Plantas são a base da dieta dos ruminantes e quando bem
manejadas podem tornar a pecuária ainda mais produtiva.
A pecuária é uma das atividades mais importantes do Brasil e do Rio Grande do Sul. A alimentação de rebanhos ovinos e bovinos é feita principalmente com pastagens. Isso porque quando se compara os custos de produção da alimentação de rebanhos, ela aparece como uma fonte mais econômica para a alimentação.
Nesse contexto, as plantas forrageiras desempenham funções importantes, que refletem tanto no aspecto econômico, quanto na sustentabilidade do sistema produtivo. Plantas forrageiras são usadas como alimento para os animais. Essas plantas são a base da dieta dos ruminantes, o que torna a pecuária ainda mais produtiva. Além disso, a partir de algumas delas podem ser produzidos feno e silagem. Nesse sentido, a forragicultura é a área que trata da produção de alimento para ruminantes, ou seja, consiste no estudo das plantas destinadas à alimentação de ovinos de bovinos.
Conforme explica a professora de zootecnia da UFSM, Luciana Pötter, uma parte do estado do Rio Grande do Sul é ocupada pelo bioma pampa. Uma região natural e pastoril com coxilhas cobertas por campos que se estendem pela Argentina e o Uruguai. As plantas rasteiras que cobrem a região já existiam aqui desde os primeiros habitantes. Esse cenário de diversidade foi encontrado pelos primeiros índios que habitavam a região Sul do Brasil, e continua sendo a cara do Pampa atual. Mas, por ser tão antigo, o bioma possui grande variedade de espécies e paisagens. Embora seja famoso pelos campos, o Pampa abriga também florestas nas margens dos rios, arbustos, leguminosas e até cactos. Nessa vegetação tão diversificada, vivem também várias espécies diferentes de animais.
O que difere o RS do restante do Brasil, segundo Luciana, é que aqui se pode trabalhar com forrageiras cultivadas de clima temperado (inverno) e de clima tropical (verão). É possível semear pastagens no outono para ter pasto de qualidade no inverno e primavera, assim como semear na primavera para ter pasto no verão e início do outono. Existem muitas espécies de plantas que podem ser utilizadas como pastagem para o gado. Estas espécies se dividem de acordo com o período de desenvolvimento (inverno ou verão), quanto ao ciclo de vida (anual ou perene) e quanto à família botânica, sendo as mais utilizadas as gramíneas e as leguminosas.
Existem duas classificações para as forrageiras: as nativas e as que podem ser semeadas ou plantadas.
Forrageiras Nativas
Compostas principalmente por espécies de crescimento estival (tropicais), quando o maior crescimento das espécies acontece durante o verão. No inverno, elas perdem qualidade e podem queimar com a geada. Dentre as espécies comuns estão a grama forquilha e o capim caninha.
Forrageiras cultivadas
Segundo Luciana, dentro das cultivadas de inverno, a que mais se destaca é o azevém, seguido pela aveia. Dentro dessa classificação existem as espécies perenes e as anuais. A professora explica que as perenes são as que persistem por mais de um ano. As anuais têm um ciclo menor – de seis ou sete meses (do estabelecimento ao final do período de utilização). De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), gramíneas dos gêneros Brachiaria, Panicum, Pennisetum e Cynodon têm sido introduzidas em sistemas de pecuária leiteira, por suas características de elevada capacidade de produção de matéria seca e bom valor nutricional. Todas essas, utilizadas no verão do RS ou adaptadas às condições de Brasil Central. Sob o ponto de vista de nutrição animal, não basta elevada produtividade, e sim alta proporção de folhas na biomassa do pasto.
Na UFSM existem algumas pesquisas que trabalham com forrageiras. Um exemplo é o Laboratório Pastos e Suplementos, coordenado pela professora Luciana. O grupo estuda a recria de cordeiras e a recria de terneiras. Nas duas frentes trabalham com pastagens cultivadas e testam suplementos em diferentes quantidades, bem como, o impacto de cada suplemento. Através de parcerias com empresas, foi possível testar também diferentes sistemas de adubação, com distintos adubos e doses, avaliando os sistemas para saber, por exemplo, quanto o pasto cresce por dia e o quanto esse crescimento representa. O grupo também trabalha com novos cultivares de azevém e de outras espécies forrageiras disponíveis no mercado.
Tayline Alves
Bolsista de comunicação da Ciência Rural
16 de janeiro de 2023.