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Três crises globais e o futuro da humanidade



Por João Fortunato (Jornalista, Mestre em Comunicação e Cultura Midiática e especialista em Gestão de Crises e Media Training)

 

Três crises globais ocorrem simultaneamente, e pouco se fala sobre elas com a ênfase necessária. São elas: a mudança climática, a inteligência artificial e as guerras. As duas primeiras, se não forem corretamente compreendidas e enfrentadas com urgência, podem desencadear a terceira em proporções inimagináveis, afetando toda a humanidade.

Medidas de contenção há muito deveriam ter sido tomadas, mas, como de costume, o despertar só acontece após a primeira grande catástrofe. A humanidade tem um histórico de agir apenas quando o desastre já se instalou, mesmo quando todas as formas de vida do planeta estão em risco.

A mudança climática já está aqui e se impôs sem pedir licença. Seus efeitos são cada vez mais devastadores, afetando até mesmo as regiões mais ricas do mundo. Cientistas alertam há anos que a tendência é de agravamento, com temperaturas extremas, tempestades mais intensas e impactos severos na agricultura, nas fontes de água potável e na criação de animais.

As consequências serão dramáticas: insegurança alimentar, migrações em massa e conflitos. Mas para onde irão os desabrigados climáticos? Serão recebidos? Hoje, sabemos que essa resposta, especialmente na Europa, tende a ser negativa. Campos de refugiados já existem em vários países europeus, e as condições de vida nesses locais são precárias.

Se a mudança climática preocupa, a ascensão da inteligência artificial não fica atrás. Os benefícios dessa tecnologia são inegáveis, mas seu potencial também assusta. Para além das aplicações que fascinam o público, como o ChatGPT, a IA já consegue criar soluções inéditas. No xadrez, por exemplo, treinou sozinha e venceu grandes mestres humanos com jogadas nunca antes imaginadas. Em outro caso, analisando milhares de dados, conseguiu desenvolver um antibiótico inovador que não havia sido cogitado por cientistas.

Mas, à medida que a IA avança, também ameaça postos de trabalho. O impacto no mercado de trabalho já começou, ainda que de forma sutil. Na década de 1980, quando os primeiros robôs industriais chegaram ao Brasil, garantiram que substituiriam humanos apenas em funções perigosas. Hoje, a automação domina praticamente todas as áreas da indústria. Com a IA, o impacto pode ser ainda maior. A pergunta não é se empregos serão extintos, mas quantos e com que velocidade.

Conflitos sempre fizeram parte da história da humanidade. A sensação de paz é ilusória, pois as guerras nunca cessaram – apenas se deslocaram para países pobres e regiões distantes dos holofotes. Desde a Segunda Guerra Mundial, não houve confrontos diretos entre potências nucleares ou países do chamado “Primeiro Mundo”.

A guerra entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, poderia ter escalado durante a gestão do ex-presidente americano Joe Biden. Com Donald Trump de volta à Casa Branca, houve uma mudança brusca de postura: os EUA retiraram apoio militar à Ucrânia, o que abalou a confiança da Europa. Trump reforçou seu discurso de que os americanos não devem custear a segurança europeia, deixando os países do continente sozinhos para lidar com sua defesa. Essa reviravolta na política externa pode ter consequências imprevisíveis.

Essas três crises – climática, tecnológica e geopolítica – estão interligadas e desenham um futuro incerto. O que acontecerá quando milhões de famintos e desabrigados chegarem a uma Europa já sobrecarregada por desemprego e instabilidade? Hoje, as restrições a estrangeiros são rígidas; amanhã, podem se tornar ainda mais severas. Poderemos ver intervenções militares tanto na origem quanto no destino dessas populações.

Os efeitos da mudança climática e da inteligência artificial já são visíveis, e as guerras que virão dependerão das decisões tomadas pelos líderes globais nos próximos anos. A ONU, que deveria atuar como um gabinete de crise global, tem se mostrado ineficaz. Suas decisões são ignoradas por países influentes, que priorizam interesses próprios.

O cenário para os próximos anos é preocupante, mas não é o fim da humanidade. O que nos espera são décadas de dificuldades, caso medidas urgentes não sejam adotadas. Será necessário reduzir drasticamente o consumo, repensar a exploração de recursos naturais e abrir mão de certas comodidades. Mas a grande questão é: estamos dispostos a fazer esses sacrifícios?

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