Doença de Glasser e os impactos no rebanho suíno
Enfermidade afeta nas fases mais importantes nas granjas de suinocultura.
Considerada um desafio para os criadores, a Doença de Glasser afeta principalmente leitões jovens, em fase de maternidade e creche – fase posterior ao desmame. No entanto, pode ser identificada em todas as fases de criação dos suínos. A mortalidade varia de acordo com fatores como a imunidade do rebanho, atuação de outros agentes do complexo respiratório e manejo da granja, podendo chegar até 50%, segundo dados coletados pela Embrapa. Os sobreviventes geralmente tornam-se refugos – leitões de baixo peso que sofrem maiores consequências.
A doença infecciosa é transmitida pela bactéria Glaesserela parasuis, classificada em aproximadamente 15 sorotipos – diferentes variações da mesma bactéria, como afirma a médica veterinária Letícia Gressler: “é um desafio, além de impactar nas diversas manifestações clínicas da doença, conforme o sorotipo envolvido”.
A enfermidade causa inflamação no pericárdio, na pleura, nas articulações e também nas meninges. Os primeiros sinais clínicos são variáveis, mas geralmente se apresentam por volta das quatro até oito semanas de vida. Incluem desconforto respiratório e claudicação (mudança de comportamento e redução na interação social). Quando a bactéria atinge o cérebro do animal pode-se identificar tremores, incoordenação motora, decúbito lateral e movimentos de pedalagem. Em casos de infecção aguda pode ocorrer a morte súbita em até 48h.
A principal forma de transmissão é o contato direto entre os animais e a contaminação do ambiente com o agente, especialmente comedouros e bebedouros, sendo compartilhados entre vários animais da mesma baia ou lote.
Letícia afirma que além de causar muitos prejuízos econômicos, por causa da perda da performance dos animais e principalmente em razão das mortes, durante o abate ainda podem ser evidenciadas lesões que resultam no descarte da carcaça.
O diagnóstico é composto por avaliação clínica dos animais, histórico, necropsias, coleta de amostras para isolamento microbiológico, identificação molecular e tipificação dos isolados. A tipificação é fundamental para determinar os sorotipos circulantes no rebanho e, com isso, orientar, de forma mais apropriada, o protocolo vacinal. Já o tratamento específico compreende a utilização de antimicrobianos.
A principal medida de controle, segundo a médica veterinária, é a vacinação. “Impedir o contato dos animais com o agente é considerado impossível, visto que as matrizes são fonte de G. parasuis, por ser uma bactéria comensal do trato respiratório, desta forma, os leitões passam a ser colonizados precocemente, desde o nascimento, a partir do contato com a matriz. ”, afirma Letícia. Além disso, a vacinação promove uma imunidade que é transferida pelo colostro para os leitões,favorecendo o controle da doença.
Tayline Manganeli
Bolsista de comunicação da Ciência Rural