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Não é pneumonia. Mas poderia ser.



Por Gisele Lorenzetti (CEO da LVBA Comunicação)

 

Estou escrevendo este artigo no exato momento em que enfrento um dos piores e mais severos quadros gripais da minha extensa vida. Decidi escrever porque cheguei a uma conclusão: meu estado de saúde tem muito a ver com crises corporativas.

Primeiro, farei um breve relato dos meus últimos dias.

Apresentei sinais claros de que não estava bem. Tive um quadro gripal persistente atribuído ao tempo seco. Sentia muito cansaço e alguma dificuldade respiratória. No início, a tosse era suportável e seca, mas depois se tornou intensa, com muita secreção.

Após uma noite em que as dores de cabeça eram tão intensas que chegavam a me cegar, decidi procurar o Pronto Atendimento. Naquele momento, com muitas dores no corpo, senti medo: seria uma pneumonia?

Durante o atendimento hospitalar, a tosse, aliada à dificuldade respiratória e à dor de cabeça enlouquecedora, impediram-me de me comunicar claramente com a médica. Após receber uma medicação injetável abençoada para aliviar o desconforto mais agudo, fui encaminhada para fazer diversos exames. A suspeita inicial era de pneumonia ou qualquer outra infecção bacteriana.

O diagnóstico concluído foi o seguinte: não é pneumonia. A infecção é viral e pode ser caracterizada como uma forte gripe agravada por um quadro de sinusite ainda mais forte. O tratamento recomendado inclui medicação, inalação, hidratação e paciência. Infelizmente, não encontrei paciência à venda na farmácia.

Empresas podem ter gripes? Sim, e essas gripes podem se agravar até se tornarem pneumonias e até mesmo sepse, que, se não tratada a tempo, pode levar ao fim dos negócios.

As crises dão sinais. As Americanas que o digam. Os sinais estão lá. Aqueles que não prestam atenção neles e atribuem tudo ao tempo seco, ao cenário econômico, político ou até mesmo à reputação que torna a empresa inabalável, estão errados.

Quando a empresa percebe que a situação é um pouco mais séria, busca-se soluções paliativas, até mesmo cosméticas. Tem-se medo de investigar a fundo e entender claramente a situação. O assunto ainda é mantido restrito a alguns executivos que, por inexperiência ou arrogância corporativa, continuam acreditando que as condições meteorológicas podem mudar.

Os sintomas se agravam e o que era silencioso começa a ser ouvido fora dos escritórios.

Sinal vermelho. Pare tudo. A crise se instalou.

É hora de diagnosticar e entender a extensão da crise. Ou melhor, dos danos à reputação. O que aconteceu? O que a organização precisa assumir? Com quais stakeholders é preciso se comunicar? Qual é o tom das mensagens que devem ser direcionadas a cada público? Como medir os resultados de cada ação? Como reavaliar o cenário?

Nessas horas, é fundamental que profissionais experientes em gestão da comunicação para momentos de crise sejam acionados. Eles saberão avaliar o estado de saúde da organização e prescrever os tratamentos necessários.

Uma das prescrições que poderão ser feitas é a resiliência, para enfrentar esse momento e permitir que todo o sofrimento se transforme em aprendizado.

 

 Texto originalmente publicado no site da LVBA Comunicação.

Artigos assinados expressam a opinião de seus autores.

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