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Retrospectiva OBCC | 15 crises que marcaram o ano de 2025 no Brasil



O ano de 2025 no Brasil foi marcado por dezenas de eventos críticos e de crises importantes. Algumas delas se repetem, principalmente relacionadas a eventos climáticos extremos, a ameaças e ataques a instituições de ensino, a acidentes, à falta de ética e à má-gestão por parte de governos e empresas. Nessa direção, para fins de registro histórico e aprendizados, listamos 15 casos que consideramos representar uma amostra da diversidade de causas, tipos, desdobramentos e impactos das crises ocorridas neste ano.

 

  1. Desinformação orquestrada faz governo federal revogar norma para estancar “Crise do PIX”

No início de 2025, a Receita Federal publicou uma instrução normativa que demandava das fintechs a notificação de transações acumuladas acima de R$ 5 mil mensais para pessoas físicas, num movimento de rigor na fiscalização. Isso gerou uma repercussão negativa e uma onda de notícias falsas, dentre elas o boato de que o Pix seria taxado. O principal episódio foi a publicação de um vídeo nas redes sociais do deputado Nikolas Ferreira, que sugeriu que tal medida abriria caminho para a taxação do Pix, distorcendo o objetivo da normativa. Diante da repercussão, diversos órgãos e membros do governo se pronunciaram, como a Receita Federal, o Banco Central, o Presidente Lula, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Por fim, o governo teve de efetuar reuniões emergenciais, mudar o comando da Secretaria de Comunicação e promover uma coletiva de imprensa para comunicar a revogação da medida.

 

  1. Tânia Bulhões teve confiança quebrada após consumidora expor inconsistência da marca

Em janeiro, um vídeo de uma mulher tomando um café de R$ 5 na Tailândia em uma xícara idêntica à da marca de luxo Tania Bulhões viralizou nas redes sociais, cujo design, segundo a marca, é original. Tal fato fez com que mais relatos semelhantes surgissem e que as mesmas louças fossem encontradas à venda por um valor menor em e-commerces asiáticos. O caso causou uma crise de imagem e de reputação à empresa, fazendo com que clientes duvidassem da originalidade e exclusividade dos produtos e se decepcionassem com a marca. Em um primeiro posicionamento, a empresa afirmou que, frequentemente, seus produtos são copiados, e que o seu parceiro responsável pela confecção das peças havia descumprido acordos contratuais, vendendo sobras de produção fora do controle de qualidade. A marca decidiu por descontinuar algumas coleções, ofereceu a troca ou devolução de produtos, além de investir na produção nacional.

 

  1. Mais de mil consumidores relataram à Anvisa reações após usarem creme dental da Colgate

Em 27 de março de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda do creme dental Colgate Total Prevenção Ativa Clean Mint depois que consumidores da mesma relatarem aftas, inchaço, ardência, irritações e dores na boca, bem como dificuldades para comer e falar. Até o final de maio, mais de 1,2 mil consumidores comunicaram à Anvisa reações adversas depois de terem utilizado o produto, que teve sua fabricação interrompida pela marca. Uma mudança na sua composição ocorreu em 2024, quando o fluoreto de sódio foi substituído pelo de estanho, mas a mudança ainda não é confirmada como a causa das reações. A Anvisa iniciou uma investigação para verificar quais componentes podem ter causado o problema, bem como a empresa, que também decidiu por descontinuar o produto.

 

  1. Acidente com ônibus da UFSM deixou 7 estudantes mortos em Imigrante (RS)

No dia 4 de abril, um acidente com um ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que transportava 33 pessoas deixou sete passageiros mortos e mais de 20 feridos, depois do ônibus ter saído da pista e tombado de uma ribanceira de 52 metros de altura, capotando várias vezes. O veículo estava transportando estudantes e docentes do curso de Paisagismo, do Colégio Politécnico da UFSM, para uma visita técnica ao cactário Horst, no município gaúcho de Imigrante. O acidente aconteceu cerca de 850 metros do destino final. Três pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil por homicídio culposo e 21 lesões corporais culposas: o motorista do ônibus, o responsável pelo núcleo de transporte da universidade e a representante da empresa responsável pela contratação dos motoristas.

 

  1. Crise no INSS expôs falhas na comunicação e na gestão do governo federal

Em 23 de abril de 2025, uma operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), nomeada “Operação Sem Desconto”, revelou um esquema de descontos indevidos em pensões e aposentadorias do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), com um prejuízo estimado de R$ 6 bilhões. O esquema compreende corretoras, associações, call centers e empresas de consultoria, que, entre 2019 e 2024, teriam aplicado descontos sem que os beneficiários permitissem. Tal episódio trouxe à tona discussões sobre falhas de comunicação do governo, que deveria comunicar tais descontos aos cidadãos, informando-os sobre seus motivos e como cancelá-los, bem como apresentando um canal acessível para dúvidas, considerando as condições e o perfil dos beneficiários.

 

  1. Estudante bolsista do Colégio Mackenzie sofreu racismo e homofobia no ambiente escolar

No dia 29 de abril de 2025, uma aluna de 15 anos, bolsista do 9º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, foi encontrada desacordada no banheiro da escola. De acordo com a família da menina, ela vinha sofrendo bullying, racismo e homofobia por colegas desde 2024. A família afirmou ter denunciado a situação à escola naquele mesmo ano e pedido ajuda psicológica, porém a instituição não teria tomado providências. A escola disse que, após o episódio, prestou atendimento à aluna, que acolheu a mãe da estudante e que “o contato e o apoio à família têm sido contínuos”, mas que “não é possível afirmar quais foram as causas do evento”. A família da menina e o colégio registraram boletins de ocorrência, e a Polícia Civil está investigando o caso.

 

  1. Imagem da Cacau Show sofreu abalo após relatos de franqueados e ex-franqueados

Em 2025, a Cacau Show sofreu diversas denúncias sobre sua relação com franqueados e suas supostas práticas de gestão. Tais acusações surgiram de publicações realizadas pelo portal Metrópoles, expondo a insatisfação de franqueados sobre cláusulas contratuais relacionadas a pagamentos e distribuição de produtos, bem como situações constrangedoras. Em seguida, a Folha publicou uma reportagem com franqueados afirmando práticas abusivas, ameaças veladas e cobranças de taxas. Diante das acusações, a Cacau Show realizou uma postagem no Instagram, refutando as acusações e afirmando que elas eram injustas a sua história, seus valores e àqueles que constroem sua marca. A fim de apurar as denúncias, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo abriu um inquérito.

 

  1. Agência de publicidade DM9 teve prêmios cassados ao violar regras do Festival de Cannes

A DM9, agência de publicidade brasileira, se envolveu em uma crise após ter usado inteligência artificial para manipular imagens de uma peça publicitária. O trabalho, nomeado “Economia Eficiente de Energia”, foi desenvolvido para a Consul e premiado no Cannes Lions 2025, que solicitou que o prêmio fosse cassado após a revelação. O caso levantou discussões sobre a utilização ética da IA, bem como a criação de regulamentos e regras, e resultou na demissão de um executivo da DM9, na suspensão do contrato com a Consul e na devolução de outros prêmios da agência. Em comunicado, a DM9 informou que iria implementar um Comitê de Ética em Inteligência Artificial, a fim de “estabelecer diretrizes claras e melhores práticas para o uso responsável de IA e tecnologia em seus processos criativos”.

 

  1. Tarifaço de Trump a produtos do Brasil exigiu diplomacia das autoridades brasileiras

Em 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs diversas barreiras alfandegárias a países, impondo uma taxa de 10% ao Brasil. Em julho, porém, o presidente aumentou a tarifa para 50% a parte das exportações do Brasil, por conta de decisões que, para ele, prejudicariam empresas dos EUA e pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em novembro, Donald Trump removeu a tarifa de 10% de todos os mercados, incluindo o Brasil, e em seguida, o adicional de 40% de alguns produtos agrícolas brasileiros. A última decisão ocorreu após uma conversa entre Trump e Lula, na qual ambos concordaram em negociar. Trump afirmou que o avanço nas negociações com o Brasil, a demanda interna e recomendações da equipe do seu governo levaram à remoção do adicional.

 

  1. Explosão de fábrica da Enaex Brasil em Quatro Barras (PR) fez 9 vítimas fatais

No dia 12 de agosto, ocorreu uma explosão em uma área que armazenava material explosivo produzido por uma fábrica da Enaex Brasil, localizada em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, resultando em nove pessoas mortas e sete feridas. No momento da explosão, os materiais estavam sendo preparados para serem transportados, e as vítimas estavam trabalhando. O inquérito que estava investigando as causas do ocorrido não indicou indícios de crime doloso, nem culposo, mas identificou falhas sistêmicas na gestão de riscos da organização, o que pode ter favorecido a explosão. As análises periciais apontaram que a explosão provavelmente se deu devido ao atrito entre as pás de um misturador e o pentolite parcialmente solidificado, por conta da baixa temperatura do ambiente no momento.

 

  1. Adulteração de bebidas alcoólicas causou 16 mortes por intoxicação por metanol

A partir de setembro de 2025, o Brasil registrou diversos casos de intoxicação por metanol depois do consumo de bebidas alcóolicas. Segundo um boletim do Ministério da Saúde, de 19 de novembro, as intoxicações resultaram na morte de 16 pessoas. O órgão informou haver 97 casos registrados (62 confirmados e 35 em investigação) e 772 descartados. O estado mais atingido é São Paulo, com 48 casos confirmados e nove óbitos. O fato causou medo nos consumidores, diminuindo o movimento de restaurantes e bares brasileiros, cujas vendas caíram 4,9% em setembro, segundo o Índice Abrasel-Stone, decorrente desse e de outros fatores. Segundo a empresa Neotrust, que monitora o consumo em e-commerce, no Brasil, o faturamento com a venda de bedidas online caiu 47% nos 21 dias após o ocorrido.

 

  1. Pautas impopulares desgastaram imagem da Câmara dos Deputados junto à opinião pública

Em 2025, a Câmara dos Deputados sofreu uma intensa crise de imagem por ter pautado diversas propostas controversas: a PEC da Blindagem, cuja aprovação levantou discussões sobre privilégio institucional e impunidade; o PL da Devastação, aprovado pelo órgão e visto como o maior retrocesso ambiental dos últimos 40 anos; a MP da Taxação BBB (bilionários, bets e bancos) a qual foi tirada de pauta, gerando insatisfação popular pois representava a possibilidade de distribuição de renda mais justa. E o PL da Anistia, cujo pedido de urgência foi aprovado pelo órgão, e que acarretou debates sobre privilégios e impunidade. Tais medidas foram vistas como tentativas de autoproteção política, retrocessos institucionais e ambientais e ataques a direitos civis, sem refletir as demandas da sociedade. Com isso, a instituição sofreu com o descrédito e com a queda de confiança por parte da população brasileira.

 

  1. Ameaças online e ataques violentos a instituições de ensino demandaram atenção

Na manhã do dia 25 de setembro de 2025, durante o intervalo de uma escola de ensino médio do município de Sobral, no Ceará, um ataque a tiros resultou em dois alunos da escola mortos e outros três feridos. Os estudantes baleados estavam no estacionamento da escola, quando foram atingidos por dois atiradores, que chegaram de moto em uma rua próxima, desceram da mesma e atiraram pela grade da escola. Ainda não se sabe o que motivou o crime, porém uma das hipóteses é o confronto entre facções. O caso levantou discussões sobre a segurança em instituições de ensino, desde creches até universidades. Neste mesmo ano, diversas delas sofreram ameaças online, como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Universidade de São Paulo (USP) e uma escola de Novo Hamburgo (RS).

 

  1. Evento de artes marciais e boxe patrocinado pela Spaten terminou em briga generalizada

No dia 27 de setembro, em São Paulo, os lutadores Acelino Popó Freitas e Wanderlei Silva se enfrentaram no combate principal do Spaten Fight Night 2, evento exclusivo e sofisticado que visava celebrar as artes marciais e o boxe, segundo a Spaten, patrocinadora da luta. Prevista para oito rounds, a luta terminou no quarto round, com vitória para Popó Freitas, devido a advertências que Wanderlei Silva recebeu durante o embate. Após o árbitro ter determinado o fim da luta, os membros das equipes de ambos os lutadores adentraram o ringue, iniciando uma briga generalizada, na qual Popó sofreu uma fratura na mão e Wanderlei foi golpeado no queixo e ficou desacordado. Em nota oficial, a produtora do evento lamentou o ocorrido, prometeu que iria realizar uma investigação interna e afirmou que iria revisar protocolos de segurança, a fim de evitar futuras invasões no ringue. A Spaten se posicionou afirmando que o ocorrido não representa os princípios esportivos e que continuará trabalhando para elevar os valores do esporte e das artes marciais.

 

  1. Tornado no Paraná expôs vulnerabilidade da população a eventos climáticos extremos

No dia 7 de novembro, um tornado de categoria F4 na Escala Fujita, com ventos entre 332 e 418km/h, atingiu o município paranaense de Rio Bonito do Iguaçu, deixando em torno de 90% da cidade destruída e seis mortos. De acordo com a Defesa Civil, quase 1,5 mil casas sofreram danos, mais de 11 mil pessoas foram afetadas e em torno de 1,1 mil delas ficaram desalojadas ou desabrigadas. Os municípios de Guarapuava e Turvo registraram tornados de categoria F4 e F2 respectivamente, deixando um morto nessa primeira cidade e pelo menos 835 feridos em todo o estado. No total, onze municípios foram atingidos. O episódio demandou uma série de medidas do Governo do Paraná, como o direcionamento de R$ 50 milhões do Fundo Estadual de Calamidade Pública (Fecap) para reconstruir a cidade, cobrança de luz e água suspensas e apoio financeiro emergencial e para produtores agropecuários. Da mesma forma, o Governo Federal precisou liberar R$ 25 milhões para obras emergenciais entre outras medidas.

 

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Conheça as orientações do OBCC à sociedade sobre eventos climáticos extremos

Conheça as orientações do OBCC à sociedade sobre ataques violentos a escolas

 

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