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Por que a máscara PFF2 é a mais eficaz contra o coronavírus?

Com mais de 90% de capacidade de filtragem, ainda existem muitas dúvidas sobre como usar, guardar e reutilizar esse tipo de máscara



A pandemia da Covid-19 já perdura no mundo há mais de um ano e o uso de máscaras é uma das principais medidas sanitárias adotadas para o controle da doença. Apesar do desenvolvimento e da disponibilização de vacinas contra o vírus, muitos países apresentam lentidão e escassez de vacinas nas campanhas de imunização. Visto isso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e conforme apuração da Revista Arco, o uso de máscaras ainda é fundamental para combater o coronavírus.

Com mais de 18 milhões de casos, cerca de 507 mil mortes no Brasil e a falta de perspectiva para o fim da pandemia, a preocupação com a proteção individual levou algumas pessoas a procurarem pelos melhores equipamentos. Segundo as tendências de busca do Google Trends, as pesquisas por máscaras PFF2 e N95 dispararam nos últimos meses, e perfis de redes sociais como “Qual a máscara?” e “PFF para todos” fazem campanhas ativas de conscientização sobre esses modelos. Mas, afinal, por que essas máscaras são as mais eficazes contra o coronavírus?

Antes de respondermos essa pergunta, é preciso entender como funciona a proteção das máscaras para evitar a transmissão do vírus da Covid-19. De acordo com Marcos Antônio de Oliveira Lobato, professor do Departamento de Saúde Coletiva da UFSM e médico epidemiologista da Vigilância em Saúde do município de Santa Maria, o coronavírus se transmite basicamente pelo ar. 

“Temos muitas evidências que comprovam que ele se transmite por gotículas, e uma gotícula não vai muito mais que 1,5m/2m. Portanto, o uso de máscaras é a melhor forma de proteção. Para uma pessoa se infectar, é preciso que ocorra a aspiração de uma gotícula, ou que ela entre em contato pela mucosa, boca, nariz ou até pelos olhos. Todas as máscaras, nesse sentido, diminuem a quantidade de gotículas que vão para o ambiente, mesmo as mais simples. A questão é que não diminuem o suficiente, em alguns casos, e aí entra o diferencial das PFF’s”, afirma o professor. 

Propriedades protetivas da PFF2

A nomenclatura PFF diz respeito à “peça facial filtrante”. As máscaras desse tipo são construídas parcial ou totalmente de material filtrante que cobre o nariz, a boca e o queixo, sendo muito utilizadas por profissionais da saúde. No Brasil, existem três tipos: a PFF 1, 2 e 3 – tal numeração se relaciona à capacidade de filtragem de partículas do ambiente pela máscara. A PFF1 tem capacidade de filtrar em torno de 80% do ar, a PFF2 filtra cerca de 94% e a PFF3, mais utilizada em meio industrial, permite a passagem de apenas 1% das partículas, possuindo uma capacidade de filtragem de 99%.

Contudo, deve-se ter atenção ao comprar máscaras PFF com a finalidade de se proteger contra o vírus; elas devem ser dos modelos sem válvula. Ainda que as opções com válvula sejam mais confortáveis, elas protegem apenas o usuário, deixando as pessoas do entorno expostas. Isso porque elas permitem que o ar saia sem filtragem – então, se alguém contaminado com a Covid-19 utilizar essa máscara,  poderá infectar outras pessoas, praticamente como se não estivesse usando proteção alguma. 

Segundo o professor Lobato, os modelos tipo PFF não bloqueiam apenas a saída de gotículas pela pessoa que está utilizando a máscara, mas também impedem que as gotículas que estão no ar sejam aspiradas. Além disso, esses respiradores protegem também contra aerossóis contendo vírus e bactérias. Os aerossóis são diferentes das gotículas, pois possuem  partículas menores e que permanecem mais tempo no ar, logo quando inaladas podem penetrar mais profundamente no trato respiratório.  

Por isso as máscaras PFF vão além de um sistema de filtragem comum. Elas têm a capacidade de filtrar partículas que normalmente passariam em máscaras de pano, por exemplo – o que se deve a sua propriedade eletrostática.

“Quando a gente passa um balão no cabelo provocando fricção e consegue ver que os fios se grudam no balão, é devido à eletrostática. Acontece esse mesmo fenômeno nas máscaras PFF, pois, na sua confecção, os fabricantes aplicam um tratamento que faz com que parte das fibras da máscara possuam essa propriedade, que atrai alguns tipos de partículas e as retém, não as deixando passar para que  a gente não aspire essas partículas”, explica o epidemiologista.

Ainda segundo o professor, a máscara PFF 2, apesar de não filtrar 100% o ar, reduz significativamente a carga viral aspirada, deixando o vírus em uma dose não infectiva, uma quantidade insignificante. Portanto, mesmo que a pessoa esteja exposta a uma grande quantidade de vírus, num local de alto risco de contaminação ela tem chances mínimas de infectar-se utilizando a máscara corretamente.

Como usar e conservar a PFF 2

Além de oferecerem maior proteção contra a Covid-19, as máscaras do tipo PFF possuem o benefício de suportarem o uso por muito mais tempo que as máscaras comuns, podendo ser utilizadas por até oito horas, sem necessidade de troca. Outra vantagem é que elas não são descartáveis: a PFF2 pode ser usada mais de uma vez, desde que alguns cuidados sejam tomados. 

Após o uso, é preciso deixar a máscara em ambiente arejado, de preferência com sol, por até três dias, antes de reutilizá-la. O professor Lobato recomenda que pessoas que precisam sair todos os dias comprem uma máscara para cada dia da semana e revezem o uso entre elas. “Depois de 3 ou 4 dias usando a mesma PFF2, vai ser necessário descartá-la. Fazendo o intervalo, você pode reutilizá-la sem problemas por até um mês. Apenas quem trabalha em lugares com altíssimo risco de contaminação, como os profissionais de saúde e os profissionais que fazem o teste de identificação da Covid-19, terá que sempre descartar as máscaras “ diz o professor.

Lobato também atenta, que caso a máscara fique muito suja ou úmida, será necessário descartá-la. É importante também não utilizar nenhum produto químico para limpar a máscara. Álcool, alvejante ou até mesmo lavar com água e sabão fazem com que ela perca a sua capacidade de filtragem e a sua propriedade eletrostática. Para pessoas que desejam uma proteção ainda maior, o professor recomenda o uso do face shield juntamente à máscara PFF2.

Todas as máscaras são importantes 

Os modelos do tipo PFF, apesar de serem os mais seguros, não anulam o uso de outros tipos de máscaras pelas pessoas que não os possuem. O professor Lobato explica que todas as máscaras, mesmo as de baixa qualidade, são importantes para o controle do vírus. O que pode ser feito para melhorar a capacidade de filtragem das máscaras comuns é usar duas de pano com dupla camada ou uma de pano e uma cirúrgica, por períodos curtos de duas a quatro horas.

As máscaras do tipo N95 também são boas aliadas na prevenção do coronavírus. O professor Lobato explica que N95 é uma denominação americana e que ela filtra quase a mesma quantidade que uma PFF2 – enquanto a PFF2 filtra 94%, a N95 filtra 95%. 

É importante, contudo, verificar a origem da N95 para comprovar sua confiabilidade, seja averiguando se a importação dela foi autorizada pela Anvisa ou se ela foi certificada pelo Inmetro e se tem liberação para o uso. “As máscaras são importantes. Elas fazem a diferença sim. Máscaras funcionam, distanciamento social funciona, ventilação de ambientes funciona. Se as pessoas podem ter uma PFF2, comprem!”, ressalta o epidemiologista.

Veredito final: Comprovado!

Desde que utilizada da forma correta e tomando os cuidados necessários para a reutilização, a máscara PFF2 é sim a mais eficaz e recomendada contra o coronavírus.

Expediente

Repórter: Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Ilustradora: Yasmin Faccin, acadêmica de Desenho Industrial e bolsista

Mídia Social: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Eloíze Moraes e Martina Pozzebon, estagiárias de Jornalismo

Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas

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