Número: 055689
Nome do projeto: Educação Empreendedora e Negócios de Impacto no Novo Ensino Médio
Coordenação: Debora Bobsin
Objetivo geral: Co-criar uma metodologia para a implementação do itinerário “empreendedorismo” nas escolas-piloto do Novo Ensino Médio de Caçapava do Sul
Linhas de extensão: Empreendedorismo
Período de realização: 02/01/2021 a 31/12/2024
ODS: 04
Após o início da implementação das mudanças na estrutura do Ensino Médio, com uma organização curricular focada na formação técnica e profissional dos alunos, o ensino da educação financeira e do empreendedorismo se tornou presente na formação desses jovens (nas salas de aula). A insegurança e a dificuldade de se adaptar em uma nova área pode ser um grande desafio para os professores de escolas públicas, que precisam ensinar temas que não tem tanto domínio.
Frente a este obstáculo, a docente do Departamento de Ciências Administrativas, Debora Bobsin, criou o projeto “Educação Empreendedora e Negócios de Impacto no Novo Ensino Médio” para dar suporte a esses profissionais no ensino de conteúdos relacionados ao empreendedorismo. “Nós não montamos a aula, ajudamos indicando onde eles podem buscar materiais, e atividades práticas que eles podem desenvolver em sala de aula.”, relata Debora.
Ela explica que a ação ministra algumas oficinas para os alunos: “Quando é um conteúdo muito específico, e os professores têm mais dificuldade, nós construímos uma oficina, e trabalhamos diretamente com os alunos.”, afirma a docente.
O projeto atende três escolas da região de Caçapava do Sul, e tem vínculo com o projeto do Geoparque do município. Segundo Debora, o geoparque é uma iniciativa empreendedora de uma comunidade, e também uma oportunidade para empreendimentos: “no momento que temos um novo ensino médio trazendo conteúdos como esse de educação empreendedora, parece que o ciclo vai se fechando”.
Entrevistamos a coordenadora do projeto, Debora Bobsin, para saber mais sobre a ação.
Qual a metodologia utilizada pelo projeto para o ensino do empreendedorismo para os professores?
Os professores trazem a demanda, normalmente os bolsistas fazem um encontro com eles, então os bolsistas preparam os materiais. A partir disso, os educadores organizam conteúdos e materiais, e dão as devolutivas, o nosso papel é ir acompanhando esse processo. A ideia inicial era ter uma metodologia toda construída para o novo Ensino Médio, mas observamos que as escolas têm contextos diferentes. Temos uma escola que é no centro da cidade e duas escolas que são rurais – uma está a 40 Km da cidade, e a outra tem alunos de dois municípios, porque ela fica bem na divisa entre Caçapava e Cachoeira. Assim, entendemos, ao longo desse tempo, que não tem como ter uma metodologia única, precisamos compreender a demanda do professor. Nas oficinas, nós vamos lá para fazer as atividades presenciais. O acompanhamento com os professores é feito normalmente a partir de encontros virtuais, porque estamos distantes.
Quais as dificuldades, observadas pelo projeto, dos professores nessa adaptação ao Novo Ensino Médio?
Está muito relacionada a conteúdos, porque eles são muito ativos, muito criativos e já trabalham com metodologias ativas, levar um outro olhar pros alunos. Mas eu acho que são conteúdos novos para eles, porque estamos falando de professores que são de física, química, matemática, biologia, que tem que inserir empreendedorismo em suas aulas. Acho que têm um lado muito deles [dos professores], são muito dispostos a aprender, mas é algo totalmente novo, e sendo algo novo, claro que gera insegurança, porque eles têm que passar um conhecimento que ainda estão tentando compreender. Acho que esse é o desafio: ter que se adaptar a um novo conteúdo, a uma nova realidade, a um olhar mais prático, para o mercado de trabalho.
Quais foram os desafios encontrados durante o desenvolvimento do projeto?
Nós ainda não conseguimos desenvolver uma metodologia para termos o retorno dos professores em relação ao conteúdo, se deu certo ou não, porque quando a gente vê eles já estão trazendo outra demanda. Então eu vejo que é um desafio do projeto conseguir fechar o ciclo. Tem o desafio que é natural, por não estarmos na mesma cidade, há um esforço tanto dos professores quanto nosso, dependemos muito de conseguir um horário para conversar online, de um acesso à internet, e não é a mesma coisa para discutir as problemáticas. Outro desafio é que as demandas deles são imensas, porque nós trabalhamos com escola pública.
Qual a importância do projeto para a comunidade?
Está muito nesse olhar para a comunidade escolar, conseguir dar acesso a esses diferentes conhecimentos que a gente tem na área. Levar o conhecimento especializado, com muito cuidado para que o professor possa trabalhar, a partir do viés dele, do olhar dele. Mas, por outro lado, a gente tem uma conexão muito grande com o projeto do geoparque, de levar pros alunos a perspectiva desta iniciativa, esse olhar de empreendedorismo, de geração de renda, de oportunidade de trabalho. Por exemplo, como eu faço para que um jovem que está no ensino médio pense na palavra empreendedorismo de forma ampla? Nós olhamos para o empreendedorismo e tentamos levar para eles que não é necessariamente montar um negócio, que eles podem olhar para o empreendedorismo como algo para a vida.
Qual a contribuição na formação dos bolsistas que participam do projeto?
Os bolsistas, sejam do geoparque, sejam do FIEX, são essenciais. Até porque eu entendo a extensão como um espaço de formação, assim como eu tenho o estudante aprendendo por meio da pesquisa, e do ensino que é a sala de aula. Quando realizamos formação para os empreendedores, ou uma oficina para os jovens da escola, elas são pensadas pelo estudante. Então, a bolsa do FIEX para além de ser um espaço de operacionalizar o projeto, oportuniza para os nossos discentes terem um contato com o seu conhecimento, com o objeto de aprendizado do seu curso, de uma forma diferente fora da Universidade. Tem um ponto muito importante: eu já estou há alguns anos fora da escola, e o discente não, ele saiu há três, quatro anos, então ele consegue falar uma linguagem com os jovens que é completamente diferente da minha, ele consegue ter uma aproximação diferente.
Quais são os planos futuros para o projeto?
Ter uma metodologia que possa ser flexível de aplicação na educação empreendedora, que a gente pudesse dar um passo a passo para os professores, que eles conseguissem andar sozinhos. A nossa ideia é ter um site onde possamos ter um repositório de materiais. Por exemplo, eu quero trabalhar sobre o mercado de trabalho, tem lá no site ideias, sugestões, proposições e que o professor consiga buscar isso e construir a sua sala de aula a partir das suas demandas.
O projeto também incentiva ações que promovem a criação de vínculos entre a Universidade e os alunos dessas escolas públicas. Segundo Debora, são realizadas visitas ao campus, em que são propostas atividades para que os estudantes conheçam sobre as possibilidades e as assistências estudantis – como o Restaurante Universitário, Casa do Estudante, Benefício Socioeconômico, etc. – oferecidas pela UFSM. Incentivar a integração e o sentimento de pertencimento destes alunos é significativo para o desenvolvimento desses jovens. De acordo com a docente, essas atividades possibilitam que: “esses alunos visualizem a Universidade como um espaço de oportunidade, e também como um espaço que é acessível à eles, e para eles”.
Texto por: Júlia Almeida