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As Universidades públicas brasileiras estão preparadas para se comunicar em situações de crise?



Dados preliminares de uma das pesquisas que estão sendo realizadas pelo Grupo de Pesquisa EstratO (UFSM/CNPq) sobre a comunicação nas/das universidades públicas brasileiras indicam que a maioria das instituições não tem um plano para comunicação de crise. De 29 instituições que participaram da pesquisa (representadas pelo seu principal diretor/coordenador/gestor da área de comunicação), apenas 5 afirmam contar com esse tipo de plano. E 2 delas não sabem informar. Há aqui um sinal de alerta quanto ao despreparo das universidades públicas para os desafios comunicacionais atrelados à gestão de crises.

A maioria das Universidades públicas brasileiras não tem plano de comunicação de crise.

A universidade, por muitos séculos, ocupa uma posição hegemônica como lugar de geração e transmissão do conhecimento. Mas, conforme destaca Barichello (2001), essa instituição vem sendo questionada, em virtude da mudança de uma sociedade com limites definidos para um contexto social no qual eles são mais flexíveis. O cenário se agrava ao observarmos os desafios postos às Universidades nos últimos anos, como cortes de verbas/falta de investimentos, discursos de ataque à educação, avanços da inteligência artificial, dentre outros. 

Destaca-se, ainda, o fenômeno de virtualização de instituições no contexto de midiatização (HJARVARD, 2012), em que a relação entre elas e os indivíduos dá-se num âmbito mais particular e não fisicamente localizado. Nessa complexidade do cenário comunicacional, as tecnologias promovem (e por vezes exigem) novas práticas de interação para as organizações, que precisam monitorar a sua presença em diversos espaços midiáticos (gerenciados ou não por elas) e dialogar com seus interlocutores/públicos estratégicos nesses ambientes e a partir deles. 

Em 2001, Barichello já sinalizava que “[…] as instituições, especialmente as públicas, precisam renovar suas práticas comunicacionais visando alcançar a sua legitimação junto à sociedade” (BARICHELLO, 2001, p.71). Para ela, o destino da universidade depende das relações comunicacionais que estabelece com a sociedade. A premissa permanece. É necessária uma atuação comunicacional estratégica das universidades, que impulsione o seu projeto de reconhecimento social, e (mais) preparada para o enfrentamento das crises que aí estão e que virão.

Ou seja, a demanda de uma comunicação estratégica não é nova e se mostra cada vez mais relevante, também no que se refere à gestão de crise. Fica o questionamento: quais fatores têm dificultado ou retardado a sua efetivação? Na tentativa de responder, sugere-se alguns prováveis motivos, que certamente não são os únicos e nem se aplicam a todas as universidades públicas: insuficiente profissionalização na comunicação, estrutura precária do setor, ausência de política de comunicação, aspectos da cultura organizacional que impõem resistência a certas mudanças, falta de clareza por parte da gestão universitária quanto ao papel da comunicação (pública), disputas políticas internas e externas. 

 

Referências:

BARICHELLO, Eugenia M. Mariano da Rocha. Comunicação e Comunidade do Saber. Santa Maria: Palotti, 2001.

Grupo de Pesquisa EstratO –  https://www.ufsm.br/grupos/estrato

HJARVARD, Stig. Midiatização: teorizando a mídia como agente de mudança social e cultural. Matrizes, São Paulo, n.2, p. 53-91, jan/jun. 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/38327>. Acesso em: 16 dez. 2023.

 

Por Daiane Scheid  (Professora da UFSM, Doutora em Comunicação, Líder do Grupo de Pesquisa EstratO)

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