Por Carolina Frazon Terra (Doutora em Ciências da Comunicação, Professora na USP)
A cantora Jojo Toddynho fez uma declaração alegando que só fala bem do SUS (Sistema Único de Saúde) quem não o utiliza. Após a fala, o Ministério da Saúde, órgão do Governo Federal responsável pelo SUS, rapidamente postou um trocadilho nas redes sociais “Que mico foi esse?”, uma alusão à música da própria cantora, “Que tiro foi esse?”. Em uma segunda postagem, a personagem escolhida para fazer a crítica à fala da cantora foi a apresentadora Cariúcha. O teor das respostas foi tutorial, com fatos embasando a defesa.
A maneira como o Ministério da Saúde lidou com o problema foi bastante objetiva: provou com dados a satisfação dos usuários do SUS, além de evidenciar tudo com o que o sistema atua.
Já no caso da marca de produtos cosméticos, Salon Line, a reação à crise parece não ter sido tão bem aceita. Uma influenciadora e consumidora, Maju Santos, postou um vídeo em que se queixava da postura da marca com ela: “amiga, você tá igual cachorro na frente da padaria, olhando o frango girar e só sentindo o cheiro…kkkk”. Com razão, a influencer ficou chateada e o seu caso viralizou no TikTok, o que fez com que a marca reagisse.
No entanto, no vídeo em que deveria pedir desculpas à influenciadora, a marca o fez, mas mais se enalteceu e se autopromoveu do que, de fato, retratou-se. Outro ponto crítico apontado pelos internautas foi o fato de não colocarem uma liderança da marca para responder pelo caso.
A marca também entrou em contato com a influenciadora oferecendo acesso ao programa “Migs” que ela almejava muito antes da problemática toda. A esse ponto, Maju já não queria mais estreitar qualquer relacionamento com a Salon Line.
Onde a marca errou? No posicionamento autopromotor, quando deveria focar na retratação. Na forma como entraram em contato com a influenciadora, oferecendo “migalhas” depois de um erro grotesco. Na minha opinião, no entanto, o maior erro de todos está na forma como a marca achou que podia tratar seus clientes mais fiéis: com deboche, com humor questionável e com a falta de noção completa.
Surfar em torno de conteúdos de oportunidade, como no caso do Ministério da Saúde, foi importante para a instituição para posicioná-la acerca do que faz, como faz, com quais ações, em um sentido de defesa da sua imagem e reputação.
Já no caso da Salon Line, a ideia era ser “engraçadinho”, a exemplo de marcas como Duolingo, Netflix, Burger King, porém, a ofensa chamou mais a atenção do que a “lacração” pretendida pela marca. Infelizmente, o que se sucedeu não foi um pedido de desculpas à altura do caso, mas, sim, um pronunciamento de autovalorização. Algo para limpar a sua barra, sem sinceridade, sem afeto, sem proximidade.
Para ter acesso aos casos, acesse os links abaixo.
Ministério da Saúde e Jojo Toddynho: https://www.instagram.com/minsaude/p/DIUbic0yaLX/?img_index=1 e https://www.instagram.com/minsaude/reel/DIXWoZ9MuRz/
Salon Line:
https://www.tiktok.com/@majusices/video/7489853954671578423 e https://www.tiktok.com/@salonlinebrasil/video/7491443364844276997
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