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Prevenção, preparação e resposta a emergências de saúde: o papel da comunicação de risco e da comunicação de crise num cenário de ameaças



Por Jones Machado (Professor de Relações Públicas da UFSM, Autor do livro “Gestão Estratégica da Comunicação de Crise” e Coordenador-geral do OBCC)

 

A área da Saúde enfrenta múltiplos desafios diante de novas ameaças a cada momento e, por isso, apresenta-se hoje como o exemplo mais claro da importância da comunicação de risco e de crise para a prevenção, a preparação e a resposta a situações críticas. A saber, mesmo com o fim da emergência em saúde por Covid-19, o mundo continua em alerta devido ao potencial surgimento de novas variantes. Isso é corroborado pelo Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom, que nesta semana anunciou: “Permanece a ameaça do surgimento de outra variante da covid-19 que cause novos surtos de doenças e mortes. E a ameaça de outro patógeno emergente com potencial ainda mais mortal permanece“.

 

Diante dessa conjuntura, desde 2020, organizações não governamentais, governos e institutos de pesquisa passaram a emitir com mais frequência notas e comunicados no intuito de informar e orientar a população mundial sobre possíveis ameaças e riscos, além de formas de prevenção, tratamento e cura de doenças com alto índice de transmissão. Embora negligenciadas por governos e algumas entidades durante a pandemia do Novo Coronavírus, principalmente no Brasil, a comunicação se mostrou imprescindível. A comunicação de risco e de crise mostram-se como aliadas da ciência, tendo em vista a “pandemia de desinformação e de fake news” levada a cabo por aqueles que negam o conhecimento e as evidências científicas, um dos principais fatores de preocupação quando se está tentando enfrentar situações que põem em vulnerabilidade vidas humanas. Infelizmente, naquele período, a comunicação de risco foi utilizada muito mais no sentido de amedrontar sobre as políticas de prevenção e relativizar os perigos à vida do que prevenir e preparar efetivamente para o enfrentamento. O que se seguiu em face dessa postura foram milhões de casos e de mortes registradas. No entanto, mesmo com a reticência do governo federal à época e do endosso desse posicionamento negacionista por algumas organizações e parte da população, a comunicação de crise que compõe a campanha de vacinação surtiu resultados positivos, culminando na diminuição da circulação do vírus, na redução de internações e mortes e no fim da emergência por Covid-19, o que possibilitou as atividades voltarem ao patamar anterior.

 

Hoje (2023), dois casos recentes ilustram o papel da comunicação de risco seja para prevenção e preparação seja para esclarecimento e atenção por parte da população. O primeiro caso refere-se à China, que se prepara para uma nova onda de infecções por Covid-19, tendo em vista a variante XBB da ômicron, podendo chegar a 65 milhões de infectados por semana. Mesmo assim, a resposta daquele país ao novo surto é tímida e moderada temendo prejuízos econômico-financeiros. Ou seja, falta uma comunicação clara sobre o nível de risco da nova onda da doença. De outro lado e em outra escala, no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul informou em nota nesta semana a detecção de foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), a Gripe Aviária, em aves silvestres na Estação Ecológica do Taim, uma das maiores áreas ambientais do mundo. O objetivo da nota em questão, para além da informação em saúde, visa tranquilizar a população e os produtores de aves para comércio. Podemos notar neste movimento um aprendizado advindo da pandemia do Novo Coronavírus, o de que a comunicação tem papel instrucional, pedagógico e de transparência.

 

Nota do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 29/05/2023.

 

Sobre o contexto em que vivemos, Tedros Adhanom, Diretor-Geral da OMS, pontuou durante a 76ª Assembleia Mundial de Saúde: “As pandemias estão longe de ser a única ameaça que enfrentamos. Em um mundo de crises sobrepostas e convergentes, uma arquitetura eficaz para preparação e resposta a emergências de saúde deve abordar emergências de todos os tipos“. Tal depoimento leva-nos a lembrar que outras crises ou outras situações de risco podem impactar direta e indiretamente em emergências de saúde. É o caso, por exemplo, dos desastres de Brumadinho e Mariana, que impactaram na flora e na fauna da região, provocando desequilíbrio ambiental importante, o que pode acarretar em novas doenças. Além disso, questões como migração internacional, guerras, garimpo ilegal, cobertura vacinal aquém das metas e falta de acesso universal à rede de saúde se somam aos pontos de atenção deste século.

 

Em face do cenário de ameaças no qual estamos inseridos, é mister a cultura da comunicação de risco e de crise pelas organizações, uma vez que antecipam cenários e contribuem para a prevenção ou mitigação de danos. Principalmente, se as organizações forem governamentais, pois o interesse público se impõe, e as que têm operações com potencial elevado de geração de desastres. Da mesma forma, essa modalidade de comunicação também confere transparência, cuidado e preocupação com as pessoas, tranquilizando-as ou, ao menos, dando-lhes alternativas e soluções para lidar com as circunstâncias que venham a se apresentar e prejudicá-las.

 

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