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Educação Patrimonial

O arquivo do BPL, olhado em seu conjunto, é uma mostra significativa de que vivemos em um país diverso e multifacetado. Considerando-se  este pressuposto, o projeto de extensão “Política de Línguas na Quarta Colônia/RS: formação de comitê gestor e educação para a alteridade”, coordenado pelas Professoras Amanda Eloina Scherer (DLCL/UFSM) e Larissa Montagner Cervo (DLV/UFSM), ambas vinculadas ao Laboratório Corpus (PPGL/UFSM), dedica-se ao  investimento em ações de educação patrimonial no que concerne à línguas no Geoparque Quarta Colônia, hoje Geoparque Mundial da Unesco, situado na região central do Rio Grande do Sul, próxima à UFSM. 

 A Quarta Colônia, historicamente, do ponto de vista do patrimônio cultural, constitui-se como um território de sujeitos entre línguas e memórias, pelo quanto funde a memória do sujeito imigrante – italiano, prioritariamente – e das línguas de imigração com a história e a memória do Brasil e dos processos de legitimação da língua portuguesa como língua oficial e nacional. Reorganizada enquanto Geoparque Mundial a partir de um projeto estratégico de colaboração mútua entre a UFSM e o Condesus Quarta Colônia, formado por 9 (nove) municípios, os investimentos educacionais passam a dar maior visibilidade também a outros povos partícipes da história e da memória da formação território, o que repercute em questões linguísticas e identitárias. 

O (re)exame da história oficial do território assim procede à medida que o geoparque, pela sua natureza multidisciplinar, associa sentimentos de pertença e vínculo ao território como elementos essenciais à preservação de recursos naturais, geológicos e humanos do futuro. Por isso, o projeto de extensão tem se dedicado a explorar e trabalhar a língua portuguesa enquanto observatório de diferentes memórias e da heterogeneidade que nos constitui, para que então possamos ressignificar relações de diferenças e desigualdades sócio-históricas em termos de alteridade. 

O objetivo principal é contribuir para a instauração de uma política de memória enquanto eixo articulador e fundante da reinscrição da história e da memória da Quarta Colônia enquanto Geoparque, a partir de uma tomada de posição teórica sobre política de línguas que não opera em sentidos de universalidade, hierarquia ou planejamento, e sim em termos de produção de conhecimento para a compreensão de processos discursivos que envolvem a relação entre unidade e diversidade de línguas na constituição do Estado e dos sujeitos em suas subjetivações e singularidades.

O projeto está sendo desenvolvido em uma comunidade piloto, a Rincão do Santo Inácio, localizada em Nova Palma/RS. O Rincão Santo Inácio é um quilombo reconhecido pela Fundação Palmares, também chamado de Quilombo Vovó Isabel, em homenagem a uma de suas mais antigas moradoras, ex-escrava. Entre as ações previstas, estão sendo realizadas entrevistas com lideranças e atividades educacionais com moradores(as) locais, visando à elaboração de um material que aborde a memória e a história da comunidade e sirva como referência à educação patrimonial.

 

Para conhecer o Geoparque Quarta Colônia, acesse https://www.geoparquequartacolonia.com.br/home.

Para saber mais sobre o que é um geoparque e conhecer outros geoparques do Brasil, acesse https://www.unesco.org/pt/fieldoffice/brasilia/expertise/natural-sciences-earth-sciences-global-geoparks