelhante à da gramínea, como o feijão-caupi, a soja, a crotalária-ochroleuca e o feijão-guandu, para que as duas espécies possam se estabelecer.
Em uma das pesquisas com o capim Tamani, foram usadas técnicas de conservação como pré-secado e feno. As plantas foram semeadas em linhas alternadas, com espaçamento de 45 cm entre elas. A pesquisadora constatou que o cultivo consorciado de capim Tamani com soja ou feijão-caupi manteve a produtividade total da biomassa e melhorou o valor nutricional do pré-secado e do feno.
Em relação à alimentação animal, a principal vantagem de se utilizar o consórcio, é o incremento no teor de proteína. “Quando consideramos o solo, a leguminosa promove a fixação biológica do nitrogênio atmosférico, deixando o nutriente disponível para a gramínea”, afirma Retore.
A pesquisadora conta que, na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados-MS, foi utilizado o consórcio de Tamani com algumas leguminosas, na proporção 1:1, ou seja, uma linha do capim para uma linha da leguminosa. A produtividade de matéria seca foi, segundo ela, semelhante entre os tratamentos testados. Porém, houve aumento no teor de proteína bruta dos consórcios em relação ao cultivo do Tamani solteiro (sem leguminosa), menores teores de fibra e maior digestibilidade in vitro da matéria seca.
Consórcio de pastagens com leguminosas trazem benefícios para o produtor e para o ambiente. O uso consorciado de leguminosas forrageiras em pastagens pode impactar positivamente a produtividade animal devido a melhor qualidade do alimento ingerido, refletindo na menor emissão de gases de efeito estufa.
Tayline Alves
Bolsista de comunicação da Ciência Rural