Pantanal, Amazônia, Cerrado, São Paulo e Brasília, além de vários outros locais e biomas apresentam focos de queimadas desde agosto. Grande parte do Brasil arde em chamas e mais de 10 estados respiram a fumaça e a fuligem que esse espalha pelo ar. Parte dela oriunda de eventos naturais (tempestades elétricas que se tornam ignição), parte dela causada por ação humana (cultural ou criminosa, ligada à renovação de pastagem, ao desmatamento e à atividade agropecuária), sendo ambas potencializadas pela pior seca da história (sob os efeitos do El Niño), causada pelas mudanças climáticas que vêm gerando inúmeros eventos climáticos extremos nos últimos anos.
No Rio Grande do Sul, cenário das enchentes em maio, além da fumaça, também registrou a ocorrência da “chuva preta” em setembro, composta por partículas sólidas decorrentes da fuligem, fenômeno que pode ocasionar impactos na saúde de pessoas e animais, além de contaminar as águas dos rios e a biodiversidade. Já na Amazônia, rios estão secando antes do período esperado de estiagem e abaixo do nível da normalidade. No entanto, mesmo com frequência e intensidade cada vez maiores, os impactos parecem não ser o bastante para que ações pragmáticas sejam empreendidas. A atuação lenta e insuficiente por parte dos governos passa a impressão, por vezes, de que as mudanças climáticas e os eventos climáticos extremos passaram a ser considerados naturais e normais.
Em face desse cenário, reitera-se o papel das organizações públicas, privadas e não governamentais, poder público, cidadãos e imprensa para a prevenção, adaptação e resiliência. Para isso, são necessárias políticas públicas amplas e complexas, além de ações imediatas com base na cultura da prevenção; e de longo prazo, levando em conta os princípios da sustentabilidade. Ainda, defende-se o compromisso dos veículos de comunicação na realização de cobertura midiática responsável que, além de informar, suscite o debate profundo das causas e das consequências da crise climática.
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