Lançado com a organização de cinco autores, entre professores ativos e aposentados do curso de Arquivologia, o livro “Memória dos 40 anos do Curso de Arquivologia da UFSM” traz lembranças que acompanham a história do curso ao longo da sua evolução.
Os relatos históricos como “A turma de transição: a transferência do Curso de Arquivologia para o Campus Universitário”, fatos curiosos como “A aula prática que nunca aconteceu”, ou ainda dicas, em “Como ser um arquivista de sucesso”, são algumas das narrativas encontradas na obra, lançada no dia 22 de dezembro, e de distribuição gratuita na secretaria do curso.
Para saber mais sobre a elaboração desse projeto, confira a entrevista com a professora Fernanda Kieling Pedrazzi, coordenadora do curso de Arquivologia da UFSM e uma das organizadoras do livro.
O que motivou a elaboração desse projeto?
Profª. Fernanda – O projeto do livro “Memória dos 40 anos da Arquivologia da UFSM”, organizado por Carlos Blaya Perez, Clara Marli Scherer Kurtz, Fernanda Kieling Pedrazzi, Rafael Chaves Ferreira e Sonia Elisabete Constante, surgiu com a chegada dos 40 anos do curso. Nos 25 anos, houve uma publicação chamada “25 anos de história”, organizada pelas professoras Olga Maria Correa Garcia, já aposentada, e pelas saudosas professoras Denise Molon Castanho e Eneida Izabel Schirmer Richter, infelizmente já falecidas. De lá pra cá não havíamos publicado mais nada sobre o aniversário do curso. Portanto nos sentimos com o compromisso de renovar e rememorar as histórias do curso. A ideia do livro, na verdade, surgiu no ano de 2016 nas reuniões do colegiado. Formamos uma comissão envolvendo professores e TAEs do Departamento de Documentação (departamento que reúne o maior número de professores que dão aula no curso) e os dois servidores TAEs ligados ao curso, propondo, inicialmente, um concurso no qual seriam selecionadas histórias de pessoas da comunidade arquivística ligada ao curso, produzidas em forma de depoimentos. Tivemos uma ótima resposta à Chamada de Relatos sobre a história e memória do Curso de Arquivologia da UFSM, e selecionamos histórias de 13 autores que se inscreveram. Depois agregamos mais uma autora, por convite. Na minha opinião, esta é a parte mais emocionante do livro.
Quais alguns dos assuntos abordados na obra?
Profª. Fernanda – O livro rememora a trajetória do curso e das pessoas que por ele passaram. Ele está dividido da seguinte forma: primeiramente há um prefácio do diretor do CCSH, Mauri Löbler, que compreendeu muito bem a ideia do livro e do nosso curso, um curso que tem o aconchego de uma casa de amigos; depois são apresentados os agradecimentos a todos que colaboraram. O texto de abertura é da professora Darcila de La Canal Castelan, professora fundadora do curso que foi também a sua primeira coordenadora. Na sequência há um apanhado da história do curso produzido pela professora Clara Kurtz e pelo recentemente empossado professor Rafael Ferreira. A seguir são dadas informações históricas da arquivologia no Brasil, bem como fala-se das perspectivas do curso da UFSM, num texto escrito pela professora Sonia Constante e por mim.
Escrevemos também os dois textos seguintes: um que traz as atividades comemorativas e os eventos realizados com a parceria do curso. Enfim, chegam os depoimentos da Chamada de Relatos, com 17 histórias de 14 autores. O livro encerra com os nomes das pessoas que foram ou são vinculadas ao curso, entre docentes e servidores técnico-administrativos, e ainda há um capítulo escrito também pela professora Sonia e por mim, que cita o nome e a data de formatura de todos os egressos do nosso curso.
A UFSM foi a primeira entre as universidades federais do interior a instalar um curso de Arquivologia. Comente sobre esse fato e o papel desempenhado pelo arquivista.
Profª. Fernanda – Na introdução trazemos à tona a questão do aniversário do curso, que achamos conveniente tratar. O fato é que nosso curso tem dois aniversários: foi criado em 10 agosto de 1976 por um Parecer do Conselho de Ensino e Pesquisa da UFSM, mas entrou funcionamento em 18 de abril de 1977, quando teve sua aula inaugural ministrada pelo professor José Pedro Esposel. De todo modo, o nosso foi o primeiro Curso de Arquivologia fundado diretamente como curso superior desta área no Brasil. Há uma controvérsia quanto a qual foi o primeiro curso que envolve o curso do Rio de Janeiro, criado a partir de um curso técnico do Arquivo Nacional. O que importa para nós é o pioneirismo de ter um primeiro curso no interior do Brasil, pioneirismo este que é marca da UFSM, também como primeira Universidade Federal, fundada, em 1960, fora de uma capital.
Hoje são mais de 700 arquivistas formados por Santa Maria, um orgulho para todos os que contribuem nessa formação. Já dizia o professor Esposel em 1972 que “os arquivos são instrumentos do progresso e fontes essenciais de pesquisa”. O arquivista tem papel fundamental para impulsionar a pesquisa, sempre pensando na memória e na história do que vivemos. Hoje em dia, por estarmos na sociedade da informação, precisa-se mais do que nunca deste profissional para organizar e deixar disponível tudo o que se produz em conhecimentos.
Texto: Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti
Foto: Divulgação